sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

APONTAMENTOS SOBRE A TROVA - ZENAIDE BRAGA MARÇAL



Apontamentos sobre a Trova
(Palestra proferida na Academia Cearense de Médicos Escritores)


  Segundo Artur Eduardo Benevides, saudoso Príncipe dos Poetas Cearenses, “na taxonomia poética trova é poesia lírica, com normas preestabelecidas e que não devem ser alteradas; vem de fontes eruditas e medievais. (...) Parece ter havido um consenso tácito sobre a consagração dos quatro versos de sete sílabas, o que deixa a trova mais forte. Ao longo do tempo foi ficando mais popular, mas não é subliteratura. Pede simplicidade, beleza e poesia. Se for muito literária, torna-se artificial”.

A Trova, quanto ao seu tamanho, inspirou muitos trovadores:

  De Ferreira Nobre:                                       
“A trova, segundo a norma                       
 da mais sábia experiência,                                              
é pequenina na forma,                                 
porém gigante na essência.”                       

De Batista Soares
“Num simples verso se prova
este mistério profundo:
na pequenez de uma trova
cabe a grandeza do mundo!...”
  
Agora vejamos algumas normas a serem observadas pelos que compõem trovas.  Estudemos as trovas seguintes:

No sertão, se a noite desce ___1° verso (A)          
e cobre o verdor dos campos,_2° verso ( B)          
a beleza permanece ________ 3° verso (A)          
no piscar dos pirilampos. ___ 4° verso ( B)          

Quando vejo teu sorriso       (A)
iluminando teu rosto            (B)
esqueço qualquer desgosto   (B)
e  antevejo o Paraíso...          (A)

Vejamos:
1 - A trova tem quatro versos (linhas);
2- Tem 7 sílabas poéticas por verso;
3- Tem rima;
4- Tem um tema – assunto principal contido na trova – (palavra)
5- Tem sentido completo.

Observemos:

 2-   A contagem das sílabas poéticas é diferente da das sílabas gramaticais.
Na metrificação poética, quando acontece o encontro de duas ou mais vogais, estas se unem formando uma só sílaba. Também precisamos saber que no verso não se contam as sílabas que vierem depois da última sílaba forte (tônica).

Ex: Noser/tão, /seanoi/tedes/ce, (contagem gramatical: 9 sílabas)
      Noser/tão, /se anoi/tedes/ce,  (contagem poética: 7 sílabas)
      E /co/bre/ over/dor/dos/cam/pos (9 sílabas)
      E / cobre o/ verdordoscam/pos (7 sílabas)

3 – Rima é igualdade de sons no final de dois ou mais versos.

Na trova acima,  desce - rima com permanece –1° e 3° versos.
                           Campos - rima com pirilampos - 2° e 4° versos. 

Disposição das rimas: ABAB, ABBA, ABCB, etc. A forma ABAB é a mais usada e aceita pela UBT- União brasileira de Trovadores, principalmente em concursos.

Exemplo de rimas de escrita diferente e sons iguais:

Sorrateiro, sem fumaça,                                 
Arrasador, inclemente,                                   
É aquele fogo que passa                                 
queimando os sonhos da gente!                     
   (Neide Rocha Portugal – PR)                           

Que eu te esqueça não me peças...
Não me obrigues a fingir
e a fazer falsas promessas
que jamais irei cumprir...
  ( Marina Bruna- SP)

4 – O tema neste caso é beleza  (dos campos).

5 – Tem sentido completo, isto é, a permanência da beleza nos campos apesar do escuro da noite.

Exemplo de trova com assunto incompleto e rima desigual:

Eu sinto ser trovadora                            
a cada hora bendita;                                 
a toda flor que descora,                            
choro com ela a desdita.                          
              ( D.N.Castro - SP)                               

Para revelar a beleza, a Trova tem como fator primordial a Poesia; não necessita de palavras rebuscadas, de difícil compreensão. O que importa é que possamos acomodar aquilo que desejamos exprimir nos limites um tanto apertados que a Trova nos oferece. Temos que captar o seu sentido como nesta trova que é uma das primeiras que fiz:

A trova é tão pequenina...
mas venço seu desafio:
dentro dela, na surdina,
sofro, choro, canto e rio!

A Trova transmite o amor, o riso, o pranto, enfim, o nosso jeito de pensar e, segundo o que expressa, tem várias classificações:
Lírica, Filosófica, Educativa, Humorística, Satírica, etc.

