sábado, 5 de janeiro de 2013

CARTA DE DIMAS À LÚCIA - uma das mais belas cartas de amor

Lúcia,
Segundo uma sabedoria oriental, a vida é um rio, cujo curso não podemos deter. Acredito, pessoalmente, que devemos ter serenidade suficiente para aceitar o que não podemos modificar, e que o projeto de vida (no plano pessoal) compreende a afirmação (e a confirmação) da energia vital que se interpõe em nossa existência e que nos convida para o exercício maduro da beleza. A vida, em essência, é isto: movimento, desvelo da liberdade pessoal, decisão e persistência nas rotas do caminho.

Assumo, nesse texto, diante do teu coração e da tua alma, a minha decisão de te amar, de te buscar, de te assumir como a miragem e o grande projeto de fé, amor e esperança que nos cabe viver a partir de agora. Nada tenho para te oferecer senão o meu amor, a minha atenção, a minha proteção e o meu cuidado diuturnos. Entrego-te também a minha carne, o meu sangue, o meu coração e a minha língua. E em te amando assim de forma tão terna e transparente, sei que nada tenho a perder e tudo tenho a ganhar.

Recebo-te como uma graça e também como um prêmio que Deus me entregou como prolongamento da minha vida (afortunada e útil) e para testemunho da minha fé e da minha eternidade.

Tudo o que tenho será teu a partir de agora. E tudo o que tens eu anseio e quero para mim, essencialmente como forma de aliviar aquilo que em ti constitui sensação de peso e desconforto. Os teus limites, as tuas fraquezas, a tua imperfeição e a tua queda serão para mim sementes de vitória. E tão valioso será tudo isso quanto aquilo que já é o sinal da tua grandeza e da tua beleza interior: a ternura, o afeto maior, a autonomia de sentir, a decisão de viver, a indestrutível capacidade de amar e de exercitar o ato de entrega: pleno, total, maduro, incondicionado.

A nossa experiência, a nossa comunhão, a nossa identidade, bela e totalmente translúcida, tal a verdade na face do espelho, dizem de perto a respeito de tudo o que nos cabe e de tudo o que nos foi reservado.

Não há o que temer. Não há o que duvidar. Os desafios são muitos. As tentações, mais cedo ou mais tarde, chegarão. As dores, ainda que atenuadas, irão persistir. A minha convicção, porém, é que o amor é tudo e que o amor é a única coisa real. Eu te amo, aceito o teu amor e estou convencido de que vamos nos amar da forma mais harmônica possível, da forma mais pura e sincera, da forma mais absoluta e fiel, até onde for possível transcender, até onde for possível chegar, pois o nosso rio já começa a correr: nos nossos corações e nas nossas bocas.