Postas sobre o silêncio da mesa,
nossas mãos são como pássaros
querendo bicar o azul de um sonho adormecido.
A melodia do ar açoita-lhes as plumas,
macios desejos de voar.
Qual pássaro, tua mão pousa sobre a minha
e grita o silêncio que há em mim.
E eu querendo dizer-te da beleza das auroras...
Mas meu lábio mudo geme fagulhas de palavras,
para a lavratura do incêndio iminente.
De súbito, elas se erguem imantadas
e, atraídas, nossas mãos se juntam,
ajustam-se entrelaçadas.
Como pálpebras, vão-se fechando, lentamente,
conchas silentes,
na agonia do instante entre o gesto e o olhar
suspensos na palavra que não é dita,
mas sentida,
nos fragmentos dos espelhos
de nossa memória.
Então, trêmulas, uma na outra,
atiçam-nos as vértebras, músculos e nervos,
e sangram desejos
na geometria de nossos dedos unidos.
nossas mãos são como pássaros
querendo bicar o azul de um sonho adormecido.
A melodia do ar açoita-lhes as plumas,
macios desejos de voar.
Qual pássaro, tua mão pousa sobre a minha
e grita o silêncio que há em mim.
E eu querendo dizer-te da beleza das auroras...
Mas meu lábio mudo geme fagulhas de palavras,
para a lavratura do incêndio iminente.
De súbito, elas se erguem imantadas
e, atraídas, nossas mãos se juntam,
ajustam-se entrelaçadas.
Como pálpebras, vão-se fechando, lentamente,
conchas silentes,
na agonia do instante entre o gesto e o olhar
suspensos na palavra que não é dita,
mas sentida,
nos fragmentos dos espelhos
de nossa memória.
Então, trêmulas, uma na outra,
atiçam-nos as vértebras, músculos e nervos,
e sangram desejos
na geometria de nossos dedos unidos.