AUTOCONTROLE
Às vezes pode aparecer alguém que nos tira do sério...
...provoca, cutuca nossas feridas de uma forma que muitas
vezes nem dá para entender se fez de propósito ou por ingenuidade. São pessoas
que fazem pedidos descabidos,
simplesmente acham que tem mais direito que os demais.
Talvez seja necessário autocontrole para continuarmos
nossa vida sem nos desentendermos com cada uma destas pessoas.
Hoje em dia, para algumas pessoas, a competição pode
ficar cada vez mais intensa, talvez tenhamos que assumir cada vez mais riscos
para conseguir acompanhar. Podem aparecer muitas de coisas para fazer ao mesmo
tempo. Para quem é casado pode existir as exigências do casamento, para quem é
pai ou mãe, são os filhos que podem requisitar no momentos onde não se
esperava, para quem é solteiro pode se fazer necessário equilibrar trabalho,
amigos, as tarefas de casa, família, etc.
Não é difícil imaginar a quantidade de coisas que podem
desequilibrar: um colega tipo “sabichão” que consegue te tirar do serio, aquele chefe critico, um supervisor na
defensiva, um filho sapeca, uma esposa que não colabora, o amigo que só te liga
para falar dele mesmo e nem te pergunta como você está, o parente complicado,
enfim, a lista é gigante.
Nestas situações frases que podemos ouvir são: “Meu chefe
me deixa louco”. “Meus filhos acabam comigo”. “Eu odeio quando... (preencha
como quiser - pode ser um evento, uma tarefa, uma decisão, um prazo, uma crise
ou uma incerteza)".
Muita coisa pode abalar: mudança de carreira, um
divórcio, um casamento , a compra da sua
casa, uma entrevista de emprego, o transito, decisões para tomar, etc.
Não sair do sério?
Imagino se seria possível, ou desejável, não sair do
sério. Alguns podem identificar a necessidade de maior autogerência para lidar
bem com isso tudo. Alguns desejam conhecer formas de não permitir que os fatos
do cotidiano e as pessoas afetem tanto, e assim superar as dificuldades sem
sofrer desnecessariamente.
Onde está o problema?
As pessoas costumam achar que o problema está sempre fora
delas, ou seja, se você se irritou, é porque alguém o ofendeu, se você está
depressiva é porque o outro te deixou assim. Mas eu prefiro analisar o quanto
de responsabilidade cada um teria por seus próprios sentimentos e
comportamentos. O que tira do sério são as dificuldades que te aparecem, as
pessoas difíceis que você tem na sua vida, seus prazos curtos a cumprir, os sabichões,
a irresponsabilidade dos outros? Ou haveria algo interno que também
colaboraria? Talvez a forma como você
lidamos com essa bagagem toda faça diferença. Te convido a pensar se o que te
afeta não seriam as coisas que te acontecem, mas os pensamentos, interpretações
e reações que você tem quando cada uma destas coisas te acontecem?
Quando ocorre um problema, por exemplo no trânsito,
alguém lhe deu uma fechada. A pessoa reage, pode ser que tenha ficado bravo,
perseguiu o outro motorista, brigou com ele, etc. Mas antes de você reagir, de
se alterar, de responder, algo aconteceu automaticamente: você pode ter
percebido, escolhido, analisado, julgado, imaginado. Enfim, tudo isso tem um
mesmo nome, que é: você pensou! Mesmo que esse pensamento seja muito rápido e
você mal o perceba, você precisou dele para sentir raiva ou o ter a reação que
teve, você precisa do pensamento para chegar a algum comportamento. O negocio é
que muitas vezes esse pensamento é tão rápido que você não se dá conta dele,
ele pode ser automático.
Algumas pessoas podem não se dar conta disso, elas dizem:
“Fulano abriu a boca e o sangue me subiu na cabeça”. Aí, parece que o sangue
lhe subiu à cabeça pelo que fulano disse, parece que o sangue lhe subiu a
cabeça porque fulano lhe disse aquilo. Mas o sangue lhe subiu pelo o que você
pensou a respeito do que fulano lhe disse. Você teve que considerar uma ofensa,
então essa fúria surgiu por sua causa, por causa de seus conteúdos mentais e
não diretamente por causa do outro.
Pensamento Catastrófico
Existem alguns modos de pensar quando algo te acontece.
Vou dar um exemplo: O chamado pensamento
catastrófico. Isso significa que a pessoa transforma tudo em algo muito mais
importante do que realmente é. É fácil de reconhecê-los, porque muitos pensamentos
catastróficos começam com a expressão “e se”.
