SONETO COM O AZUL DA MOÇA DO RETRATO
Carlos Augusto Viana
(Da Academia Cearense da Língua Portuguesa).
A moça do retrato é toda azul
e se veste das fibras da paisagem
Em seus olhos, as
tâmaras acendem
as nuvens de um crepúsculo em miragem.
A moça azul flutua numa janela
emoldurada pelos grãos do mar.
Seus cabelos abrigam os navios
encalhados no sal da preamar.
O azul dessa moça é assim tão líquido
que se alastra nos cântaros do vento;
e, inaugurando rios, já se derrama
nos prados estivais do pensamento.
A moça, sendo azul em seu retrato,
só se semeia o pão do amor exato.
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