LITTERIS

AOS AMANTES DAS LETRAS

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Depois de ti

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DO LIVRO CANTOS CIRCUNSTANCIAIS

DO LIVRO CANTOS CIRCUNSTANCIAIS
Giselda Medeiros

UM SONETO DE GISELDA MEDEIROS

DEPOIS DE TI


Depois que saboreei o mel da tua boca;

depois que conheci o afago de teus dedos;

depois que revelei-te os íntimos segredos,

eu ando pela vida estranhamente louca.


Depois de ti, senti que a luz do sol é pouca,

que os sonhos não são mais do que longos degredos,

que sou um oceano indômito, sem medos,

que vem beijar a areia em mansitude rouca.


Depois que desvendei o teu mundo submerso;

depois que descobri ser curta esta existência,

eu pus a eternidade em rimas no meu verso.


E quis te dar o tudo, além da brevidade

da vida, que é nada, do amor, que é essência,

para entregar-te, amado, intacta, esta saudade...

A CRÔNICA DE JOÃO SOARES NETO

A CRÔNICA DE JOÃO SOARES NETO

A PERPLEXIDADE E AS ESCOLHAS QUE FIZEMOS E FAZEMOS – João Soares Neto

“Faço parte do mundo e no entanto ele me torna perplexo”. Charles Chaplin.

Viver é um ato de resistência. A cada instante somos forçados a tomar decisões. Há uma colisão, a rua fica interditada. Como pedestres, ciclistas, motociclistas, passageiros ou motoristas devemos chegar aos nossos destinos. Assim, por razões alheias ao previsto, decidimos: a) ficar parados; b) encontrar uma rua secundária para continuar o nosso caminho.

Se ficarmos parados, nada muda. Só ouviremos as buzinas, a espera interminável pela perícia e pelos guinchos. Viver é conviver com o imprevisto. Ao concluir o ensino médio, somos orientados por pais e professores a fazer escolhas. Eles nos sugerem o que acreditam ser o melhor para o nosso futuro. Mas, e a vida é cheia de mas, nós devemos – e precisamos - com a inexperiência de adolescente, refletir se o indicado é aquilo que realmente queremos.

E, cá para nós, é muito difícil fazer escolhas fundamentais em qualquer tempo de nossas breves, médias ou longas vidas. Não temos binóculos para ver o futuro, tampouco sabemos aonde a decisão nos vai levar. Entretanto, se tivermos lido bastante, poderemos seguir, talvez com menos riscos, o caminho novo que se nos abre, a partir das informações e das simulações mentais feitas instintivamente.

Depois da escolha, admitindo que fomos persistentes, estudiosos ou nem tanto, nos deparamos com o primeiro fim de linha. Agora, deixei de ser estudante, tenho uma profissão que escolhi e preciso fazer dela o meu meio de vida. E aí você fica só. A solidão é a companhia dos que procuram tomar decisões para continuar e não ficar engarrafados pelas colisões que o destino nos impõe a cada dia.

Assim, emergimos como profissional ou colaborador de empresa ou órgão governamental. Meio sem bússola vamos procurando o que fazer, como fazer, quando fazer e por que fazer. Não há no mundo real um GPS a indicar aonde chegar. Tudo é tentativa e erro. Nada que a tecnologia da segunda metade do século passado ou o seu emergente aprimoramento nestes primeiros 15 anos dessa nova centúria que é o 21, possa nos dar certeza.

A vida não oferta certezas. Ela sugere opções múltiplas. Temos, com o nosso cabedal de conhecimentos, um samburá para depositar nossas quase vitórias, as muitas desditas e os poucos acertos. O tempo não é aliado de ninguém. Ele simplesmente vai indo. Segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia.

Entre cada novo dia há uma noite em que, bem ou mal, paramos para refletir e dormir. Das reflexões e dos sonos emergem os sonhos. Os sonhos até hoje não foram bem explicados por neurologistas, psiquiatras, psicólogos e psicanalistas. Nem eles entendem os deles. Tanto é verdade que, de tempos em tempos, “a interpretação dos sonhos”, escrita por Sigmund Freud, sábio, mas conflitado, vai sendo alterada por tantas quantas são as correntes do pensamento científico ou humanístico.

Neste momento brasileiro, em que cada dia surge nova e alarmante revelação, não há como não entrar em engarrafamentos mentais, pois fomos nós os que colocamos os falazes que estão aí. Ou somos os que não fomos suficientes coesos para impedir as suas escolhas. Agora, não importa. O passado sempre chega com os seus fantasmas, as suas cobranças e as muitas mídias querem decisões e soluções que custam a chegar. Quando chegam.

