Quisera que esse olhar silencioso,
olhar de neve sobre a madrugada,
pudesse
penetrar, ah, com que gozo,
esta
minha alma triste, abandonada!
O
teu olhar, amor, círio luzente,
quisera
vê-lo arder, todas as horas,
na
noite silenciosa e languescente
do
meu olhar de chuva e de demoras.
Assim,
tu poderias entender
a
solidão da luz nas galerias
e
a tristeza que vem do entardecer.
Assim,
amor, também, entenderias
que
o beijo ansiado, aquele que mais queres,
só
eu tenho entre todas as mulheres!
(do livro "Ânfora de Sol)