quinta-feira, 13 de maio de 2010

AFLIÇÃO - Giselda Medeiros



A boca da noite grita
cheia de beijos de estrelas
sobre nossos corpos
engolindo medos.
E aflita
morde nossos desejos.

O sangue que escorre
amarelo
colore os relâmpagos
de nossa alma
que se recolhe
no tumulto dos sonhos
envelhecidos.

Mas o desejo é um lobo, condenado
a mirar-se no lago congelado
do silêncio cristalino,
imóvel pássaro aposentado
de seus voos longínquos.

E a boca da noite grita
aflita
cheia de beijos de estrelas
sobre nossos corpos
lânguidos...


(Tempo das Esperas)