domingo, 14 de fevereiro de 2010

GAIVOTA - Giselda Medeiros



Teu vulto
na noite
desenha sombras
e arabescos
de saudade.

Teu vulto
na noite
desperta o uivar
de um lobo faminto
de desejos.

Teu vulto
na noite
acende chamas
e borda reflexos
em meus espelhos.

Teu vulto
na noite
arde na pupila
do meu tempo
em cio constante
de mar
e de gaivota.

O QUE HÁ DE VIR - Giselda Medeiros



Aquele que há de vir ao meu encontro
deve trazer nas mãos o orvalho da manhã
para untar meus olhos de neblina.

Aquele que há de vir ao meu encontro
não há de ser nenhum deus e nenhum santo;
não será nem sol nem rei nem anjo.

Aquele que há de vir que seja apenas
um homem, simplesmente um homem pleno
de auroras, e de noites, e de céu,
de um céu azul, sem nuvens e tão limpo
que nele tatuemos nossos rastros.

Ó tempo, tu que vais indiferente
a tudo que meu peito cala e sente,
dize-me onde está aquele que há
de vir a mim cantando, simplesmente,
simples cantigas de embalar o amor,
simples cantigas de espantar a dor,
simples cantigas para eu sonhar

MINIPOEMA - GISELDA MEDEIROS


Assim como um grito,
teus dedos alongaram-se
sobre as minhas dunas...
E houve festa
no silêncio das areias.