domingo, 13 de março de 2016

Informação Historicoliterária - Estudo sobre Carlos D'Alge


CARLOS D’ALGE
 AUTOR CEARENSE TRASMONTANO

    VIANNEY MESQUITA*                                                                                      


                              Um dos males da literatura consiste em terem os nossos sábios pouco espírito e serem pouco sábios os nossos homens de espírito. (JOSEPH JOUBERT, ensaísta e moralista francês. ( *Montignac,          07.05.1754 - Villeneuve-sur-Yonne, 04-05.1824).
                                                                                

          Há algum tempo, o escritor Carlos Neves d’Alge está fora do circuito intelectual da nossa Terra, no recesso de sua residência, cuidando da saúde, ultimamente, meio combalida, do que, decerto, se vai liberar, para gáudio de seus pares, admiradores e amigos e vitória da atividade intelectual do Estado e do País.
          Nascido em Chaves – Trás-os-Montes – Portugal (24.07.1930), veio jovem para o Brasil, tendo estado no Pará, porém há dezenas de anos tem vida social e literária aqui em Fortaleza, como docente-titular de Literatura Portuguesa da UFC, acadêmico das Academias Cearense da Língua Portuguesa e Cearense de Letras, creditando-se, no rol de várias funções assumidas, as de chefe do Gabinete do Reitor Martins Filho, nos começos da UFC, e Diretor-Presidente da TV Educativa do Ceará – Canal 5.
          Tem ativo literário bastante recheado de produções, contabilizando-se, dentre muitas outras, Terra do Mar Grande (1970), As Relações Brasileiras de Almeida Garret (1980), Sintaxe do Compromisso (1981), O Exílio Imaginário (1983) e O Sal da Escrita – Ensaios de Literatura Comparada (1977).
          D’Alge transita por vários gêneros, do ensaio à poética, demonstrando ser o intelectual sóbrio e preciso, ao empreender estudos em profundidade acerca das literaturas de língua portuguesa, por ele cultuadas e avigoradas, com textos cuidadosos, nos quais se verifica, com facilidade, o filão da pesquisa bem buscada.
          Distinto, em virtude da profusão de seus trabalhos escritos e orais, tem ressalto na sua obra o mencionado O Exílio Imaginário, com trinta estudos, divididos em quatro partes, compostos de fundamentais pontos para o então cultural instante brasileiro. Envolve as relações do Brasil e outros países, com destaque para o africano de expressão lusitana, escritores portugueses clássicos e modernos e sua influência no nosso País. Reporta-se, ainda, a produtores brasileiros de ocorrência marcante na nossa história e até no estrangeiro – como no caso de escrito traduzido para a língua tcheca. Por fim, são expressos pelo Autor do mais à frente referido O Sal da Escrita, os exames de nomes diretamente vinculados à cultura do Ceará, conduzindo-nos ao debate próximo com escritores que carrearam subsídios de relevo para projeção, mundo afora, da cultura do Nordeste brasileiro.
          De tal maneira, O Exílio Imaginário, como os demais trabalhos de seleção rigorosa que as Edições UFC (hoje sob a competente direção do Prof. Antônio Cláudio Lima Guimarães) trazem a público, tem a marca do talento e o sinete do método, circunstâncias exigíveis do investigador, dignificando, por consequência, a estante de qualquer estudioso, estudante ou apreciador da literatura de Língua Portuguesa, que poderão se louvar no retrocitado volume para empreender consultas.
          Tem ressalto, em meio aos seus bens produzidos, um conjunto de ensaios de literatura lusitana comparada – o há pouco expresso O Sal da Escrita - cujo ponto alto, para mim, descansa na remissão à obra da notável escritora Marquesa de Alorna Dona Leonor de Almeida de Lorena e Lencastre (quarta marquesa), a sétima Condessa de Oyenhause, nascida lisboeta (1750- + Benfica, 1839).
          Conhecida como Alcipe pelos poetas da Arcádia, a Marquesa de Alorna pertence a um ramo familiar de fidalgos portugueses. Foi perseguida pelo Governo do Marquês de Pombal (o mais célebre, o segundo marquês) – Sebastião José de Carvalho e Melo – expulsor dos Padres Jesuítas do Brasil, quando do Tratado de Madrid. Este a encerrou, juntamente com a mãe e o irmão, no Convento de Chelas, destino também reservado ao pai, preso na Torre de Belém e depois no Forte de Junqueira. O moto da persecução era simples – o parentesco dos Alornas com os Távoras – eis a vinculação com o Ceará.
          A obra da Marquesa de Alorna, desde a truculência do mencionado Conde de Oeiras e Segundo Marquês de Pombal, analisada pelo Prof. Dr. Carlos Neves D’Alge, configura-se em seis volumes de composições poéticas, originais e traduções, entre as quais estão os três primeiros cantos de Oberon, de Christoph Martin Wieland (Achstetten – Alem., 05.09.1733 – Weimar, 20.01.1813), bem como as Estações, de James Thomson (Ednam – Escócia, 11.09.1700 – Richmond – UK, 27.08.1748).

