Auta de Souza nasceu em Macaíba, no Rio Grande do Norte, no dia 12 de setembro de 1876.
Era filha de Eloy Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina de Souza, sendo irmã de dois políticos e intelectuais, Henrique Castriciano e Eloy de Souza.
Ficou órfã de mãe, antes de chegar aos 3 anos de idade e, quase dois anos mais tarde, mais perderia também o pai.
Depois da morte dos pais, Auta e os quatro irmãos vão morar em Recife, com os avós maternos, no velho sobrado do Arraial.
Com 10 anos de idade, assiste à morte trágica do irmão Irineu. Era 15 de fevereiro de 1887. O irmão subira ao andar superior do sobrado com uma lamparina de querosene. Houve uma explosão do candeeiro e Irineu foi envolvido e morto pelas chamas.
Estudou no Colégio São Vicente de Paulo, coordenado por religiosas francesas, e no Colégio São Vicente, onde aprendeu o francês, o que lhe possibilitou a leitura no original de Vitor Hugo, Chateaubriand, Fénelon, Lamartine, dentre outros.
Aos 14 anos de idade, surgem os primeiros sinais da tuberculose. A avó Dindinha, após desenganar-se da cura da neta em Recife, retorna com toda a família para Macaíba (RN).
Auta então, abandona os estudos, indo em busca da cura no interior. O avanço da doença obriga-a a buscar cidades do interior de clima mais seco.
Em 20 de junho de 1900, publica O Horto, seu primeiro e único livro de poemas, que foi prefaciado por Olavo Bilac. Foi tamanho o sucesso que, em sessenta dias, a edição esgotara-se.
A tuberculose, no entanto, não arrefece. Aos 24 anos, no dia 7 de fevereiro de 1901, em Natal, morre Auta de Souza.
Nove anos após a morte da poetisa, em 1910, saía a segunda edição, em Paris, com ilustrações artísticas de D. Widhopff. Em 1936, a terceira, no Rio de Janeiro, com prefácio de Alceu de Amoroso Lima.
Na poética de Auta de Souza, observam os críticos um acentuado lirismo e leves traços simbolistas. Temas como a morte e o universo infantil são abundantemente trabalhados.
Segue-se um de seus belos poemas.
terça-feira, 18 de maio de 2010
SAUDADE - AUTA DE SOUZA
Ah! se soubesse quanto sofro e quanto
Longe de ti meu coração padece!
Ah! se soubesses como dói o pranto
Que eternamente de meus olhos desce!
Ah! se soubesses!... Não perguntarias
De onde é que vem esta sombria mágoa
Que traz-me o peito cheio de agonias
E os tristes olhos arrasados d’água!
Querem que a lira de meus versos cante
Mais esperança e menos amargura,
Que fale em noites de luar errante
E não invoque a pobre noite escura.
Mas... como posso eu levar sonhando
A vida inteira n’um anseio infindo,
Se choro mesmo quando estou cantando
Se choro mesmo quando estou sorrindo!
Ouve, ó formosa e doce e imaculada,
Visão gentil de eterna fantasia:
Minh’alma é uma saudade desfolhada
De mãe querida sobre a cova fria.
Ah! minha mãe! Pois tu não sabes, santa,
Que Ela partiu e me deixou no berço?
Desde esse dia a minha lira canta
Toda a saudade que lhe inspira o verso!
Depois que Ela se foi a Mágoa veio
Encher-me o coração de luto e abrolhos.
Eu sofro tanto longe de seu seio,
Eu sofro tanto longe de seus olhos!
Ó minha Eugênia! Estrela abençoada
Que iluminas o horror deste deserto...
De teu afeto a chama consagrada
Lança à minh’alma como um pálio aberto.
Quando beijares teus filhinhos, pensa
O que seria d’eles sem teus beijos;
E, então, compreenderás a dor imensa,
A amargura cruel destes harpejos!
Junta as mãozinhas dos pequenos lírios,
Das criancinhas que tu’alma adora,
E ensina-os a rezar sobre os martírios
E a saudade infinita de quem chora.
Longe de ti meu coração padece!
Ah! se soubesses como dói o pranto
Que eternamente de meus olhos desce!
Ah! se soubesses!... Não perguntarias
De onde é que vem esta sombria mágoa
Que traz-me o peito cheio de agonias
E os tristes olhos arrasados d’água!
Querem que a lira de meus versos cante
Mais esperança e menos amargura,
Que fale em noites de luar errante
E não invoque a pobre noite escura.
Mas... como posso eu levar sonhando
A vida inteira n’um anseio infindo,
Se choro mesmo quando estou cantando
Se choro mesmo quando estou sorrindo!
Ouve, ó formosa e doce e imaculada,
Visão gentil de eterna fantasia:
Minh’alma é uma saudade desfolhada
De mãe querida sobre a cova fria.
Ah! minha mãe! Pois tu não sabes, santa,
Que Ela partiu e me deixou no berço?
Desde esse dia a minha lira canta
Toda a saudade que lhe inspira o verso!
Depois que Ela se foi a Mágoa veio
Encher-me o coração de luto e abrolhos.
Eu sofro tanto longe de seu seio,
Eu sofro tanto longe de seus olhos!
Ó minha Eugênia! Estrela abençoada
Que iluminas o horror deste deserto...
De teu afeto a chama consagrada
Lança à minh’alma como um pálio aberto.
Quando beijares teus filhinhos, pensa
O que seria d’eles sem teus beijos;
E, então, compreenderás a dor imensa,
A amargura cruel destes harpejos!
Junta as mãozinhas dos pequenos lírios,
Das criancinhas que tu’alma adora,
E ensina-os a rezar sobre os martírios
E a saudade infinita de quem chora.
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