Por exemplo, você está na sala de espera de uma
entrevista de emprego e sua cabeça começa: “E se ele perguntar algo que não sei
responder. E se não gostarem de mim. E se eu não for interessante?”. Essas
perguntas querem dizer que caso alguma dessas coisas aconteça não vai ser só
uma preocupação, vai ser uma catástrofe. Entrando na entrevista com isso na
cabeça você será derrotado, com muita certeza esses pensamentos vão virar uma
profecia que se auto realiza.
Quantas vezes
entramos em pânico por coisas que, quando realmente aconteceram, vimos
que não eram tão ruins assim? Por
exemplo, a pessoa que não abre o resultado do exame pois surgem pensamentos com
medo de ter uma doença tão grave que o médico vai lhe dar só alguns dias de
vida, mas quando finalmente ele tem coragem e abrir percebe que não tem doença
nenhuma, ou aquela pessoa que começa um emprego achando que não vai conseguir
aprender as funções, mas dali a alguns dias já está muito bem no serviço.
O Pensamento Absolutista
Os pensamentos absolutistas aparecem quando pensamos em
termos de “eu devo”, “eu tenho que”, “eu
preciso”, “eu deveria”. “Eu deveria ter dito tal coisa”. “Eu tenho de ser mais
organizado”. Todos nós podemos fazer isso algumas vezes. O problema aparece
quando exageramos na autocrítica.
Pensamos que deveríamos ser mais sérios, mais alegres,
mais maduros ou nunca envelhecer.
O Pensamento de Racionalização
Eu considero que raciocinar é uma coisa, racionalizar é
diferente. Raciocinar é entender as coisas como elas são. Racionalizar é negar
os sentimentos.
Exemplo: você tem um filho difícil, ele te dá muito
trabalho. Dizer que você não está nem aí para ele é racionalizar. Dizer “chega,
eu não ligo, se ele quer arruinar a própria vida o problema é dele”, pode não
ser verdade. Em outro exemplo de
racionalização, a pessoa é tão tímida, com uma dificuldade enorme em se
relacionar com pessoas. E o que ela faz? Diz que não está nem aí para os
outros, diz que prefere mesmo viver sozinha, comer sozinha, ir ao cinema
sozinha, ou nem sai de casa, diz que prefere ficar vendo Faustão do que ir ao
clube.
O Pensamento das Preferências Realistas
Este tipo de pensamento costuma ajudar às pessoas que
desejam autocontrole. Exemplo: “eu se
sentiria melhor se...“, “eu gostaria de...”, “eu preferiria que...”, “seria
melhor se...”.
Para explicar melhor vou dar um exemplo de um professor.
Em seu primeiro dia de aula ele passou pelos três tipo de pensamentos
enlouquecedores. Primeiro os catastróficos. “E se minha aula for horrível”? “E
se os alunos morrerem de tédio”? “E se fizerem uma pergunta que eu não sei
responder”? “E se todo mundo for embora no meio da aula”?
Aí ele passou para a fase da autocrítica: “Eu deveria ter
capacidade para dar uma excelente aula, mesmo sendo a primeira aula da minha
vida. Minha mãe tinha razão, eu sou um idiota mesmo. Nunca vou ser nada na
vida”. Em seguida, as racionalizações. “E daí, nem me importo. Se eles não
gostarem da minha aula, significa que são burros demais para entender minha
capacidade. Se eles não sabem apreciar o que tenho a oferecer, o problema
deles”.
Eu considero possível aprender a usar o pensamento na
forma de preferências. Vejam bem que isso não é usar pensamento positivo. Eu
não quero que ninguém fique rezando mentiras bonitas para si mesmo. O que eu
quero são pessoas trabalhando pela capacidade de superar as dificuldades da
vida.
Bem quando este professor conseguiu colocar a coisa em
termos de preferências realistas, a sua visão referente às suas primeiras aulas
ficaram assim: “Eu gostaria que esta turma gostasse de mim e de minhas aulas.
Gostaria que respeitassem o que tenho a dizer. Se não for assim, será uma pena,
mas não será horrível, a não ser que eu assim o determine”, “Gostaria de
responder de forma brilhante a cada pergunta, mas, se não der, posso aguentar sem me criticar”.
O pensamento realista não garante que tudo vai dar certo,
mas eu acredito que vale a pena tentar, tentar e se corrigir e aprender a cada
tentativa.
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*O material deste site é informativo, não substitui a
terapia ou psicoterapia oferecida por um psicólogo
Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5