Vejo-te no ar
átomos de fantasia
da distante ausência invisível.
Vejo-te na névoa
cambraia cinza
tecida pelas mãos de solidões gritantes.
Vejo-te latejante
no coração do mundo,
este armarinho de vivências incontidas
vermelho-sangue de ilusões e de ânsias.
Vejo-te no borbulhar da vida,
cadeia de pálidas emoções,
onde a tudo fere a lâmina do tempo.
E por ver-te assim
em tudo o que me cerca
é que te sinto estranha possessão:
o mito, o deus, o homem, o santo,
o espaço e a estrela
onde me perco
no imensurável caos de sonhos perdidos.
(Cantos Circunstanciais)