segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

BUSCA - Giselda Medeiros



Hoje quero tocar-te,
alcançar as dunas que circundam
a alvura de tuas praias.
Hoje queria ter
dedos insubmissos,
sentinelas destas mãos
que comandam a feroz audácia
de gestos indormidos.
Queria alongar-te pelo dorso manso
a inquietude de desejos secretos
até sentires a quentura gritante
da minha insaciável busca.

Sinto o tempo de amar,
o tempo de entrega.
Entanto, os meus olhos já se enublam
como um sol poente
nas águas sofridas de um rio.
E minha alma, cisne arisco,
já se inclina ante a miragem
do fogo de teus olhos.

Hoje queria tocar-te a superfície,
cadeia enervada de emoções.
Mas, que adianta!
Hoje é apenas um momento...
E o momento é breve como o canto
que te canto.
Depois... Somente a praia submersa
que se inclina
e o sol, pedaços de ânsias afogadas
na mansitude negra das águas.

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