segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

UM SONETO DE GISELDA MEDEIROS



QUISERA...
Giselda Medeiros


Quisera que esse olhar silencioso, 
olhar de neve sobre a madrugada,
pudesse penetrar, ah, com que gozo,
esta minha alma triste, abandonada!

O teu olhar, amor, círio luzente,
quisera vê-lo arder, todas as horas,
na noite silenciosa e languescente
do meu olhar de chuva e de demoras.

Assim, tu poderias entender
a solidão da luz nas galerias
e a tristeza que vem do entardecer.

Assim, amor, também, entenderias
que o beijo ansiado, aquele que mais queres,
só eu tenho entre todas as mulheres! 
(in: Ânfora de Sol)