Passas.
Teu vulto é um oásis
onde quero aprender
o ofício das areias
nas longas noites
em que as estrelas
fiam fios finos
de fluida luz.
Teus passos na tarde
ecoam ainda
em minhas manhãs,
alvacentas e lânguidas,
como o marulho das vagas
que ficaram para trás.
Mas passas,
indiferente e lento,
sobre meus anseios
com mãos enfeitadas de adeuses
a romper em flores
de esquecimento.
E passas tão perto de mim
e tão distante!
Não conheces o mapa
de meus arquipélagos
nem sabes da beleza
de meus profundos mares
onde há conchas e corais
em êxtase.
Talvez um dia
- um dia desses -
quando pisares as névoas
do meu tempo
e sentires pesar o teu tempo,
talvez, tu resolvas ficar
no tempo dos meus domínios...
(Tempo das Esperas)
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