Autógrafos para Giselda e Ana Paula Medeiros, no Ideal Clube.
terça-feira, 30 de julho de 2013
quinta-feira, 25 de julho de 2013
SALVE O ESCRITOR!
25 de julho - Dia do Escritor.
A ele nossa homenagem neste poema:
O POEMA E A EMOÇÃO
Giselda Medeiros
Não
quero que o poema que escrevo agora
Sacie
a fome do poeta devorador de imagens.
Que
minha palavra, antes que seja poema, mostre pontes,
Indícios,
gestos de mãos a esculpi-lo, sangrando, sofrendo
Por
entre o tremor do abandono dos dedos.
Quero que mostre o
caminho árido das rugas, acelerando-a, ela, a palavra marcada pelo pulsar
vermelho das arritmias,
Injetando sangue nas
células do meu poema.
Ah, como quereria
assistir a esse espetáculo:
emoção versus palavra, em
que não há vencido nem vencedor,
apenas a fusão de todas
as deidades – o verso universal que nos desperte, com seu ritmo de luz, ante o
fascínio da terra, e nos faça ninar, ouvindo a voz náufraga e adormecida
de velhos poetas em suas
canções de água e de espelhos.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
PAPA FRANCISCO PROFERE LINDA HOMILIA EM APARECIDA
Venerados irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs!
Quanta alegria me dá vir à casa de cada brasileiro, o
Santuário de Nossa Senhora Aparecida. No dia seguinte à minha eleição como
Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a nossa
Senhora o meu ministério como sucessor de Pedro. Hoje, eu quis vir aqui para
suplicar à Maria, Nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e
colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano.
Queria dizer-lhes, primeiramente, uma coisa. Neste
santuário, seis anos atrás, quando aqui se realizou a 5ª Conferência Geral do
Episcopado da América Latina e do Caribe, pude dar-me contra pessoalmente de um
fato belíssimo: ver como os bispos --que trabalharam sobre o tema do encontro
com Cristo, discipulado e missão-- eram animados, acompanhados e, em certo
sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar
a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência foi um grande momento de vida de
Igreja. E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu
justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos
romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate
sempre à casa da Mãe e pede: "Mostrai-nos Jesus". É de Maria que se
aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na
esteira de Maria.
Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe
até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e
educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais
e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles
construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para
tal, gostaria de chamar à atenção para três simples posturas: Conservar a
esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria. Conservar a esperança. A segunda leitura da Missa apresenta
uma cena dramática: uma mulher - figura de Maria e da Igreja - sendo perseguida
por um Dragão - o diabo - que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de
morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo (cfr. Ap
12,13ª. 15-16ª). Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas
nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que
sejamos submergidos. Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem
trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe
de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus
caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados! Nunca percamos a esperança!
Nunca deixamos que ela se apague nos nossos corações! O "dragão", o
mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o
mais forte, e Deus é a nossa esperança! É verdade que hoje, mais ou menos todas
as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos
que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o
sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no
coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros.
Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão
positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os
jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da
construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a
sociedade. Eles não precisam de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam
propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a
memória de um povo. Neste Santuário, que faz parte da memória do Brasil,
podemos quase que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade,
perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua
raiz mais profunda na fé crista.
Deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de
esperança - a grande esperança que a fé nos dá - sabe que, mesmo em meio às
dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história deste Santuário serve de
exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas
águas do Rio Parnaíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora
da Conceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera,
tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma
mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos.
Confiemos em Deus! Longe d'Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se
esgota. Se nos aproximamos d'Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece
água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em
vinho novo de amizade com Ele.
Viver na alegria. Queridos amigos, se caminhamos na
esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há
alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria.
O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que
sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na
primeira leitura (cf. Est 5,3). Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um
Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados. O cristão não pode ser
pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto.
Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos
ama, o nosso coração se "incendiará" de tal alegria que contagiará
quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento XVI: <
Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela
abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ela nos pede: "Fazei o que Eles vos disser" (Jo 2,5). Sim, Mãe nossa, nos
comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança,
confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja.
24 de julho de 2013
domingo, 21 de julho de 2013
Aos amigos que estiveram comigo no jantar de adesão, no restaurante Piaf, por ocasião do meu aniversário, quero homenagear com este
CANTO DE AGRADECIMENTO
Deixai-me cantar...
Deixai-me
expressar em versos
a
beleza desta hora, o sorriso da alegria,
no
esplendoroso universo
do
sonho que me alimenta a vida.
Porque
poeta é ser capaz
de
cantar o inacessível,
de
pôr estrelas nas noites mais escuras,
de
traduzir, em rútilos lampejos,
a
imensa dor do mundo, a humana dor,
na
mais esplêndida linguagem: o Amor.
Deixai-me,
então, cantar este momento...
Deixai-me
agradecer com meu humilde verso
a
beleza desta hora,
a
alegria do sorriso
e
esse grande encantamento
da
manifestação do vosso amor!
Assim,
prosseguirei cantando.
Assim,
prosseguirei sonhando
um
sonho estonteantemente belo
como
o mar sob o farol das estrelas.
