domingo, 23 de setembro de 2012

MOTIVOS - GISELDA MEDEIROS


E esta solidão de lajes
a velar o sono
do sonho
adormecido em mim,
terra e mar,
metáfora alucinada,
mastigando o silêncio das estrelas!...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

GISELDA MEDEIROS


É TEMPO DE SEMEAR


Não te pedirei mais nada.
Se já me amas
e cantas comigo
a doce canção da Poesia                            
já me basta.
É tempo de semear.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MUITO TARDE - REGINE LIMAVERDE



MUITO TARDE 

Uma tarde e outra tarde.
Muitas tardes vão passando.
Que não tardes ao meu lado,
pois é tarde e vou findando.

É tão tarde e não chegaste
e na tarde vou ficando.
Muitas tardes vão correndo,
já é tarde, estás tardando.

Outras tardes hão de vir.
Oh! Não tardes meu amor.
Já é noite entardecendo.
Como arde a minha dor!

(do livro: Eternas Lanternas do Tempo).

domingo, 9 de setembro de 2012

MAR INTERIOR - GISELDA MEDEIROS


(para Maria Luísa Bomfim)

                 Mar bravo. Ondas batendo revoltosas

                            em loucas e alternantes vindas e idas,
                            ora a gemer, ora a chorar, feridas,
                            sob o látego das águas furiosas.

                            O sol lança seus raios... surgem rosas,
                            cristais de luz sobre águas indormidas,
                            as quais se vão, das águas refletidas,
                            alçar-se aos céus em pétalas olosas.

                            Ante a grandeza augusta da paisagem,
                            cala-me a pequenez – ai... nada sou
                            além de triste e efêmera miragem!

                            Mas, ao pulsar-me o peito, diz-me o ar:
– Dentro de ti se move tanto amor
que no teu peito, também, bate um mar!             

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O BRASIL- Renato Sêneca Fleury



 Perguntei ao céu tão lindo,
— Por que é todo cor de anil?
Ele me disse, sorrindo:
— Eu sou o céu do Brasil!

Perguntei ao Sol, então,
A causa de tanta luz.
— Sou a glorificação
Da Terra de Santa Cruz!

Depois perguntei à Lua:
— Por que noites de luar?
— É para enfeitar a tua
Grande Pátria à beira-mar.

Perguntei às claras fontes:
— Por que correis sem cessar?
— Nós brotamos destes montes
Para a terra fecundar!

 Então eu disse à floresta:
— És tão bela, verde inteira!
Ela respondeu em festa:
— Sou a mata brasileira!


Perguntei depois às aves:
— Por que estais a cantar?
— Cantamos canções suaves
Para tua Pátria saudar.

Céu e sol, luar e cantos,
Florestas e fontes mil
Enchem de eternos encantos
És minha Pátria, — o Brasil!

 Renato Sêneca de Sá Fleury ( SP 1895- SP 1980) Pseudônimo: R. S. Fleury, ensaísta, pedagogo, escritor de Literatura Infantil, professor, professor catedrático de Pedagogia e Psicologia, jornalista, membro da Academia de Ciências e Letras de São Paulo, membro fundador do Centro Sorocabano de Letras.