Apreciação
Literocientífica
ESTUDANTE
ABJETO: ESTADO SEM COMPROMISSO?
Vianney Mesquita*
A
escola elementar deve ser tão franca e tão obrigativa a todos como a pia
batismal.(A. F.
DE CASTILHO).
Quando
o Estado tem ordem, é vergonha ser pobre e vulgar. Quando o Estado se encontra
no caos, vergonha é ser rico e mandar. (CONFÚCIO).
Concluí,
há pouco, revista da relação de doutoramento de autoria da filósofa e pedagoga,
docente da Secretaria de Educação do Município de Fortaleza, Magister Scientiae e investigadora de temas sociais - Valéria Cassandra Oliveira de Lima - sob a
orientação acadêmica da Professora Doutora Ercília
Maria Braga de Olinda – FACED – Universidade Federal
do Ceará, com o título Alunos Abjetos:
Etnografia da Inclusão numa Escola Municipal de Fortaleza.
Muito
me contenta exprimir a verdade segundo a qual, nos mais de trinta anos na
atividade de copydesk de textos
diversos, notadamente de teor acadêmico, esta tese se inserta nos cinco melhores
dos quais procedi à revisão, nesse âmbito temático.
Quem
o deparar vai perceber que o trabalho foi efetivado com soberana fidelidade aos
pressupostos da ordem científica, obediente às determinações da metodologia, tanto
na parte adjetiva da escrita quanto no lado substantivo da recolha dos
elementos anímicos do relatório, no trabalho rural magnificamente operado, sem
qualquer paixão refalsada, em circunstância de enorme risco físico pessoal e
velada ameaça psicológica, quando realizadas as denominadas “tarefas de campo”.
Sob esse aspecto, ainda, o conjunto textual restou
absolutamente conformado às condições morais e intelectuais exigidas de um produtor
de entendimentos, ao executar um procedimento oriundo do saber ordenado, em
especial pelo fato de a autora haver defendido, com alegações pessoais
corretíssimas, posições terminantes contra a existência das pessoas havidas
como abjetas, nódoa pespegada,
também e principalmente, a alunos especiais de uma escola pública localizada na
“Grande Messejana”, aqui em Fortaleza, seu campo de prova por dois anos e cuja
tese vai sustentar, proximamente, na Faculdade de Educação da U.F.C., com
vistas à obtenção do título de doutor.
No
resguardo de seus pontos de vista, no entanto, não externou, por inexistente,
ânimo enviesado ou determinação viciosa, principalmente pelo fato de se haver
reportado aos melhores autores das Ciências da Educação e afins, nacionais e do
Exterior, como, exempli gratia e
entre muitos, a filósofa estadunidense Judith Butler, o sociofilósofo francêsMichel
Foucault e a intelectual brasileira Eveline Bertino Algebaile, produtora de
textos sobre escola pública, docente da Universidade Estadual do Rio Janeiro.
A
nenhum dos escritores a quem recorreu, ressai exprimir, ela se curvou, tampouco
se mostrou submissa, haja vista o seu preparo, manifesto com segurança,
detidamente operado num escrito de quase trezentas páginas de arrazoados
lógicos, sem raiva nem preconceito (sine
ira et studio) – no dizer de Caio Tácito - muito bem meditados e em
comunicação facilmente legível por parte de pares seus na Academia e pessoas de
boa capacidade de decodificação, incluindo, em especial, as autoridades
educacionais da Prefeitura de Fortaleza.
Pelo fato de o esmerado escrito da Professora
Doutora Valéria Cassandra aportar literatura de absoluta necessidade ao temário
educacional brasileiro, mormente no campo da inclusão educacional, na senda dos
ensaios sobre indisciplina no chão da escola e terrenos afins, guardo a
esperança de que seja editado em livro (sugiro Aluno abjeto: Estado Irresponsável?) para circulação por todo o
ecúmeno educativo nacional e das nações lusófonas, destino por ele merecido e
fonte obsequiosa a novos experimentos no mencionado rol temático, no âmbito dos
mencionados países.
Congratulo-me
com a Autora e enuncio minha satisfação pelo feito, ao modo como procedo a cada
ensejo em que aflora da Academia um exemplar com perfil semelhante ou
aproximado ao teor da relação de pesquisa sob comento, motivo de júbilo para a
Escritora e razão de contentamento renovado para uma academia de alcance e
respeito nacional (U.F.C.), que inumeráveis peças de sublime qualidade já
ofereceu de presente à sociedade culta do Brasil, com transposição às balizas
patriais.
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