Lua Minguante
Lila Xavier
O amor que inundava
minh’alma
Minguou, como se a
mordida
Do dragão que habita a
Lua
Tivesse arrancado sua
Parte mais doce, mais
brilhante.
Nesse ínterim,
São Jorge em seu cavalo
branco
Arteiro, dispensava as
esporas
Numa luta desigual com o
dragão
Roubador do it da Lua
Do seu brilho
incandescente
Que minguava, carente de
amor.
Meu olhar ficava preso ao
firmamento
Preso à Lua e a seu
encanto
Encanto que prende os
poetas
À melancolia de seus
perdidos amores
E a Lua, forte e sem
esforço
Resistia bravamente.
E o amor que minh’alma
Alimentava com seu brilho
cada vez mais opaco
Ia-se embora definhando
Engolido pelo dragão que
Jorge não aplacava
E ficava mais voraz à
medida que, parte da Lua, engolia.
Meu olhar inda preso ao
meu amor
Que, distantemente, se
desenhava
Ia de saudade me
inundando
E arrebatando-me para a
fúria do dragão
Que ateava fogo e feria
meu coração
Marcando a forma da Lua
Que minguava
Perdendo o brilho
incandescente
Que refletia a minha
sombra
Sob o luar.
E lá estava São Jorge
perdendo a batalha
E eu... a esperança... do
meu amor encontrar
E sob o clarão, não mais
tão claro, assim
Eu via o dragão que
engolia a Lua
E o seu doce brilho
minguante.
Quisera eu que minh’alma
Fizesse resplandecer o
brilho que
Perdeu-se da Lua que
minguava,
Vomitado pela força
hercúlea
Do dragão empanzinado.
De volta, eu queria
O brilho do amor que
minguou
E que sob o luar me
enchia de inspiração
Porque era inundado pelo
brilho da Lua Cheia.