Assim
cantando, agradeço esta homenagem
Assim
cantando, deixo-vos minha mensagem
A
peregrinar no espaço desta hora
Em
que minha alma de alegria exulta
Na
mais querida e esplêndida emoção!
Giselda Medeiros
17/7/2013
GALERIA DE FOTOS
Com Rosa Firmo, Evan Bessa e Nirvanda Medeiros
Com o casal Bernadete e José Augusto Bezerra
Com os Acadêmicos Regine Limaverde, José Augusto Bezerra e Batista de Lima
Com a amiga Maria Helena Macedo
Com os Acadêmicos Ítalo Gurgel
e Vicente Alencar
Com a poetisa Hermínia Lima
Com o Acadêmico Ednilo Soárez
Com a escritora Tereza Porto
Com a amiga Constança Távora
Com o Acadêmico Ernando Uchoa Lima
Com as amigas Rejane Noronha, Conceição Seabra e Euda
Com o casal Vânia e Batista de Lima
Com Dr. Marcelo Gurgel
Com os amigos Aldo Melo e Dra. Sabrina
Ladeada pelos amigos Vicente Alencar, Maria Helena, Maria do Carmo Fontenelle e pelo casal Vilani e Dr. João de Deus.
A homenagem da Presidente Nirvanda Medeiros
Os agradecimentos
Os parabéns pra você...
A festa dos amigos
terça-feira, 16 de julho de 2013
REGINA BARROS LEAL - CRÔNICA DO DIA
RELATO
Madrugada! Letícia impulsionada pelo desejo de escrever deixa
as mãos digitarem com frenesi. Sua cabeça fervilha de ideias e se apodera do
tempo rememorando fatos, situações. Surgem recordações imprudentes e impudentes
que dão à narrativa o tom do pecado, do proibido, da cobiça camuflada, como se
fossem esconderijos das estreitas ruas de cidades exóticas, de labirintos
intermináveis. Lembra Hades, o deus grego, em seus intermináveis subterrâneos.
Nesse itinerário do não explícito, do invisível, do anônimo, do bizarro,
expressa, à sua maneira, anseios, segredos, subjetividade, subjetivação e
singularidades. Percorre o imaginário encontrando o passado vivido. Materializa-o,
toma forma, ora provisória, lacunar, fragmentada e imprevisível, ora
totalizante, holística e plena.
Deste modo, sua escrita trilha
o caminho da inspiração, da fantasia, do imponderável, das descobertas,
escapando dos desvios que surgem inesperados e das ruelas traiçoeiras da vulgaridade.
Rememorar a vida a encanta e assim ela o faz sem resvalar para um saudosismo
obsessivo. Escrever torna-se um desejo constante, uma atração arrebatadora, uma
curiosidade queimante. Através da narrativa, abre fendas no tempo e caminha
pelos labirintos sedutores da memória, sem aflição. Persiste em sua aventura,
impulsionada pelo desejo de reviver estórias exultantes, fatos simples, pessoas
marcantes, os ternos amores e as paixões proibidas. Ah! As paixões que
estonteiam, marcam a existência e arrebatam sentimentos incógnitos, abismais.
São como brumas densas, penachos de fumaça, bosques virgens, caminhos
desconhecidos, soando, às vezes, como borrascas e ou terremotos súbitos e
devastadores.
Letícia alça voos e, brincando
de fada, transforma sapos em príncipes, burros em cavalos alazões, casebres em
castelos encantados. Narra estórias sobre o cotidiano, chora partidas, relata
episódios e espreita o passado, através do olhar observante do seu
presente. Às vezes, seu coração se avermelha,
sangra com a dor do amigo e se regozija pelo sucesso de pessoas que alcançaram
seus sonhos e cantam a vida.
sábado, 13 de julho de 2013
INSTANTES - Jorge Luís Borges
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima
trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem
poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais
entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e
menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente
cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons
momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos,
não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um
termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se
voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e
continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais
amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela
frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou
morrendo.
sábado, 6 de julho de 2013
FLORBELA ESPANCA - BIOGRAFIA
Mesmo antes de seu nascimento, a vida de Florbela
Espanca já estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum.
Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria
Toscano. Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria se valeu de uma
antiga regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o
marido tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha. Assim,
no dia 8 de dezembro de 1894 nasce Flor Bela Lobo, filha de Antónia da
Conceição Lobo. João Maria ainda teve mais um filho com Antónia, Apeles. Mais
tarde, Antónia abandona João Maria e os filhos passam a conviver com o pai e
sua esposa, que os adotam.
Florbela entra para o curso primário em 1899, passando
a assinar Flor d’Alma da Conceição Espanca. O pai de Florbela foi em 1900 um
dos introdutores do cinematógrafo em Portugal. A mesma paixão pela fotografia o
levará a abrir um estúdio em Évora, despertando na filha a mesma paixão e
tomando-a como modelo favorita, razão pela qual a iconografia de Florbela,
principalmente feita pelo pai, é bastante extensa.
Em 1903, aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida
e a Morte. Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas
mais escusos e melancólicos.
