terça-feira, 29 de agosto de 2017

Soneto de Vianney Mesquita para Giselda Medeiros


SONETO PARA GISELDA MEDEIROS
Vianney Mesquita*

Escritor original não é aquele que a ninguém imita; é o que ninguém consegue imitar. (CHATEAUBRIAND).

Nossa princesa da Literatura,
Pós-laureada em bibliografia,
Língua-prosa, crítica e poesia,
No texto é mestra-mor da urdidura.

Excelsa, apreciadíssima figura,
Excele, em seus escritos, a porfia
Por irrepreensível escritura,
Ao adorná-la de eugenesia.

Na Espanha, na Itália e Filipinas,
Sabedoria e erudição supinas
São triviais a milhares de Imeldas.

Em dimensão, porém, desta Medeiros,
No Ceará e Brasil sobranceiros,
De tal casta não há quaisquer Giseldas.


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

LILA XAVIER E MAIS UM POEMA BELO


Nenhum texto alternativo automático disponível.
Revelação do medo (Pra vc querida Giselda)

Os sentidos
Congelam-se frente ao medo
Simbolismo opressor da paz.
Gostaria, oh, como eu gostaria!
Que a vida tivesse fim nesse momento.
Para eu não saber nada.
Não querer nada
Não ver nada.
A solidão de ti
É recorrente.
A que andas?
Por acaso te escondes?
A morte, de ti tomou posse?
Busco razões para o medo
Pois meus olhos não te têm por perto.
Recorro às lembranças
Mas só encontro os meus fantasmas
Transfigurados nas desilusões
Que se vestem em trajes de decepção
E ainda sugerem vida longa
Nos retratos que ornam as paredes,
Além de se fazerem presentes
Nos detalhes da minha silhueta
Que riscam os cílios grossos e definidos
Da juventude presunçosa.
Nesses retratos
São revelados um casal
Que transpirava
Desejo e amor,
Esperança no eterno
Ricocheteados por uma paz ancestral.
Mas, do que mesmo estou a falar?
De que esperança?
De que amor?
De que paz estaria sendo ricocheteada?
Que desenho é esse que faz adormecer os sentidos?
Que colore o medo
Que desbota a esperança
Que faz murchar o desejo..
É um desenho em branco e preto revelando
Claramente, a ausência,
De quem nunca esteve.
Lila Xavier

Leia belíssimo poema de Ana Paula de Medeiros

A imagem pode conter: flor, planta, céu, natureza e atividades ao ar livre

TEMPO DE FLORESCER

Deu vontade de correr naquele cerrado
Pisar a grama pontiaguda
Deixar minhas dores por lá...
Vontade de ficar à sombra do ipê
Deitar no tapete de flores
Olhar o azul
Imaginar cenas com as nuvens
E pensar em nada
E falar de nada
Só ficar, ali, parada
Vendo ouro no céu.
Minha ampulheta, de flores amarelas seria
Meu tempo, contado por horas de amar
Distância não haveria
Em segundos, eu chegaria
Aqui e acolá.
E a derradeira vontade
Depois de tudo que pensei ali
Foi de ser como a flor do ipê
Que tão quieta deseja
O pouso do colibri.
Brasília, 23 de agosto de 2017.