Sou teu soldado-clarim. ... Tens o segredo milenar da fonte. E sei que estás, imensamente, em mim como a linha do azul em cima do horizonte. Teu jogral e andarilho, vejo a tarde a descer de teu cabelo tocando a solidão do tombadilho à luz do Sete-Estrelo. De repente, qual se a força do vinho me tomasse, percebi-te na árvore em que nasce a tâmara da vida. E encontro em teu olhar minha nave perdida. Nesse olhar de albores e flamboyants, guardando os resedás e os rios das manhãs! Quanto o esperei, desde longínquas datas, mas as cousas me foram bem ingratas passando por mim quais fantasmas num espelho. Então, como num Canto de endormir criança, chegaste com leveza de esperança e ficaste em mim - ó vilancete de luz ouvido num jardim, - ó chuvas de infância cantando sobre as telhas, despertando o balir alegre das ovelhas!
Ai, com tua escada de estrelas me salvaste de frios iatagãs Com teu jeito de lã no inverno me amaste. E vi a teus pés rosas e avelãs. E eu, com velhas mágoas como domicílio, ficando junto a ti, não morrerei no exílio.