Enquanto isso, porque não podemos parar nos descobrimos com as manhãs que nos impõem agir com um mínimo de certezas e um balaio de dúvidas. Infelizmente, não possuímos a ventura de, como fez o poeta Fernando Pessoa, criar heterônimos diferentes para dividir e traduzir os nossos múltiplos humores, conflitos e sentimentos. Somos um só e já basta.

FIM DE TARDE

FIM DE TARDE
Vicente Alencar

UM POEMA DE VICENTE ALENCAR

FIM DE TARDE

Fim de tarde,

sexta-feira,

o mundo continua dando voltas.

Ninguém contenta ninguém,

muitos estão sozinhos

na grande multidão.

Os apelos são grandes,

as mãos que cumprimentam

nem sempre estão quentes.

Frias,

elas desafiam nervos e pensamentos.

Mas estou vivendo a emoção

de um fim de tarde,

absolutamente só,

porque assim é preciso.

Depura-se a alma,

estudam-se os sentimentos.

Lembramos pessoas,

amores,

feridas ainda abertas.

Minhas mãos estão quentes,

meus olhos veem

e meus ouvidos escutam.

O som da vida é grandioso.

O coração está aberto

numa ilha de saudades e lembranças.

Fim de tarde,

sexta-feira,

quedo-me às emoções.

MARTINHO RODRIGUES

MARTINHO RODRIGUES

MATINATTA

Hoje o sol veio
Perturbar mais cedo
O nosso amor...
Ainda adormecido

E desbotou
O azul do teu vestido
Que esqueceste
À noite sobre a relva.

(in: Manhãs de Sábado)

LYA LUFT

LYA LUFT
74 ANOS DE VIDA

UM TEXTO DE LYA LUFT

A Idade e a mudança

Lya Luft

Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.

Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.

E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

Foi um momento inesquecível... A plateia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência,

e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?

Onde é que nós estamos?'

Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.

Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.

A fonte da juventude chama-se 'mudança'.

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.

Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.

Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.

Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem,

só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho..."

VERDE - UM SONETO DE JÚLIO MACIEL

    Há uma ressurreição no Sertão rudo.
    Uma ressurreição! — Verde e risonho
    É o vale, verde a serra, é verde tudo
    Em que os meus olhos, deslumbrado, ponho.

    Bruto alcantil de aspecto mau, desnudo
    Esvão de terra, ríspido e tristonho,
    — Agora têm branduras de veludo,
    Verdes agora os vejo, como em sonho!

    Em cisma, a sós, contemplo verde liana,
    Verde, tão verde, com carícia humana
    As ruínas afagando a uma tapera.

    E na contemplação que me não cansa,
    Sinto quão doce és tu, cor da Esperança,
    — Até nos olhos de quem nada espera...

TRISTEZA

TRISTEZA

“A tristeza permitida” [Martha Medeiros]



Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down…” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

Fonte:
UOL Mais

HOMENAGEM A SUZANA RIBEIRO

HOMENAGEM A SUZANA RIBEIRO

ACRÓSTICO PARA SUZANA RIBEIRO - GISELDA MEDEIROS


Sobram-te canções de submissas ternuras,

Um ressoar de brisas cantadeiras

Zunindo pelo espaço azul de tuas tardes alvacentas.

Anjos dormitam num céu de irisado encanto,

Na doce quietude que te habita o olhar,

A salpicarem brancuras em tuas líricas alvoradas.

Retratas uma cidade com praças, retretas,

Idílicas cirandas suspensas na saudade,

Botões de sonhos... de maré, maré, maré...

Em tuas mãos há líricos luares,

Ideais vertendo-se qual fontes

Rumorejantes de palavras doces... de maré deci...

O teu destino é uma valsa a ninar uma eterna criança!

Feliz Aniversário!

VAMOS LER?

Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro; entenda mais sobre o aniversário mais famoso do mundo
Luciana Alvarez

Do UOL, em São Paulo

25/12/201207h00
  • Visita dos reis magos ao menino Jesus também é questionada por estudiosos

    Visita dos reis magos ao menino Jesus também é questionada por estudiosos

Bilhões de pessoas em todo mundo celebram hoje o aniversário de Jesus Cristo. A verdade, entretanto, é que ele não nasceu num dia 25 de dezembro. "A teoria mais forte atualmente é que a data tenha sido escolhida para se contrapor à principal festa religiosa dos romanos, do Sol Invencível, que se dava na noite do dia 24", afirma Valeriano Santos Costa, diretor da faculdade de Teologia da PUC-SP. Na data, os romanos celebravam o solstício de inverno, quando acontecia a noite mais longa do ano.

