sexta-feira, 23 de maio de 2014

GISELDA MEDEIROS - É TEU DESTINO...


                Permanecerá em ti
                o meu eu
                com seus refrões de silêncio
                cruzando o mítico reino
                dos fantasmas.
                Alongado sobre ti
                estará meu olho de poeta,
                indecifrável
                e esquecido archote,
                nas trevas.
                Sobre ti cairá a mão
                de pele tão alva
                deste meu poema.
                E haverás de carregar-me
                com meus horizontes
                de indefinidas formas
                sempre vestida de poeta
                na calma completa
                de um verso adormecido.

            (do livro “Tempo das Esperas”)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

LILA XAVIER E MAIS UM POEMA

Lua Minguante
Lila Xavier

O amor que inundava minh’alma
Minguou, como se a mordida
Do dragão que habita a Lua
Tivesse arrancado sua
Parte mais doce, mais brilhante.
Nesse ínterim,
São Jorge em seu cavalo branco
Arteiro, dispensava as esporas
Numa luta desigual com o dragão
Roubador do it da Lua
Do seu brilho incandescente
Que minguava, carente de amor.
Meu olhar ficava preso ao firmamento
Preso à Lua e a seu encanto
Encanto que prende os poetas
À melancolia de seus perdidos amores
E a Lua, forte e sem esforço
Resistia bravamente.
E o amor que minh’alma
Alimentava com seu brilho cada vez mais opaco
Ia-se embora definhando
Engolido pelo dragão que Jorge não aplacava
E ficava mais voraz à medida que, parte da Lua, engolia.
Meu olhar inda preso ao meu amor
Que, distantemente, se desenhava
Ia de saudade me inundando
E arrebatando-me para a fúria do dragão
Que ateava fogo e feria meu coração
Marcando a forma da Lua
Que minguava
Perdendo o brilho incandescente
Que refletia a minha sombra
Sob o luar.
E lá estava São Jorge perdendo a batalha
E eu... a esperança... do meu amor encontrar
E sob o clarão, não mais tão claro, assim
Eu via o dragão que engolia a Lua
E o seu doce brilho minguante.
Quisera eu que minh’alma
Fizesse resplandecer o brilho que
Perdeu-se da Lua que minguava,
Vomitado pela força hercúlea
Do dragão empanzinado.
De volta, eu queria
O brilho do amor que minguou
E que sob o luar me enchia de inspiração


Porque era inundado pelo brilho da Lua Cheia.


quinta-feira, 15 de maio de 2014

NEIDE AZEVEDO LOPES E SUA CRÍTICA SOBRE "ÂNFORA DE SOL"


O LEGADO POÉTICO DE GISELDA MEDEIROS
A poesia é mistério, solidão e descoberta. Presente em qualquer aurora, ela nos arrebata, prende, fascina. Conosco voa, plana, ou esconde-se. Nos cantos mais sutis das nossas almas, ou até mesmo numa porta fatigada de esperas. Estampa-se no sorriso do vento, na insensatez do tempo ou nos confins dos nossos braços cheios de abraços.
Assim, envolta na túnica do sonho, testemunha da saudade, da dor ou do recolhimento, Giselda Medeiros lega à sua imensa legião de leitores, essa obra de singular beleza, onde tudo converge ao essencial. Incrustada numa ânfora morna de sol; pronta aos nossos olhos ávidos de sabê-la.
Afirma Voltaire que o esplendor da relva só pode mesmo ser percebido pelo poeta. Os outros pisam nela.
Pelo prisma de sua farta imaginação poética, a escritora intui a filigrana da metáfora, transformando o que poder-se-ia tomar como lugar comum, numa cortina aberta às conjecturas, certezas, solidões, esperanças, silêncios e caminhos. Esses, por vezes tortuosos, inalcançáveis, vazios...
Há muito estou aqui / no meio deste tempo sem história / cansa-me procurar a saída / nesses vales úmidos de espanto”. Ante a indefinição, o medo, o inconcluso, só resta à poeta adormecer. Para quem sabe, achar uma saída... E, nessa sublimação, exclama: “Adormecer, adormecer – é o que me resta, / para sonhar com tuas mãos se abrindo em flores”.
No poema visões a simbiose da escritora com o eu lírico forma-se em movimentos alternados de aproximação e distância. Isso, Giselda mostra num percurso solitário e indiviso, compondo em miragens uma fragilidade infinda: “Há pássaros engaiolados em teus olhos / nos meus há liberdade de nuvens em travessia”. “Tudo em ti é mito; / tudo em mim é poesia / tuas mãos não derramam brindes; / minhas mãos derramam estrelas”.
Já em nuvem de sândalo a poeta canta o canto inaugural das tardes, prometendo ao amado seu cálido perfume de mulher. Aqui, o erotismo é sutil; posto sabermos que sua poesia jamais tombará sob o peso do grotesco. “Eu serei para ti a amada e a amante. / descerei ao pomar de teus anseios, / feito fruta colhida entre tuas heras”.
Há beleza em tudo que se move; Ânfora de Sol é beleza em movimento. “O ardente desejo de amanhecer-me aurora / cresce, expande-se, alastra-se em vigílias, / enquanto só a melancolia amanhece em minhas pálpebras.
Giselda Medeiros é multifacetada em versos. E sua poesia é indissociável do canto, da dança, da cor e do lamento: “tu cantas, poeta, / a amargura da vida / com a mesma singeleza com que choras / o amor sonhado, encravado nas estrelas”. “Para ti / a nota o ritmo / na simbiose da canção / de amor que cantas”. “ah, deixem-me cantar minha canção / na dor silenciosa dos espinhos, / porquanto a aurora ainda é paisagem em mim!”
Ânfora de Sol é tudo isso. A reflexão existencial sobre o amor e seus contornos. A memória percorrendo lenta as sendas do impreciso. Ou a explosão da luz totalizando os êxtases!
Giselda Medeiros seguirá, certamente, o seu caminho; encantada e conclusiva sobre a pujança de se saber poeta. Nós, seus leitores, inclinamo-nos reverentes ao seu verso.