Não devemos complicar estudando logo no início todas as normas para a composição de uma trova perfeita. O que aqui foi explicado é suficiente para o trovador iniciante.

Algumas recomendações:

- Não é aconselhável fazer trovas de improviso.

- Antes de tudo, escolha um tema; anote possíveis rimas; tenha em mente a simplicidade; faça várias trovas sob o mesmo tema  e escolha a melhor.

Ex: Diante do tema – Perdão – fiz inicialmente duas trovas:

1-    Quero esquecer as ofensas,     
quero dar-te o meu perdão.            
É mais difícil que pensas               
perdoar de coração.                       

2 – Quem não sabe perdoar
não merece ter perdão;
é bom parar e pensar
em perdoar seu irmão...

Olhei as trovas e refleti que elas poderiam ter um pouco mais de poesia e talvez um melhor vocabulário. Assim, formulei mais duas trovas, tendo escolhido esta que mostro agora:

      O perdão é tão sublime
      que, por mais que a ofensa doa,
      põe uma paz que redime
      o coração que perdoa.

Alguns exemplos de trovas quanto à classificação:

Filosófica                                                                 
Saudade, tear sutil                                                  
que não se vê, mas se sente                                    
tecendo com fios mil                                               
o passado no presente.                                             
            Luiz G. de Arruda   
                                                   
Educativa
Sê como o mar, grandioso,
cujo esplendor estonteia,
mas, humilde e generoso,
vem bordar rendas na areia!
                 Giselda Medeiros

Lírica                                                                               
Daquele amor do passado                                      
Tu não escutas o grito                                            
Mas, o destino é traçado                                       
E eu te espero no Infinito.                                       
             César Coelho                                                         

Humorística
Uma mulata fogosa
mais quente que dez fogueiras
deixa a galera nervosa
ao balançar as cadeiras.
             Moreira Lopes

A Trova e os Trovadores

                              Canto meu canto de Amor,
                              Canto meu canto de Paz,
                              É próprio do Trovador
                              Pôr no verso o que lhe apraz...

Trovador: 

1- Designação dos poetas líricos dos séculos XII e XIII, que se expressavam na chamada língua d’Oc, falada no sul da França, especialmente na Provença. 

2- Designação dos poetas líricos portugueses que nos últimos séculos da Idade Média seguiam o estilo dos poetas provençais.

     Sabemos que na I. M. apenas os clérigos e alguns nobres tinham acesso à cultura, ao estudo das letras, e havia mesmo reis que não sabiam ler ou escrever. Os livros eram escritos à mão e, por isto mesmo, peças raras e de alto custo. A poesia era ligada à música. Os poetas cantavam seus poemas ao som de instrumentos musicais e tinham sempre como tema as Canções de Gesta – que eram poemas épicos, isto é, narrativas de feitos heróicos, das lutas sangrentas muito comuns na realidade daqueles tempos.

     No ano de 1096, Guilherme IX, Duque de Aquitânia e Conde de Poitiers, que era um dos poderosos da época, um homem cortês, sabia fazer versos, porém era reconhecidamente conquistador de mulheres. Procurando achar uma forma de chegar aos seus corações, encontrou, criando um poema onde falava de amor, da sinceridade do sentimento amoroso e da sua intensidade.  Esta forma de poema passou a ser chamada “Le trobar” na língua d’Oc que correspondia em francês ao verbo “trouver”, encontrar.  Daí, os que cantavam o “trobar”  - o Canto de Amor – passaram a ser chamados “troubadours”, isto é, aqueles que acham.

     Assim, Guilherme IX fez o primeiro  “canto cortês”, que falava de amor, na maioria das vezes de amores impossíveis, o que fazia eco nos corações apaixonados, enchendo de animação as noites nos castelos da chamada “idade das trevas”.

    Nasceu, então, a Cantiga Trovadoresca que representou o despertar da cultura leiga, desvinculada da cultura teocêntrica imposta pela Igreja.

     Hoje Guilherme IX é considerado o primeiro Trovador e o mais antigo poeta da língua d’Oc, a língua falada na Aquitânia, região que passou a pertencer à França, na região Sul, a Provença.  Na região norte, onde era falada a língua d’Oil,  os poetas  eram denominados “Trouveres”.  A Língua Romana, que era o latim vulgar falado pelo povo, originou  algumas formas regionais de falar, as quais, com o tempo, deram origem às chamadas línguas neolatinas – Português, Francês, Italiano e Espanhol.

