Segundo uma sabedoria oriental, a
vida é um rio, cujo curso não podemos deter. Acredito, pessoalmente, que
devemos ter serenidade suficiente para aceitar o que não podemos modificar, e
que o projeto de vida (no plano pessoal) compreende a afirmação (e a
confirmação) da energia vital que se interpõe em nossa existência e que nos
convida para o exercício maduro da beleza. A vida, em essência, é isto:
movimento, desvelo da liberdade pessoal, decisão e persistência nas rotas do
caminho.
Assumo, nesse texto, diante do teu
coração e da tua alma, a minha decisão de te amar, de te buscar, de te assumir
como a miragem e o grande projeto de fé, amor e esperança que nos cabe viver a
partir de agora. Nada tenho para te oferecer senão o meu amor, a minha atenção,
a minha proteção e o meu cuidado diuturnos. Entrego-te também a minha carne, o
meu sangue, o meu coração e a minha língua. E em te amando assim de forma tão
terna e transparente, sei que nada tenho a perder e tudo tenho a ganhar.
Recebo-te como uma graça e também
como um prêmio que Deus me entregou como prolongamento da minha vida
(afortunada e útil) e para testemunho da minha fé e da minha eternidade.
Tudo o que tenho será teu a partir de
agora. E tudo o que tens eu anseio e quero para mim, essencialmente como forma
de aliviar aquilo que em ti constitui sensação de peso e desconforto. Os teus
limites, as tuas fraquezas, a tua imperfeição e a tua queda serão para mim
sementes de vitória. E tão valioso será tudo isso quanto aquilo que já é o
sinal da tua grandeza e da tua beleza interior: a ternura, o afeto maior, a
autonomia de sentir, a decisão de viver, a indestrutível capacidade de amar e
de exercitar o ato de entrega: pleno, total, maduro, incondicionado.
A nossa experiência, a nossa comunhão, a nossa identidade, bela e
totalmente translúcida, tal a verdade na face do espelho, dizem de perto a
respeito de tudo o que nos cabe e de tudo o que nos foi reservado.
Não há o que temer. Não há o que duvidar. Os desafios são muitos. As
tentações, mais cedo ou mais tarde, chegarão. As dores, ainda que atenuadas,
irão persistir. A minha convicção, porém, é que o amor é tudo e que o amor é a
única coisa real. Eu te amo, aceito o teu amor e estou convencido de que vamos
nos amar da forma mais harmônica possível, da forma mais pura e sincera, da
forma mais absoluta e fiel, até onde for possível transcender, até onde for
possível chegar, pois o nosso rio já começa a correr: nos nossos corações e nas
nossas bocas.