OH,
MAMINHA!
Luz Braz de Canhões*
Oh
maminha senil que te partiste
Com
medo desta serra renitente
É
cousa de beréu impenitente...
M’esquiva
eu cá da perra que me assiste!
No
momento funéreo em que cindiste
A
escória desta lida putrescente,
Jamais
te esqueças do fedor ingente
Que
já do olfato meu também sentiste.
Se
tu vires que podes esquecer-te
Da
cousa: o mau odor que me restou
Da
água – oh que tédio – a corromper-te,
Ora
a Zeus, que teus planos abreviou,
Que
tão cedo daqui leve a comer-te
Quem,
ledo, sob escolhos, te cheirou.
*Paródia configura um arremedo burlesco
de um texto de prosa ou poesia. Luz Braz
de Canhões é o pseudônimo (neste soneto) de Vianney Mesquita.
O
autor parodia o célebre soneto de Luís
de Camões, dedicado a Dinamene (Tin Nam Men), ninfa aquática (nereida)
chinesa, uma das 50 filhas de Nereu, inserida na Ilíada, de Homero. Decerto, de caso pensado, critica o cacófato que
há no soneto de Camões, na expressão Alma minha gentil que te partiste - maminha
- que gerou a paródia.
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