     Não podemos desconhecer a figura de Aliénor de Aquitânia, neta e herdeira de Guilherme IX, que introduziu na Corte do reino da França quando Rainha de Luís VII e, também, na do reino da Inglaterra,quando Rainha de Henrique II Plantageneta, a cultura da língua d’Oc na qual se exprimiam os trovadores.

     Nos seus poemas o trovador cantava para a amada e pela amada, isto é, no seu canto ele fazia declarações de amor às quais ele mesmo respondia em nome dela. Os versos eram inspirados em acontecimentos da corte ou, na maioria das vezes, em romances fictícios.

     Os trovadores iam de castelo em castelo onde eram recebidos com cortesia porque, além dos seus cantos, eles eram fonte de notícias de outras cortes, naquele tempo de tão difícil comunicação. Os versos eram cantados ao som de instrumentos musicais, e aqui vale lembrar os nossos cantadores ou violeiros nordestinos.

    A Cantiga Trovadoresca, cultura dos poetas provençais, era o gênero mais popular naquela época medieval e espalhou-se além-fronteiras. Em Portugal, somente após 100 anos, no final do século XII, foi escrito o texto considerado o mais antigo canto galego-português. O movimento trovador ganhou espaço em Portugal e na Espanha e foi denominado Trovadorismo.

Tempos depois, D. Dinis, sexto rei de Portugal, o Rei poeta, promove a cultura e transforma a Corte num dos mais fecundos centros literários da Península Ibérica. Não somente incentivou os trovadores na sua corte promovendo saraus palacianos, como era, ele mesmo, um grande trovador.  A poesia, sob a forma de cantigas, foi, nessa época, a principal expressão literária de Portugal, embora tenha havido também uma pequena produção em prosa e teatro.  D. Dinis substituiu o latim pela língua vulgar portuguesa nos documentos oficiais. O Português chamado moderno surgiu somente no século XVI.

      As cantigas chegaram até nós por meio dos Cancioneiros, que eram coletâneas de poemas de vários autores.

     A literatura portuguesa exerceu grande influência sobre a literatura brasileira desde o período colonial.  A trova passou a ser cultivada a partir de 1950. O poeta J.G.de Araújo Jorge denominou Trovismo o movimento que deu lugar de destaque à trova nos meios literários brasileiros.  Em 1966, pela liderança de Luiz Otávio, foi fundada a União Brasileira de Trovadores - Nacional. O “Dia do trovador” foi fixado para 18 de julho, e São Francisco de Assis foi escolhido o patrono dos trovadores.

 A UBT de Fortaleza foi criada em 1969, em reunião que aconteceu na Casa de Juvenal Galeno, e por ela passaram trovadores da mais alta expressividade. É atualmente presidida pelo trovador e jornalista Vicente Alencar e tem como Presidente de Honra Gutemberg Liberato de Andrade.  Em suas reuniões mensais, às 10h00 do 1° sábado de cada mês,  conta com a participação de excelentes trovadores que amam verdadeiramente a trova e a fazem com maestria.
                           
                           Doce feitiço de amor
                           tem a trova, bem guardado,
                           porque todo trovador
                          é, por ela, apaixonado!

                                             Zenaide Braga Marçal – UBT-Fortaleza
                                             Fortaleza, 26 de janeiro de 2017 

Fontes de pesquisa:
La Poesie Occitane – René de Nelli
Documentos – Gutemberg Liberato de Andrade
Literature Française Pour les Nuls – Jean Joseph Julau
Panorama da Literatura Portuguesa – Roberto Cereja e Thereza Magalhães


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

PENSAMENTO DO DIA



"A Dignidade e a democracia de um país passam pelas críticas e observações de sua Imprensa". 
(Jornalista e Radialista Vicente Alencar, Fortaleza-CE).

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

FERREIRA GULLAR: SÓ AQUILO QUE NÃO SE SABE PODE SER POESIA



“Ferreira Gullar morreu e a mídia nacional deu muito destaque a ele. Mas deu um destaque parcial e distorceu os conceitos políticos que esse grande poeta brasileiro amadureceu ao longo de sua vida... Pouco foi dito da mudança radical que ele experimentou, abandonando, mesmo, a ideologia comunista...

 Vejam por que ele abandonou a esquerda e sua experiência vivida nos países comunistas...

Ferreira Gullar foi militante do Partido Comunista Brasileiro e, exilado pelo regime militar, viveu na União Soviética, na Argentina e Chile.

