sábado, 24 de julho de 2010

Um soneto e um poeta da Vanguarda Modernista, no Ceará

DESTINOS
Franklin Nascimento


Você gosta de mim e eu por você
Somente por você ao mundo vim.
E sofremos, amor... Não sei por que
O destino nos faz sofrer assim!...


No seu dúlcido olhar a gente lê
Uma tristeza atroz que não tem fim.
E no meu pobre olhar existe um quê
Que bem traduz a mágoa que há em mim...


E vamos pela vida assim seguindo,
À busca de um Ideal risonho e lindo,
Que, enfim, nem sei se havemos de tocar.


Mas se eu nunca for seu, nem você minha,
Velhinho, hei de pensar numa velhinha,
E você num velhinho há de pensar...


...João Abreu Franklin Nascimento. Nasceu em Fortaleza a 21 de abril de 1901.
Foi funcionário do Ministério da Viação, com exercício na Rede de Viação Cearense.
BIBLIOGRAFIA
Publicou, em 1927, em colaboração com Jáder de Carvalho, Sydney Neto e Mozart Firmeza, CANTO NOVO DA RAÇA, livro que foi bem acolhido pela crítica, tendo externado a seu respeito, dentre outros: Tristão de Ataíde, Antônio Sales, Ildefonso Falcão, Gastão Justa, Paulo Sarasate, as revistas Excelsior, Fon-Fon, e várias outras, do Ceará, do Rio e dos Estados.
Colaborou nas revistas Movimento, do Rio, sob a direção de Jorge Amado, e Revista Antropofágica, de São Paulo, onde pontificavam Raul Bopp, Mário de Andrade, Cassiano Ricardo.
Fundou, em Fortaleza, com Demócrito Rocha, Jáder de Carvalho, Mário de Andrade, Heitor Marçal e outros intelectuais novos e de valor, as revistas Maracá e Cipó de Fogo, vanguardeiras do movimento modernista.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A BELEZA HUMANA

A Beleza Humana assim como o Encantamento Amoroso também possuem as suas diversas facetas, que se traduzem de forma própria com a circunstância e/ou com o tempo.

Há a BELEZA FÍSICA tão propagada e assediada na atualidade pela mídia, pelas academias e programas de nutrição...É própria e natural nos jovens e adultos, e buscada pelos "jovens de espírito".

Há a BELEZA QUE A AUTO-ESTIMA traz consigo... de cuidar-se física, afetiva e espiritualmente... de gostar de si mesmo, de suas qualidades e potencialidades... do Amar-se generosamente sem ser narcisista.

Há também a BELEZA DO APAIXONADO que leva consigo uma enorme energia afetiva refletida através do brilho do olhar, do encantamento pelo Outro, pela Vida, pelo trabalho, pela criatividade, pelo novo, enfim, por tudo que o "estado amoroso" pode nos proporcionar.

Há ainda a BELEZA DA MATURIDADE HUMANA, do equilíbrio emocional, da sensibilidade, da sensatez, do senso de justiça, da integridade interior, que ela, a Maturidade, traz como companheira.

Há a BELEZA DA SABEDORIA, Científica, Humana e Divina, que seduz todos que a possuem ou a buscam incansavelmente. Ela é que nem uma fonte d'água inesgotável, profunda, sempre viva e eterna.

E, finalmente, a BELEZA TRANSCENDENTE que os Místicos, os Poetas, os Cronistas, os Artistas trazem na sua aguçada percepção do que existe de encantador, mágico e infinito, na Vida e no Outro, no Mundo e na Humanidade.

JOSÉ WAGNER DE PAIVA QUEIROZ LIMA, Psicólogo/Jornalista/Escritor

domingo, 11 de julho de 2010

ACHEI ESSE TEXTO DE IVAN MARTINS MUITO INTERESSANTE

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.
Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.
Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.
A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.
A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?
A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.
Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.
Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.
Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.
Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.
Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

Ivan Martins é editor-executivo da ÉPOCA

quinta-feira, 8 de julho de 2010

PARA GISELDA, NA DATA DO SEU ANIVERSÁRIO - Lúcia Helena Pereira


VOCÊ, MINHA DILETA AMIGA, MINHA IRMÃ DO CORAÇÃO,
PARABENIZO PELO SEU ANIVERSÁRIO, DIA 14 PRÓXIMO.
BEM MAIS DO QUE UM ANIVERSÁRIO - A FESTA DA POESIA!
A POESIA LUMINOSA DA SUA INTELIGÊNCIA.


PARABÉNS AO CEARÁ DA SUA ILUSTRE ESCRITORA
A PRINCESA DOS POETAS DO CEARÁ,
AQUELA QUE JÁ IMORTALIZOU AS LETRAS FEMININAS DA TERRA.


PARAGÉNS, GISELDA MEDEIROS.
PARABÉNS MIL VEZES, POR SUA GRANDEZA E BELEZA,
POR SUAS VIRTUDES E ELEVADO CARÁTER.


EU TE AMO, GIGI!
LÚCIA HELENA PEREIRA
POETISA DAS FLORES

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"te amarei eternamente e, depois..."


de ti, serei inteiro


                        sempre
                       corpo de tulipas
                       amoroso tigre
como tu apenas viu.


                                                                      poeira
                                                                      cinza
                                                       eu hei de estar ali
                                                       te aquecendo
                                                       anônimo
                                                                     &
                                                                     calado
                                         dizendo para o amor triste
                                         que teima que não mais existe,
                                                                    que inda é
                                                    sem nunca ter estado.


                                        há um olhar de mim
                                       dois passos. seguindo
                                       vasto campo de amor que vi.
                                                                           sigo,
                                   no descompasso da morte rara,
                                      esse estar vivo e morrer em ti.


                                                              daufen bach.


(Blog: Omnia Vincit Amor)

domingo, 4 de julho de 2010

CONTEMPLAÇÃO

Acaso escutas um tropel insano,
que vai desvirginando as alvoradas,
e desce pelas tardes languescentes
até romper o útero da noite?!


Repara, olha, vê as alvas crinas
desse ginete posto em cavalgadas
indômitas e assaz apavorantes
diante de nós, humanos, e perplexos!


Pára um instante, sai de teu casulo,
contempla, tudo, tudo ao teu redor
como se fora tua última imagem.


Então compreenderás: é tão pequeno
e tão efêmero esse contemplar...
Por isso, sorve a vida inteiramente!

(De "Ânfora de Sol")