E não para por aí. O ano de nascimento de Jesus, que marca o início da contagem do nosso calendário - afinal, estamos a caminho do ano 2013 "depois de Cristo" - provavelmente está errado. "Os evangelhos não fornecem datas precisas, apenas indícios. E muitas variáveis devem ser consideradas, como a diferença de calendários adotados por judeus e romanos à época", afirma o historiador Julio Cesar Chaves, mestre em Ciências da Religião e pesquisador do cristianismo primitivo. "Tanto Lucas quanto Mateus relatam que Jesus nasceu durante o reinado de Herodes, o que provavelmente situaria o nascimento entre os anos 6 e 4 a.C. (antes de Cristo)", diz.

Segundo a tradição cristã, Maria teria dado à luz em Belém. Mas o local também é contestado por alguns estudiosos, como o teólogo americano John Dominic Crossan e o arqueólogo israelense Aviram Oshri. Belém, que fica na Judeia, é citada nos evangelhos de Lucas e Mateus, mas os especialistas dizem haver indicações de que ele teria nascido na Galileia, onde começou a pregar. O fato de ambos evangelhos situarem o nascimento em Belém é visto como uma tentativa de associar Jesus à profecia de Miqueias, segundo quem o messias esperado pelos judeus nasceria naquela cidade.

Se nem data e local de nascimento estão livres de controvérsia, tampouco as imagens reproduzidas nos presépios mundo afora, com o menino na manjedoura recebendo a visita dos três reis magos, são encaradas por estudiosos como realidade. "As narrativas sobre o nascimento foram feitas três ou quatro gerações depois, quando as informações históricas e os testemunhos diretos já estavam perdidos", diz André Chevitarese, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos autores do livro "Jesus Histórico. Uma Brevíssima Introdução", da Klíne Editora. "O relato tem uma discussão de poder, de reis importantes vindo de longe prestar homenagem", completa.

Sem detalhes claros sobre o nascimento de Cristo, há quem duvide de sua existência. Na opinião dos especialistas, entretanto, essas correntes apresentam mais motivações ideológicas do que históricas, uma vez que há, sim, provas da existência da Jesus. "Ele é tão histórico quanto o imperador Tibério, ou a maioria dos imperadores romanos. Se você vai colocar Jesus como ficção, tem que colocar boa parte da história antiga na linha da ficção. Do que não se tem provas científicas é de que ele seja o salvador. Aí entra a questão da fé", afirma Costa.

"A quantidade de fontes antigas de períodos praticamente contemporâneos a Jesus que o mencionam é considerável - inclusive em obras não cristãs. Não faria sentido pensar que uma quantidade tão grande de fontes compostas quase ao mesmo tempo e por autores diferentes fizesse referência a uma pessoa que nunca existiu, ou que fosse fruto de uma invenção", diz Chaves. Segundo ele, a ideia segundo a qual Jesus seria uma invenção mítica surgiu por volta do século 18, e nenhum estudioso sério defende tal tese. "A quantidade de fontes antigas que mencionam Julio César, por exemplo, é muito menor do que as que mencionam Jesus. No entanto, nunca vi ninguém questionar a existência do primeiro", completa.

Pesquisa recente

  • Rose Lincoln/Harvard University/A

    Karen King, pesquisadora de Harvard, segura fragmento de papiro que sugere casamento de Jesus

A mais recente pesquisa sobre a vida de Jesus trata de um fragmento de papiro traduzido do copta - idioma usado por cristãos no Egito antigo - pela professora da Escola de Teologia de Harvard Karen King e cita Jesus dizendo "minha mulher". A própria historiadora reconhece que o documento, escrito cerca de quatro séculos após a morte de Cristo segundo suas estimativas, não prova que ele fosse casado, apenas que cristãos dos primeiros séculos acreditavam nisso. "E ninguém sabe ao certo se esse papiro é real ou uma farsa", ressalta Costa.

Estudar a vida de Cristo é um tema polêmico pois envolve não só ciência, mas fé. Para Chevitarese, jamais existirá um retrato único dele. "É como um caleidoscópio. Existem inúmeros retratos de Jesus: no evangelho de João, Jesus é Deus; para Paulo, ele é o messias, mas não Deus. No fundo, Jesus é uma percepção de cada comunidade", conclui.

GISELDA MEDEIROS

GISELDA MEDEIROS

VISÕES - GISELDA MEDEIROS

VISÕES

Surges... A manhã dorme em minhas pupilas.

Ainda não me fiz sol para o teu encanto.

Ainda não me fiz asas nem vento

para impulsionar-te.

Surges de um modo tão teu: esquivo e tímido.

Nem trazes uma rosa para meu deleite

nem dizes palavra alguma

nem me acenas com a esperança de ficares.

Tudo em ti é mito;

tudo em mim é poesia.

Tuas mãos derramam brindes;

minhas mãos derramam estrelas.

Há pássaros engaiolados em teus olhos;

nos meus há liberdade de nuvens em travessia.

Trazes uma dor que brinca de esconde-esconde;

trago uma alegria insone que brinca de ciranda.

