domingo, 29 de agosto de 2010

SE EU PUDESSE... - Giselda Medeiros



Ah! se eu pudesse ir além das estrelas,
atravessar a nado o oceano inteiro,
sorver os néctares abundantemente
e me tornar a rosa mais viçosa...

Se eu pudesse entrar no teu enigma,
vasculhar teus horizontes submersos,
cantar tua canção
e me inspirar nas rimas do teu coração.
Se eu pudesse...

Ah, se eu pudesse arrancar de mim estes tédios longos,
beber as fantasias que de teus olhos fluem...
Ah! Seria eu a eterna voz dos ventos,
o frescor deliciante das campinas verdes,
o brilho incomunal dos etéreos astros,
a mais romântica canção de amor.

Assim, então, eu poderia te alcançar um dia,
e tu saberias do porquê destes meus versos,
da minha ansiedade, das minhas inquietudes,
das minhas fruições, dos meus desejos reprimidos,
e, em explosões de notas místicas, dir-te-ia meu coração:
"Como eu te amo! Ah! Como eu te amo ainda!"

(do livro Alma Liberta)

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