segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

VISÕES - GISELDA MEDEIROS

Surges... A manhã dorme em minhas pupilas.
Ainda não me fiz sol para o teu encanto.
Ainda não me fiz asas nem vento
para impulsionar-te.
Surges de um modo tão teu: esquivo e tímido.
Nem trazes uma rosa para meu deleite
nem dizes palavra alguma
nem me acenas com a esperança de ficares.

Tudo em ti é mito;
tudo em mim é poesia.
Tuas mãos derramam brindes;
minhas mãos derramam estrelas.

Há pássaros engaiolados em teus olhos;
nos meus há liberdade de nuvens em travessia.
Trazes uma dor que brinca de esconde-esconde;
trago uma alegria insone que brinca de ciranda.
Somos cara e coroa de uma ilusão a dois:
quando sou, não és;
quando estás, não estou.
Mesmo assim, de quando em quando,
surges, meu cometa!
E o meu céu inunda-se de tua luz

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