          Após o conjunto textual de Carlos D’Alge, importa evidenciar, a empresária e literata portuguesa Maria João Mendonça Lopo de Carvalho procedeu à edição, em outubro de 2011, do estudo profundo intitulado Marquesa de Alorna, somente a respeito dessa Escritora, ao passo que o livro do intelectual tramontano-cearense encerra outros ensaios de semelhante magnitude, dispondo em paralelo literaturas de língua portuguesa de Brasil e Portugal.   

sábado, 5 de março de 2016

UMA BOA LEITURA


AUTOCONTROLE


Às vezes pode aparecer alguém que nos tira do sério...
...provoca, cutuca nossas feridas de uma forma que muitas vezes nem dá para entender se fez de propósito ou por ingenuidade. São pessoas que fazem pedidos descabidos,  simplesmente acham que tem mais direito que os demais.
Talvez seja necessário autocontrole para continuarmos nossa vida sem nos desentendermos com cada uma destas pessoas.
Hoje em dia, para algumas pessoas, a competição pode ficar cada vez mais intensa, talvez tenhamos que assumir cada vez mais riscos para conseguir acompanhar. Podem aparecer muitas de coisas para fazer ao mesmo tempo. Para quem é casado pode existir as exigências do casamento, para quem é pai ou mãe, são os filhos que podem requisitar no momentos onde não se esperava, para quem é solteiro pode se fazer necessário equilibrar trabalho, amigos, as tarefas de casa, família, etc.

Não é difícil imaginar a quantidade de coisas que podem desequilibrar: um colega tipo “sabichão” que consegue te tirar do serio,  aquele chefe critico, um supervisor na defensiva, um filho sapeca, uma esposa que não colabora, o amigo que só te liga para falar dele mesmo e nem te pergunta como você está, o parente complicado, enfim, a lista é gigante.
Nestas situações frases que podemos ouvir são: “Meu chefe me deixa louco”. “Meus filhos acabam comigo”. “Eu odeio quando... (preencha como quiser - pode ser um evento, uma tarefa, uma decisão, um prazo, uma crise ou uma incerteza)".
Muita coisa pode abalar: mudança de carreira, um divórcio,  um casamento , a compra da sua casa, uma entrevista de emprego, o transito, decisões para tomar, etc.

Não sair do sério?

Imagino se seria possível, ou desejável, não sair do sério. Alguns podem identificar a necessidade de maior autogerência para lidar bem com isso tudo. Alguns desejam conhecer formas de não permitir que os fatos do cotidiano e as pessoas afetem tanto, e assim superar as dificuldades sem sofrer desnecessariamente.

Onde está o problema?

As pessoas costumam achar que o problema está sempre fora delas, ou seja, se você se irritou, é porque alguém o ofendeu, se você está depressiva é porque o outro te deixou assim. Mas eu prefiro analisar o quanto de responsabilidade cada um teria por seus próprios sentimentos e comportamentos. O que tira do sério são as dificuldades que te aparecem, as pessoas difíceis que você tem na sua vida, seus prazos curtos a cumprir, os sabichões, a irresponsabilidade dos outros? Ou haveria algo interno que também colaboraria?  Talvez a forma como você lidamos com essa bagagem toda faça diferença. Te convido a pensar se o que te afeta não seriam as coisas que te acontecem, mas os pensamentos, interpretações e reações que você tem quando cada uma destas coisas te acontecem?
Quando ocorre um problema, por exemplo no trânsito, alguém lhe deu uma fechada. A pessoa reage, pode ser que tenha ficado bravo, perseguiu o outro motorista, brigou com ele, etc. Mas antes de você reagir, de se alterar, de responder, algo aconteceu automaticamente: você pode ter percebido, escolhido, analisado, julgado, imaginado. Enfim, tudo isso tem um mesmo nome, que é: você pensou! Mesmo que esse pensamento seja muito rápido e você mal o perceba, você precisou dele para sentir raiva ou o ter a reação que teve, você precisa do pensamento para chegar a algum comportamento. O negocio é que muitas vezes esse pensamento é tão rápido que você não se dá conta dele, ele pode ser automático.
Algumas pessoas podem não se dar conta disso, elas dizem: “Fulano abriu a boca e o sangue me subiu na cabeça”. Aí, parece que o sangue lhe subiu à cabeça pelo que fulano disse, parece que o sangue lhe subiu a cabeça porque fulano lhe disse aquilo. Mas o sangue lhe subiu pelo o que você pensou a respeito do que fulano lhe disse. Você teve que considerar uma ofensa, então essa fúria surgiu por sua causa, por causa de seus conteúdos mentais e não diretamente por causa do outro.

