POEMA DE SÁBADO
Minhas paixões adormecem
em travesseiros de pedras
que guardam soluços noturnos
de frias madrugadas.
Lençóis de linho cobrem minhas culpas
que se remexem e se agitam
em maremotos dentro de mim.
No leito de espinhos
mastigo areias
e degusto o sangue do crepúsculo.
Minhas dores são coisas minhas
únicas
secretas
legítimas
Mas quando ele vem
sacode minhas paixões
retira-as das pedras
e elas se alentam
se fantasiam
de máscaras que mostram sorrisos
Minhas paixões ficam à mercê do tempo
Um tempo marcado
Inóspito
Ficam pálidos e estáticos
meus sorrisos
porque ele não fica
ele sempre se vai
como o vento
efêmero
que passa pelos telhados.
Ana Paula Medeiros
(Da Academia Cearense da
Língua Portuguesa - ACLP)