O vento assobia na fresta da janela noturna
Como todo vento em toda janela
Que só existe à noite
Mas há ventos de notícias
Que assobiam nas frestas da alma
Só uma vez
Ventos fatídicos, sem retorno
Ventos tortos emoldurados em suas togas magistrais
São ventos de caminho
Intolerantes à dúvida, à dádiva
Reiteram a intolerância e desrespeito
À divida consigo mesmo,
Eu, que sou seu objeto de ação
Seu solo seco e pedregoso
Onde a semente não germina,
Talvez o árido e ardido vácuo
Onde não haja razões para existir
Somente o ar frio e irrespirável e confuso relutante em ser frio
Não sei mais de horas
De auroras, outrora vagas
Mas supostamente presentes
Sei de dilúvios e de seca
De prepotência e dos humilhados
Sei dos devaneios e dos sonhos impróprios
Das melodias desafinadas, meio tom acima, muitos tons abaixo
Sei apenas de ventos que assobiam,
Avisam e se vão.