terça-feira, 3 de novembro de 2015

CANÇÃO DA ESPERA - GISELDA MEDEIROS


           Passas.
            Teu vulto é um oásis
            onde quero aprender
            o ofício das areias
            nas longas noites
            em que as estrelas
            fiam fios finos
            de fluida luz.

            Teus passos na tarde
            ecoam ainda
            em minhas manhãs,
            alvacentas e lânguidas,
            como o marulho das vagas
            que ficaram para trás.

            Mas passas,
            indiferente e lento,
            sobre meus anseios
            com mãos enfeitadas de adeuses
            a romper em flores
            de esquecimento.

            E passas tão perto de mim
            e tão distante!
            Não conheces o mapa
            de meus arquipélagos
            nem sabes da beleza
            de meus profundos mares
            onde há conchas e corais
            em êxtase.

            Talvez um dia
            - um dia desses -
            quando pisares as névoas
            do meu tempo
            e sentires pesar o teu tempo,
            talvez, tu resolvas ficar

            no tempo dos meus domínios...

(do livro "Tempo das  Esperas")

4 comentários:

  1. Olá, Giselda,

    Esse tempo que afasta e, ao mesmo tempo, aproxima as pessoas...tão complexo, tão complicado. Muito sensível sua poesia!

    Abraços...

    E, já lhe deixo uma provocação:

    E no fim de tudo, quem vai lavar a louça?

    A resposta está no Blog Pedra do Sertão...é necessário passar lá para saber...

    http://www.pedradosertao.blogspot.com.br

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  2. O Ébrio é uma telenovela brasileira que foi produzida e exibida pela Rede Globo entre 8 de novembro de 1965 à 18 de fevereiro de1 966. Foi a 1ª "novela das oito" exibida pela emissora de forma diária. Escrita e dirigida por José Castellar e Heloísa Castellar, a produção, inspirada na canção homônima de Vicente Celestino, teve 75 capítulos e, em seu primeiro capítulo, chegou a contar com uma participação do cantor.
    “Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
    Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
    Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
    Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou”
    O Ébrio conta a história de Gilberto, um homem que, após ser enganado por seus parentes e amigos e traído pela esposa, é dado como morto em razão de seu severo alcoolismo. Uma troca de identidade lhe confere a alcunha de "O Ébrio", pela qual passa a ser conhecido.
    ************
    "Louco, louco, louco feito um acróbata endoidecido de amor e contristadamente enternecido saltarei no abismo do teu beijo até sentir que enlouqueci teu coração e de tão livre até chorarei". Vicente Telles.
    https://www.facebook.com/vicente.telles.96/videos/10206909098037843/?pnref=story

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