sábado, 9 de março de 2013

HOMENAGEM À MULHER



MULHER
                                                                         Olavo Bilac
      
                   Na mulher, todas as perfeições da vida universal se contêm.
                   Quando menina, ainda pequenina, já a mulher tem a graça divina, dilúculo de beleza, que deixa adivinhar na claridade indecisa da madrugada o esplendor do dia que não tarda. Depois, na idade da révora, há no seu corpo a harmonia de um hino  triunfal, cântico de seiva em relâmpagos de vida. Depois, é o estio, estação fulgente, em que o feitiço ofusca e cega, sol alto, calor fecundo, apoteose da luz e da força. Depois, é o outono, sazão bendita, em que a mulher de quarenta anos tem a formosura  suave e melancólica dessas tardes longas, em que a luz ansiosa, querendo fugir e querendo ficar, demora-se no céu e na terra, e agarra-se às árvores, às nuvens, com pena de morrer... Depois é o inverno... É a sacrossanta beleza da mulher bela na velhice, uma beleza que parece imaterializar-se, espiritualizar-se sob a névoa dos cabelos brancos...
                   Divino feitiço, abençoado sejas em todas as idades, porque em todas as idades és o maior encanto e o maior consolo dos nossos olhos e das nossas almas.