 Gullar dizia que “bacharelou em subversão” em Moscou durante o seu exílio, mas que devido a uma maior reflexão e experiência de vida se desiludiu com o socialismo.

Em homenagem a esse grande poeta brasileiro, resgatamos a visão de Ferreira Gullar sobre o capitalismo, o socialismo, o governo e o mundo em que vivemos por meio de 10 textos proferidos por ele em entrevistas e artigos.”
.
Sobre a esquerda: “Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é.”

Sobre o capitalismo: “O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento”.

Sobre a “exploração” capitalista: “A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador, e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista”.

Sobre a desigualdade social: “A própria natureza é injusta e desigual. A justiça é uma invenção humana. Um nasce inteligente e o outro burro. Um nasce inteligente, o outro aleijado. Quem quer corrigir essa injustiça somos nós. A capacidade criativa do capitalismo é fundamental para a sociedade se desenvolver, para a solução da desigualdade, porque é só a produção da riqueza que resolve isso”.

Sobre a militância no Partido Comunista durante a ditadura militar: “Eu fui do Partido Comunista, mas era moderado. Nunca defendi a luta armada. A luta armada só ajudou mesmo a justificar a ação da linha dura militar, que queria aniquilar seus oponentes. (As pessoas do partido Comunista) não lutavam por democracia, mas pela ideologia Comunista, e estavam sinceramente equivocadas. Você tem de ter uma visão crítica das coisas, não pode ficar eternamente se deixando levar por revolta, por ressentimentos. A melhor coisa para o inimigo é o outro perder a cabeça. Lutar contra quem está lúcido é mais difícil do que lutar contra um desvairado”.

Sobre o socialismo: “O socialismo fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era bastante crítica. A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O túmulo do Lênin está ali na Praça Vermelha, mas, pelo resto da cidade, só se veem anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não vai ser agora que esse sistema vai vencer. O socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade”.

Sobre a ideologia marxista:“Frequentemente me pergunto por que certas pessoas indiscutivelmente inteligentes insistem em manter atitudes políticas indefensáveis, já que, na realidade, não existem mais. Estou evidentemente me referindo aos que adotaram a ideologia marxista, que, de uma maneira ou de outra, militaram em partidos de esquerda, fosse no Partido Comunista, fosse em organizações surgidas por inspiração da Revolução Cubana”.

Sobre Cuba: “Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo”.

Sobre a política de “psiquiatria democrática” adotada pelo governo (Ferreira Gullar teve dois filhos com esquizofrenia): “Existe uma política que o governo adotou, chamada ‘psiquiatria democrática’, que é um absurdo. Impede a internação. Eles acabaram com mais de quatro mil leitos. Por que chama “psiquiatria democrática”? Porque não interna. Mas é uma bobagem, ideológica, cretina, que não tem nada a ver com essa doença real. Eu, que lidei com essa doença, sei muito bem que não tem nada disso. Quando uma médica veio com essa conversa, perguntei: É a sociedade que adoece o doente mental? A doença mental não existe? É a sociedade que faz ficar doente? O fígado adoece e o cérebro não adoece? Por quê? É o único órgão divino?”


Sobre o mundo atual e a poesia: “O mundo aparentemente está explicado, mas não está. Viver em um mundo sem explicação alguma ia deixar todo mundo louco. Mas nenhuma explicação explica tudo, nem poderia. Então de vez em quando o não explicado se revela, e é isso que faz nascer a poesia. Só aquilo que não se sabe pode ser poesia”.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

UM POEMA DE MARIA ODILA MENEZES




PASSAPORTE DO TEMPO

Com o passaporte da vida
Permito-me viajar
Envelheço, ponteiro anda
Acusando chegadas e partidas
Portos desconhecidos
Momentos passageiros
Tripulação não para
Sigo com humildade
A memória reverencia
Meu mundo antigo
Absoluto, permanente
Até que no convés
Espero a hora da partida.

(do livro Iluminuras)

sábado, 7 de janeiro de 2017

UM POEMA DE VICENTE ALENCAR



LIBERDADE
Vicente Alencar

A liberdade de criar
pertence ao coração.

Ele chama, conversa,
dita o que quer
e o que deseja.

Todo seu corpo
atende ao chamado.

Ali naquele momento
és apenas um ser
que ama.

Nada impedirá
seus pensamentos,
sua paixão,
o seu conforto de querer.

A liberdade de criar
faz seu coração dizer
tudo o que quer.

E você se encanta
e até se espanta
com tanto amor.


 (in "POESIAS ENTRANDO PELA NOITE")