Neide Azevedo Lopes



segunda-feira, 12 de maio de 2014

UM POEMA DE MYRSON LIMA

Mãe

O pêndulo do relógio ainda ecoa jaculatórias
no silêncio do quarto que envolve tuas preces.
A presença do divino se esconde na inutilidade das horas.
Busca o infinito teu olhar distante e imóvel
Na pregação de tua fala indecifrável.
Ecoam lições de infância o semblante de paz
e o apelo camuflado de teus gestos.
Revelam ternura e alegria
teus sorrisos raros e discretos.
À luz da fé, teu espírito vela
Na expectativa confiante da imortalidade.

Myrson

11.5.2014

sexta-feira, 9 de maio de 2014

GISELDA MEDEIROS



VIVER O AMOR

                            Sem amor, somos pobres como Jó;
                            e somos deus sem sua onipotência;
                            e somos sol sem luz, lua sem brilho
                            e a pobre mãe que já perdeu seu filho.

                            Sem amor... sem amor... ai, nossas bocas
                            nada dirão, embora que as metáforas
                            rocem-lhe a língua e deixem-na ferida.
                            Ai, como é triste a vida sem Amor!

                            As esperanças chegam, vão-se embora...
                            Uma após outra, vão soltando as asas
                            rumo ao canteiro onde descansa o Amor.

                            Por isso, amemos muito, enquanto a vida
                            em nós vibrar tão plena de alegria,
                            porque o Amor é o templo da Poesia. 

         
                                                             (do livro Ânfora de Sol)

terça-feira, 6 de maio de 2014

O "DIA DAS MÃES" - por Vicente Alencar (Presidente da UBT-FORTALEZA)




O Dia das Mães no Brasil é comemorado no segundo domingo de maio. Tem a mesma data, também, reverenciada neste mesmo dia na Dinamarca, Finlândia, Japão, Turquia, Itália, Austrália, Bélgica e Estados Unidos, entre outros, totalizando 46 países, nos mais de 200 espalhados pelo globo.
Na Argentina a data é vivida no segundo domingo de outubro, e na Noruega, no segundo domingo de fevereiro. No Líbano, no segundo dia da Primavera e no México a 10 de maio. Na Suécia, no último domingo de maio e na Espanha e em Portugal  a mesma coisa. 

Esse dia causa alvoroço entre os comerciantes, pois lhes possibilita  grandes lucros, aumentando o amor filial e favorecendo a todos, de uma maneira geral.

Muitos dizem que o "Dia das Mães" passou a ser comemorado após a norte-americana Anna Jarvis, filha de pastores, homenagear sua Mãe, de quem ficou órfã em 1905
e passou a cuidar de uma irmã cega com muito amor.

Corria o ano de 1908 quando uma Missa foi celebrada no dia 10 de maio, na Cidade de Grafton, na Filadélfia. Dois anos depois, o seu Governo instituía oficialmente o "Dia das Mães" no seu território.

Porém é bom que se registre e todos saibam que, o "Dia das Mães" não  começou neste movimento. Ele já vinha sendo comemorado há muitos séculos.

Na Grécia antiga, já se comemorava o Dia de Rhea, a mulher de Chronus e a mãe de todos os Deuses. Alguns séculos depois em 250 a. C. Roma Antiga  comemorava, oficialmente, a festa anual de Cybele, com três dias de duração, e acontecia no mês de março.  Cybele, outra mãe dos deuses, para os romanos, e venerada por muitos e muitos séculos entre os latinos.

Aqui no Brasil, comemorações do "Dia das Mães" começaram no dia 12 de maio de 1918, em Porto Alegre, numa iniciativa da Associação Cristã dos Moços, num movimento congregando à juventude gaúcha, incorporando-se  todos os outros após a primeira experiência.

Mas somente em 1932, precisamente, a data ganharia foro oficial quando o Presidente Getúlio Vargas sancionou o segundo domingo de maio como a data oficial para as comemorações em torno da homenagem.


Uma coisa é certa: nunca uma data foi tão merecida, mesmo sabendo-se que todos os 365 dias do ano são os dias das Mães, pois, nada é mais sublime que uma Mãe, em qualquer raça, em qualquer idioma, em qualquer lugar. Na terra e no céu, elas estão sempre conosco, seus filhos.