segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

VIVER O AMOR - Giselda Medeiros

    
     Sem amor, somos pobres como Jó;
     e somos deus sem sua onipotência;
     e somos sol sem luz, lua sem brilho
     e a pobre mãe que já perdeu seu filho.

     Sem amor... sem amor... ai, nossas bocas
     nada dirão, embora que as metáforas
rocem-lhe a língua e deixem-na ferida.
Ai, como é triste a vida sem Amor!

As esperanças chegam, vão-se embora...
Uma após outra, vão soltando as asas
rumo ao canteiro onde descansa o Amor.

Por isso, amemos muito, enquanto a vida
em nós vibrar tão plena de alegria,
porque o Amor é o templo da Poesia. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O mundo sem mulheres! - Arnaldo Jabor


O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê?
O sujeito quer ficar famoso pra quê?
O indivíduo malha, faz exercícios pra quê?
A verdade é que é a mulher o objetivo do homem.
Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função da mulher.
Vivem e pensam em mulher o dia inteiro, a vida inteira.
Se a mulher não existisse, o mundo não teria ido pra frente.
Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro
homem, para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo.
Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.
Já dizia a velha frase que 'atrás de todo homem bem-sucedido existe uma
grande mulher'.
O dito está envelhecido. Hoje eu diria que 'na frente de todo homem
bem-sucedido existe uma grande mulher'.
É você, mulher, quem impulsiona o mundo.
É você quem tem o poder, e não o homem.
É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a
ser visto, o local das férias.
Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na
frente de todos os homens.
E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua
vida sem nenhuma mulher.
Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua. Só homens.
Já pensou?
Um casamento sem noiva?
Um mundo sem sogras? (Essa daqui eu gostei...)
Enfim, um mundo sem metas.
ALGUNS MOTIVOS PELOS QUAIS OS HOMENS GOSTAM TANTO DE MULHERES:
1- O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu.
2- O jeitinho que elas têm de sempre encontrar o lugarzinho certo em
nosso ombro, nosso peito.
3- A facilidade com a qual cabem em nossos braços
4- O jeito que tem de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar
perfeito.
5- Como são encantadoras quando comem.
6- Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.
7- Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus
abaixo de zero lá fora
8- Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e
rabo-de-cavalo.
9- Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio.
10- O modo que tem de sempre encontrar a nossa mão.
11- O brilho nos olhos quando sorriem.
12- O jeito que tem de dizer 'Não vamos brigar mais, não..'
13- A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.
14- O modo de nos beijarem quando dizemos 'eu te amo'.
15- Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta.
16- O modo que têm de se atirar em nossos braços quando choram.
17- O fato de nos darem um tapa achando que vai doer. (Ha Ha Ha Ha!!! É
verdade; mas às vezes doi sim...)
18- O jeitinho de dizerem 'estou com saudades'.
19- As saudades que sentimos delas.
20- A maneira que suas lágrimas tem de nos fazer querer mudar o mundo
para que mais nada lhes cause dor.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ANÁLISE SOCRÁTICA DOS TEMPOS ATUAIS - Frei Betto

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:
"Não foi à aula?" Ela respondeu: "Não, tenho aula à tarde".
Comemorei: "Que bom; então, de manhã, você pode brincar, dormir até mais
tarde"

"Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..." "Que
tanta coisa?", perguntei. "Aulas de inglês, de balé, de pintura,
piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: "Que pena", a Daniela não disse: "Tenho aula de
meditação!"

Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados,
mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis
livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de
ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me
preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto? "Olha uma
maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da
subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da
imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se
apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que
felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante,
vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O
problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira
o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem
resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse
condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver
melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis:
amizades, autoestima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as
cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil,
constrói-se um shopping Center. É curioso: a maioria dos shoppings centers
tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de
qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro
sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira
pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas
capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas
sacerdotisas.

Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar
cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no
purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma
mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou
apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados,
explico: "Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça
percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o
assediavam, ele respondia:"

- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
feliz !"