Gostaria de iniciar destacando a grande alegria
que senti pelo convite que me foi feito para apresentar a obra DOCÊNCIA:
SABERES E PRÁTICAS, organizada
por Francisco Ari de Andrade, Alba Patrícia Passos de Sousa e Dayana Silva de
Oliveira. O livro apresenta aos leitores do mundo acadêmico e amantes dos
assuntos educacionais, um acervo muito interessante de artigos científicos que
abordam a docência em sua dimensão teórico-prática.
Essa especificidade da obra remete-me
ao pensamento de Adolfo Vasquez,
o qual assevera que “A teoria em si não transforma o mundo”. Tal assertiva nos
leva a refletir sobre a necessidade da ação e da existência do homem como ser
ativo dotado de intenções reais e efetivas para desencadear a verdadeira
transformação no mundo. É certo que o papel da teoria é de servir como
embasamento, como pano de fundo em que se efetiva a prática. Sem a assimilação
da teoria, a prática pode resumir-se em atividades anacrônicas e
assistemáticas, não contribuindo significativamente para a real transformação
da realidade.
A ontologia de Heidegger esclarece
que estamos no mundo, e o mundo é mais velho que nós, e que somos capazes de
dar sentido a ele, conhecê-lo e transformá-lo. É nessa lógica que entendemos o
propósito dessa coletânea, que se oferece ao leitor para potencializar seus
conhecimentos acerca da busca da essência do Ser professor como alguém que,
transformando o outro, transforma-se a si mesmo.
O livro compõe-se de um volume com
326 páginas, graficamente bem apresentadas com editoração da CRV Editora, ano
2017. O conteúdo traz 23 artigos de professores e pesquisadores da UFC e de
outras Instituições de Ensino Superior brasileiras, estudantes de graduação e
de pós-graduação da UFC e professores da rede pública do Ceará e de outros
estados. Apesar da ampla diversidade de perfis dos autores e da abordagem da
docência nas mais variadas áreas do conhecimento, os artigos apresentam uma característica
comum: a tônica do alinhamento teórico-prático na essência de cada texto.
Ao longo da leitura, o leitor
encontrará reflexões sobre a interação entre a educação formal e a não formal,
sobre formação de professores, evasão escolar, gestão do estágio
supervisionado, juventude, currículo, educação inclusiva e educação para o
desenvolvimento sustentável, além de um amplo acervo de artigos que tratam de
reflexões teórico-práticas na educação infantil e no ensino fundamental com
destaque para as áreas da Língua Portuguesa, Matemática, História, Ciências,
Música e Religião.
Na discussão dessas temáticas, os autores
buscam reforçar que a prática docente deve ser essencialmente pedagógica. De
acordo com Libanêo, “[...] o que define algo – um conceito, uma ação, uma
prática como pedagógico é a direção de sentido, o rumo que se dá às
práticas educativas”. Assim, o que vai, então, orientar a prática docente é a Pedagogia,
a qual está bem definida nas palavras de Gaston Mialaret como “[...] uma
reflexão sobre as finalidades da educação e uma análise objetiva de suas
condições de existência e de funcionamento”.
A Pedagogia, assim entendida, é,
portanto, a teoria norteadora da prática educativa. Dessa forma, a prática docente deve estar
orientada por uma teoria que possibilite aos alunos, mediante suas próprias
forças intelectuais e práticas, o domínio de conhecimentos, habilidades e
convicções, com o objetivo de promover uma leitura crítica da realidade. Desse
modo, a docência se efetiva adequadamente quando tem uma pedagogia que orienta a
prática para uma direção definida. Esse é um aspecto bastante presente nos
artigos desta obra.
Na mesma direção dos teóricos
contemporâneos, os quais recomendam que se eduque para a criticidade e a autonomia,
está a essência de cada trabalho que compõe o livro. Libâneo recomenda que o
trabalho docente na abordagem dos conteúdos deva ser conduzido de forma que “[...]
auxilie os alunos no domínio sólido e duradouro dos conhecimentos, levando-os a
ter pensamento autônomo, coragem de duvidar e interrogar a realidade e
capacidade de dar respostas criativas a problemas práticos”.
A ação docente, vista por este
ângulo, remete ao seu caráter intencional e à reflexividade que é bem definida por
Pérez Gómez como “a capacidade de voltar sobre si mesmo [...], de utilizar o
conhecimento à medida que vai sendo produzido, para enriquecer e modificar não
somente a realidade e suas representações, mas também as próprias intenções e o
próprio processo de conhecer”.
É assim, no intuito de provocar
essas reflexões no leitor, que a presente obra se mostra ao público! Desfrutemos,
pois, sua leitura!
Muito obrigada!
Ana Paula de Medeiros Ribeiro
Faculdade de Educação – FACED/UFC
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