João Gomes
da Silveira
A pé, vencendo o tosco calçamento,
um sacerdote veste-se em batina.
Vai indo para o seu fuzilamento,
que Portugal ditou-lhe a dura sina.
O Padre Mororó*, de fronte erguida,
caminha à frente da cavalaria,
sabendo já que vai doar a vida
por causas libertárias que nutria.
Do baobá ao tronco, junto ao Forte,
bem no centro da Fortaleza antiga,
o heroico padre vai colher a morte.
Revel, do Frei Caneca companheiro,
o cearense a mão no peito instiga
e as balas o estraçalham por inteiro.
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(*) Gonçalo
Inácio de Loiola Albuquerque Melo, o “Padre Mororó”, era simpático à Confederação
do Equador. A mando da Coroa de Portugal, foi morto a tiros de arcabuz, aos
30 de abril de 1825, no centro da Capital cearense, atual Praça dos Mártires,
ou “Passeio Público”.