ÂNFORA DE SOL
Na
sala
a Ânfora
cheia de sol...
Imponente,
ao olhar de anjos,
esparge
no ar
cheiros
dourados
embebidos
de lúcida liberdade.
E o meu
olfato cego
enche-se
do sal cheiroso
de suas
entranhas.
Meus
chinelos rotos, à porta,
denunciam
reverência
à Ânfora
imóvel, resplendendo em sol.
Ao
contemplá-la,
em sua
altivez etérea,
meus
olhos vestidos do cansaço humano
transfiguram-se
em centelhas,
cativos
de seu encantamento,
ametistas
em noite de núpcias.
E ela
ali, imóvel, cheia de Sol,
Poesia
no ar, em asas,
planando
sobre minha inutilidade...
Aí,
então, desferi meu grito
angustiado
qual um
punhal,
e
renasci, na aflição de minhas cinzas,
qual
fora fria gota cristalina
de
orvalho
a
deslizar sobre a pétala da saudade.