A boca da noite grita
cheia de beijos de estrelas
sobre nossos corpos
engolindo medos.
E aflita
morde nossos desejos.
O sangue que escorre
amarelo
colore os relâmpagos
de nossa alma
que se recolhe
no tumulto dos sonhos
envelhecidos.
Mas o desejo é um lobo, condenado
a mirar-se no lago congelado
do silêncio cristalino,
imóvel pássaro aposentado
de seus voos longínquos.
E a boca da noite grita
aflita
cheia de beijos de estrelas
sobre nossos corpos
lânguidos...
(Tempo das Esperas)