Pensamento Catastrófico

Existem alguns modos de pensar quando algo te acontece. Vou dar um exemplo: O  chamado pensamento catastrófico. Isso significa que a pessoa transforma tudo em algo muito mais importante do que realmente é. É fácil de reconhecê-los, porque muitos pensamentos catastróficos começam com a expressão “e se”.
Por exemplo, você está na sala de espera de uma entrevista de emprego e sua cabeça começa: “E se ele perguntar algo que não sei responder. E se não gostarem de mim. E se eu não for interessante?”. Essas perguntas querem dizer que caso alguma dessas coisas aconteça não vai ser só uma preocupação, vai ser uma catástrofe. Entrando na entrevista com isso na cabeça você será derrotado, com muita certeza esses pensamentos vão virar uma profecia que se auto realiza.
Quantas vezes  entramos em pânico por coisas que, quando realmente aconteceram, vimos que não eram tão ruins assim?  Por exemplo, a pessoa que não abre o resultado do exame pois surgem pensamentos com medo de ter uma doença tão grave que o médico vai lhe dar só alguns dias de vida, mas quando finalmente ele tem coragem e abrir percebe que não tem doença nenhuma, ou aquela pessoa que começa um emprego achando que não vai conseguir aprender as funções, mas dali a alguns dias já está muito bem no serviço.

O Pensamento Absolutista

Os pensamentos absolutistas aparecem quando pensamos em termos de  “eu devo”, “eu tenho que”, “eu preciso”, “eu deveria”. “Eu deveria ter dito tal coisa”. “Eu tenho de ser mais organizado”. Todos nós podemos fazer isso algumas vezes. O problema aparece quando exageramos na autocrítica.
Pensamos que deveríamos ser mais sérios, mais alegres, mais maduros ou nunca envelhecer.

O Pensamento de Racionalização

Eu considero que raciocinar é uma coisa, racionalizar é diferente. Raciocinar é entender as coisas como elas são. Racionalizar é negar os sentimentos.
Exemplo: você tem um filho difícil, ele te dá muito trabalho. Dizer que você não está nem aí para ele é racionalizar. Dizer “chega, eu não ligo, se ele quer arruinar a própria vida o problema é dele”, pode não ser verdade.  Em outro exemplo de racionalização, a pessoa é tão tímida, com uma dificuldade enorme em se relacionar com pessoas. E o que ela faz? Diz que não está nem aí para os outros, diz que prefere mesmo viver sozinha, comer sozinha, ir ao cinema sozinha, ou nem sai de casa, diz que prefere ficar vendo Faustão do que ir ao clube.

O Pensamento das Preferências Realistas

Este tipo de pensamento costuma ajudar às pessoas que desejam autocontrole. Exemplo:  “eu se sentiria melhor se...“, “eu gostaria de...”, “eu preferiria que...”, “seria melhor se...”.
Para explicar melhor vou dar um exemplo de um professor. Em seu primeiro dia de aula ele passou pelos três tipo de pensamentos enlouquecedores. Primeiro os catastróficos. “E se minha aula for horrível”? “E se os alunos morrerem de tédio”? “E se fizerem uma pergunta que eu não sei responder”? “E se todo mundo for embora no meio da aula”?
Aí ele passou para a fase da autocrítica: “Eu deveria ter capacidade para dar uma excelente aula, mesmo sendo a primeira aula da minha vida. Minha mãe tinha razão, eu sou um idiota mesmo. Nunca vou ser nada na vida”. Em seguida, as racionalizações. “E daí, nem me importo. Se eles não gostarem da minha aula, significa que são burros demais para entender minha capacidade. Se eles não sabem apreciar o que tenho a oferecer, o problema deles”.
Eu considero possível aprender a usar o pensamento na forma de preferências. Vejam bem que isso não é usar pensamento positivo. Eu não quero que ninguém fique rezando mentiras bonitas para si mesmo. O que eu quero são pessoas trabalhando pela capacidade de superar as dificuldades da vida.
Bem quando este professor conseguiu colocar a coisa em termos de preferências realistas, a sua visão referente às suas primeiras aulas ficaram assim: “Eu gostaria que esta turma gostasse de mim e de minhas aulas. Gostaria que respeitassem o que tenho a dizer. Se não for assim, será uma pena, mas não será horrível, a não ser que eu assim o determine”, “Gostaria de responder de forma brilhante a cada pergunta, mas, se não der, posso aguentar sem me criticar”.
O pensamento realista não garante que tudo vai dar certo, mas eu acredito que vale a pena tentar, tentar e se corrigir e aprender a cada tentativa.
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*O material deste site é informativo, não substitui a terapia  ou psicoterapia  oferecida por um psicólogo

Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5