DESAPROPRIAÇÃO
O Tempo varre o sótão do meu sonho,
limpa o telhado do meu pensamento,
refaz o alpendre branco, onde me ponho
a conversar, à noite, com o vento.
Não ouço nada, além do que deponho,
em voz sofrida, em lúgubre lamento
ao Tempo que, veloz, segue e, medonho,
vai dissipando os sonhos que acalento.
E fico, horas a fio, indiferente
a esse mister de desapropriação
que o Tempo em nossa vida, mudo, faz.
Depois... depois, o que resta na gente
é este vazio - a flor da solidão -
que se abre e não fenece nunca mais...
Giselda Medeiros
O Tempo varre o sótão do meu sonho,
limpa o telhado do meu pensamento,
refaz o alpendre branco, onde me ponho
a conversar, à noite, com o vento.
Não ouço nada, além do que deponho,
em voz sofrida, em lúgubre lamento
ao Tempo que, veloz, segue e, medonho,
vai dissipando os sonhos que acalento.
E fico, horas a fio, indiferente
a esse mister de desapropriação
que o Tempo em nossa vida, mudo, faz.
Depois... depois, o que resta na gente
é este vazio - a flor da solidão -
que se abre e não fenece nunca mais...
Giselda Medeiros
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