Em 1908 Antônia Conceição, mãe de Florbela, falece.
Florbela então ingressa no Liceu de Évora, onde permanece até 1912, fazendo com
que a família se desloque para essa cidade. Foi uma das primeiras mulheres a
ingressar no curso secundário, fato que não era visto com bons olhos pela sociedade
e pelos professores do Liceu. No ano seguinte casa-se no dia de seus 19 anos
com Alberto Moutinho, colega de estudos.
O casal mora em Redondo até 1915, quando regressa à
Évora devido a dificuldades financeiras. Eles passam a morar na casa de João Maria
Espanca. Sob o olhar complacente de Florbela ele convive abertamente com uma
empregada, divorciando-se da esposa em 1921 para casar-se com Henriqueta de
Almeida, a então empregada.
Voltando a Redondo em 1916, Florbela reúne uma seleção
de sua produção poética de 1915 e inaugura o projeto Trocando Olhares,
coletânea de 88 poemas e três contos. O caderno que deu origem ao projeto
encontra-se na Biblioteca Nacional de Lisboa, contendo uma profusão de poemas,
rabiscos e anotações que seriam mais tarde ponto de partida para duas
antologias, onde os poemas já devidamente esclarecidos e emendados comporão o
Livro de Mágoas e o Livro de Soror Saudade.
Regressando a Évora em 1917 a poetisa completa o 11º
ano do Curso Complementar de Letras, e logo após ingressa na Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa. Após um aborto involuntário, se muda para
Quelfes, onde apresenta os primeiros sinais sérios de neurose. Seu casamento se
desfaz pouco depois.
Em junho de 1919 sai o Livro de Mágoas, que apesar da
poetisa não ser tão famosa faz bastante sucesso, esgotando-se rapidamente. No
mesmo ano passa a viver com Antônio Guimarães, casando-se com ele em 1921. Logo
depois Florbela passa a trabalhar em um novo projeto que a princípio se
chamaria Livro do Nosso Amor ou Claustro de Quimeras. Por fim, torna-se o Livro
de Soror Saudade, publicado em janeiro de 1923.
Após mais um aborto separa-se pela segunda vez, o que
faz com que sua família deixe de falar com ela. Essa situação a abalou muito. O
ex-marido abriu mais tarde em Lisboa uma agência, “Recortes”, que enviava para
os respectivos autores qualquer nota ou artigo sobre ele. O espólio pessoal de
Antônio Guimarães reúne o mais abundante material que foi publicado sobre
Florbela, desde 1945 até 1981, ano do falecimento do ex-marido. Ao todo são 133
recortes.
Em 1925 Florbela casa-se com Mário Lage no civil e no
religioso e passa a morar com ele, inicialmente em Esmoriz e depois na casa dos
pais de Lage em Matosinhos, no Porto.
Passa a colaborar no D. Nuno em Vila Viçosa, no ano de
1927, com os poemas que comporão o Charneca em Flor. Em carta ao diretor do D.
Nuno fala da conclusão de Charneca em Flor, e fala também da preparação de um
livro de contos, provavelmente O Dominó Preto.
No mesmo ano Apeles, irmão de Florbela, falece em um
trágico acidente, fato esse que abalou demais a poetisa. Ela aferra-se à
produção de As Máscaras do Destino, dedicando ao irmão. Mas então Florbela
nunca mais será a mesma, sua doença se agrava bastante após o ocorrido.
Começa a escrever seu Diário de Último Ano em 1930.
Passa a colaborar nas revistas Portugal Feminino e Civilização, trava também
conhecimento com Guido Batelli, que se oferece para publicar Charneca em Flor.
Florbela então revê em Matosinhos as provas do livro, depois de tentar o
suicídio, período em que a neurose se agrava e é diagnosticado um edema
pulmonar.
Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu
Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem
palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário
Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois
frascos de Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são
transportados para Vila Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente
quero”.
FONTES:
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/projtelecolab/tintalusa/
numerodois/tl3.html
http://purl.pt/272/2/index.html
http://www.torre.xrs.net/
terça-feira, 2 de julho de 2013
POEMA DO DIA
INSTABILIDADE
Vês?
Aquela onda a tecer rendas
de espanto,
na areia,
não sou eu.
Eu sou o contorno das
espumas
lavrado como escritura
para o abissal exílio dos
grãos
de areia.
Minha essência
são esses fragmentos de
ausência
retidos na voz dos
náufragos,
no desespero das algas e
corais
afogados.
Entre ti e mim há sombras
que devoram horas,
que extraviam calendários;
há voos que perderam a
estabilidade
e passos esquecidos nas
estradas.
Somos paisagens que se
despedaçam
sob os látegos do tempo.
Em nós, apenas os murmúrios
cegos
de um amor espetado
pelos dedos espinhentos do
destino.
Somos a ânsia dos tardos
andarilhos:
tu, as pegadas, lentas,
irremediavelmente tímidas;
e eu, o porto, a chegada
final,
que espera em vão
o assentamento da âncora
dos teus andarilhos passos.
GISELDA MEDEIROS
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