quarta-feira, 30 de março de 2011

SONETO DO AMOR INFINITO - Martinho Rodrigues


Quero cativo viver ao teu lado...
sem amanhã, sem ontem, sem demora,
te amando mais e sendo mais amado
mesmo que um dia... possas ir embora.

Quero viver todo esse amor sem medo,
como vivesse o último momento
de um tempo incerto que nos cerca cedo,
e de si mesmo torna-se alimento.

Tão infinito amor!... pequena chama,
há de findar, por certo. E, de repente,
quando chegar-me o tempo da saudade...

Possa eu dizer, ao gosto de quem ama,
que para o amor que tive, certamente,
um breve instante é mais que eternidade!

terça-feira, 29 de março de 2011

EM TODAS AS COISAS... Martinho Rodrigues


Todo dia que Deus dava
E o sol nascia
Debruçada e pensativa
Ela estava
Na janela que se abria para o porto


A ver navio
Que chegava e partia
desde que o único filho fora morto


No vai-e-vem
Das ondas e dos dias
Seu olhar de saudade
Percebia
Em todas as coisas... a inutilidade