sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

POEMA DA RENASCENÇA - GISELDA MEDEIROS



Não quero a ilusória cor dos efêmeros prazeres
nem o indecifrável tom das ilusões de ontem
que fizeram adormecer-me a alma há tanto insone.

Não quero saber da lista imensa de deveres,
das apólices do tempo que ruiu sobre nossos desvelos
nem da mineração dos sonhos bons
muito menos da escuridão dos pesadelos.

Não quero provar o doce enjoento dos bombons da infância
tampouco da aflição da estrela azul em sua metamorfose.

Não quero saber do brinde nem da taça
esquecidos sobre a varanda do passado
nem do bulício do vento nas noites baças,
bordando mitos em nossas faces.

Não quero minerar no vácuo de um olhar esquecido
para a recuperação de estátuas mutiladas.
Mas quero, no veneno de um azul, envenenar-me,
injetar-me poesia na pupila adormecida
e renascer, à hora derradeira e múltipla, sem alarme,
de tuas mãos de artista, de anjo e de homem,
como o mais belo poema, que os tempos não consomem.

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