sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
MORRER DE AMOR - Giselda Medeiros
Deixa, amor, que eu repouse nos teus braços,
E durma um instante apenas neste abraço.
Deixa que eu me sinta um pouco criança,
Para sonhar meus sonhos de esperança.
Deixa, amor, aquecer-me ao teu regaço,
Tirar o enfado do meu corpo lasso.
Deixa, num instante só, as minhas ânsias
Dormirem soltas, sem desesperanças.
Deixa, amor, pois, no corpo, eu sinto o frio
Da solidão agasalhar minha alma,
E tremo e choro e, em vão, me suplicio.
E quanto mais eu tremo, maior a calma
Que encontrarei em ti, no teu regaço!
Deixa, amor, que eu morra, enfim, no teu abraço!
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
A CIGANA - SÉRGIO MACEDO
Cigana sem canto
Sereia de muitos leitos, (bancos de areia)
Espuma de muitos mares
Transita serena,
Transforma
Serena sereia
De verdes ( vermelhos) e profundos oceanos,
Na face.
Transporta labirintos que seriam
Simplesmente caminhos.
Caminhos exigem tráfego,
Pensas, ( e) logo, trans-itas,
Trans-gole
Trans-nós,
Num senão transformado
Ou recém destruído em seu cerne.
Um cesto com pedaços do universo
Foi-me dado.
Eu, deus de meus limites,
Respeitado o Deus do ilimitado,
Passo pelas pontes,
Escritas pela velocidade da passagem.
Não lerei escritas antigas.
Há rostos obtusos
Ou obscenos
Nessa guerra, há pausas e moças
Há tempo correndo atrás do passado e moças
Há moças de carne e osso e alma e espírito.
Que choram e sorriem e clamam e desesperam
E morrem.
A guerra do dia só soma, só soma.
MOTIVOS - III (para Dr. Martinho Rodrigues)
MOTIVOS - III
Giselda Medeiros
A vida é um barco de
espantos... e sei
que nos damos a ele,
muitas vezes, lépidos, fagueiros,
rios que somos de
nós mesmos.
Gemendo tempestades,
ensaiamos nossas memórias
imortalizando-nos no
limo de nossas várzeas
ou a esperar o cio
do luar.
Mas...
(como o mas é
inevitável!)
ardemos em ventos de
paixão e, eufóricos,
cantamos etéreas
canções azuis
no cais de nossas
ilhas emersas
do infinito mar por
onde escorre o barco,
que nos levará ao
porto da solidão.
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