Sesta
Serrana
Breve
será uma esperança, mas quão suave é a lembrança!
(Ramon de Campoamor).
No tépido vagar da paz serrana,
Ao ler o Nedda (de Giovanni Verga),
Largando a rede, me dirijo à enxerga,
Para sonhar com a culta Taprobana.
Cuido pra que a meditação não erga
Esta mandrionice de Nirvana,
E os periquitos, em ruidosa ferga,
Cheguem a apagar-me a Costa Amalfitana.
Penso, nesta serril proeminência,
Na Itália, Portugal e Sry Lanka,
Em palmácea e ferial intermitência.
Enquanto o entusiasmo não estanca,
De agora reler tomei tenência
Obras Completas, de Florbela Espanca.
TERÇOL-ARGUEIRO ABJETO
Vianney
Mesquita *
Os olhos
são cegos, quando o espírito está distante. (Publílio Siro).
Denega-me
a visão um tosco hordéolo,
No
interdito de íris e retina,
Calázio
do sopro de um mau Éolo,
Vedando-me
dos olhos a menina.
Sem
poder divisar do esquerdo alvéolo,
Tampouco
do direito, o bem que mina,
Minha
pupila do oblíquo nucléolo
Disfarça-me
verdade cristalina.
Cisco
importuno, paixão desmedida,
A
desviar-me das regras de vida,
Guiando-me
em modos de gentalha.
Nunca,
entanto, terás, neste tentame,
De
bater-te haverei, argueiro infame,
Porquanto
em mim jamais verás canalha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário