CORONAVÍRUS
O NOSSO
RAGNARÖK
Na mitologia nórdica, o Ragnarök ou a Batalha Final, seria uma luta intensa e terrível travada entre os deuses e os gigantes, que resultaria no fim do mundo, com a morte de vários deuses, dentre eles, Odin, Thor e Loki.
Com o crepúsculo dos deuses, o mundo passaria por catástrofes naturais: um inverno longo e rigoroso, sem primavera, outono ou verão; a terra se estagnaria e não produziria mais um alimento sequer; o Sol e a Lua escureceriam num breu interminável; as estrelas desapareceriam do firmamento; um grande terremoto abalaria a Terra, que submergiria na água; os animais e seres humanos desapareceriam. Seriam tempos difíceis, com a destruição dos nove mundos de Yggdrasil, a árvore sagrada que sustentava o céu e a terra. Ao Ragnarök sobreviverá apenas um casal de humanos, responsável por repovoar a terra, Midgard.
Em tempos de coronavírus ou covid19, parece o mundo inteiro viver uma espécie de Ragnarök. Um vírus, portanto, invisível e silencioso, vem se alastrando pelos países dos vários continentes, deixando um rastro de destruição por onde passa, infectando milhares e milhares de pessoas e causando a morte de muitas delas; provocando a derrocada de economias e o colapso do sistema de saúde, inclusive, nos países ditos de Primeiro Mundo.
Quisera fosse a pandemia do coronavírus fruto de nossa imaginação com tendências apocalípticas, ou mesmo, pura e simples mitologia.
Quisera fosse a pandemia do coronavírus um terrível pesadelo do qual pudéssemos acordar no dia seguinte e ver que o mundo continua tal qual deixamos antes de dormir, as pessoas seguindo para o trabalho, as crianças indo para as escolas, os turistas passeando despreocupados pelos pontos turísticos, o comércio e a indústria funcionando a pleno vapor...
Mas o coronavírus nos trouxe um imprevisível Ragnarök, capaz de mostrar o quanto somos vulneráveis enquanto seres humanos, o quanto precisamos um do outro, o quanto a atitude de um reflete em todos os outros, o quanto tudo é efêmero.
Esse Ragnarök epidemiológico será a batalha final da humanidade e a sua luta pela sobrevivência contra um inimigo invisível e possante, a desafiar a ciência, a tecnologia, a economia, o sistema de saúde e, sobretudo, nossa condição de seres humanos que precisam se solidarizar na adversidade e se unir em meio ao caos.
O crepúsculo dos deuses, quem sabe, se transformará na alvorada de um mundo bem melhor para se viver.
É preciso crer.
(in:editorialafl.blogspot.com.br)
Grecianny Cordeiro ´membro de várias entidades literárias, entre as quais, Academia Cearense de Letras, Academia Fortalezense de Letras e Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB/CE
Maravilhoso o texto e me levou a uma reflexão. O Coronavírus está nos obrigando a olhar o avesso do mundo, no avesso de cada um de nós.
ResponderExcluirO inimigo invisível, é a moda em um modelo de tamanho único onde todos indistintamente cabem e são chamados a responsabilidade de se ajustar e lutar para sobreviver. Na visão apocalíptica acredito na melhor parte do ser humano para o resgate do que está sendo perdido... Eu acredito em um recomeço. O divino de ser e existir no amor e com dignidade. Este será nosso aprendizado. Sairemos desta sim, mas diferentes. Teremos a alvorada de um mundo melhor,
É verdade. Você disse muito bem. uma reflexão de juízo. O mundo precisa de uma chamada para se humanizar em todas as direções.
ExcluirObrigada pela visita. É muito bom ouvir um comentário sensato. Agradecida.