Somos cara e coroa de uma ilusão a dois:

quando sou, não és

quando estás, não estou.

Mesmo assim, de quando em quando,

surges, meu cometa!

E o meu céu inunda-se de tua luz.

UM ESTUDO DA REVISTA LITERATURA

Memórias de infância na poética de Manoel da Barros

por Weslley Moreira de Almeida

As experiências infantis, guardadas na memória, chegam à equivalência de poesia pelas mãos de alguns poetas. A infância é um lugar onde o poético surge de brincadeira. Nela encontramos fecundo material para o fazer poético, pois ali temos o espanto com as coisas “óbvias” da vida. A linguagem está ainda naturalmente brincando na sua formação. Por isso, há uma fluente transgressão linguística, o que muito serve à poética das despalavras, tão percorrida por Manoel de Barros.

O poeta mato-grossense trilha por passos que avançam para o criançamento na seu ato poemático. O eu lírico de seus poemas – não poucas vezes – é criança que se lança nas sagas das palavras-brinquedos, montando sua poesia como um jogo de lego.

O escritor é autor de vários livros, dentre eles: Exercícios de ser criança, Cantigas para um passarinho à toa e Poeminha em língua de brincar; onde recobra suas infâncias (reais e imaginárias). Um dos seus versos apontam o porquê dessa sua desenvoltura: “Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças”. A infância é fonte de aprendências para o poeta. Lá, a imaginação fecunda não tem as prisões da vida adulta, tão pragmática.

A criança retratada nos versos de Manoel de Barros é aquela disposta a peraltices, a invenções: “Gostei mais de um menino que carregava água na peneira”. Os inventos do seu eu lírico percorre as inutilezas do imaginário e ganha olhar vesgo de criança; por isso, atinge a dimensão de poesia: “As cigarras derretiam a tarde com seus cantos”.

Nos versos do poeta penetram imagens da fauna e da flora de sua terra de quando criança. Vaga-lume, cigarra, andorinha, borboleta, figueira e lírios compõem o mosaico natural de seu quadro lírico. Comumente, na sua escrita, os seres que tem importância são ínfimos. E, assim como os vaga-lumes na sua ínfima grandeza pontilham de luz a escuridão, as crianças (e a infância), o mundo.

É marcante, portanto, em toda a poesia do autor essa ânsia pelo retorno à fala primeira, não viciada, germinal, quando as coisas estavam ainda ganhando nome. Ele interroga: “O saber não vem das fontes?”. E expressa seu desejo:

Eu queria aprender o idioma das árvores. Saber as canções do vento nas folhas da tarde. Eu queria apalpar os perfumes do sol

Ele anseia, assim, o contato direto com a nascente do poético.

Um das coisas inerentes à infância é o ato de brincar. O autor se propõe ao lúdico nas suas escrevências. A respeito de um personagem do seu livro em Poeminha em língua de brincar, afirma, num verso: “Sentia mais prazer de brincar com as palavras do que de pensar com elas”. Pensar, portanto, é prescindível no mundo da criança (apesar desta também fazê-lo). A imaginação brincante se revela a todo momento nesse estágio de vida. O faz de conta se instaura como lugar paralelo, dando significado ao mundo não imaginário, enchendo-o de símbolos e ludicidade.

Mas para o mundo prosaico dos humanos que adultecem, a brincadeira e a imaginação são somas iguais a nada. Contudo, como afirma o poeta: “Se o Nada desaparecer a poesia acaba”. Disto vem a importância que ele enxerga nas coisas que “não servem para nada”, como a infância, dando-lhes alcance de poesia: “Tudo aquilo que leva a coisa nenhuma /e que você não pode vender no mercado/ (...) serve para poesia”. O criançamento – estado de espírito onírico, inventivo e transgressor – é invendável. Serve só para o encantamento poético.

Weslley Moreira de Almeida é graduado em Letras pela UEFS, especialista em Língua Inglesa pela FACINTER e faz parte do Núcleo de Investigações Transdisciplinares NIT/UEFS, onde atua como membro da comissão editorial do Jornal Fuxico.

DIA DA PÁTRIA - SALVE, MEU BRASIL!

DIA DA PÁTRIA - SALVE, MEU BRASIL!

SALVE, BRASIL, PÁTRIA AMADA!


PAÍS TROPICAL


Mônica Serra Silveira


Amo-te, Brasil

Com teus lábios de sotaques

Com teus olhos verdes matas

Com o teu andar de balanço

Com o teu porte de cataratas

Amo-te, Brasil

Com tuas mãos de vaqueiro

De pescador, batuqueiro

Com tua pele mestiça

Com a tua fé de noviça

Amo-te, Brasil!

Com o teu corpo de curvas

Com o teu sorriso de sol

Com o teu cheiro de chuva

Com o teu grito de gol

Amo-te, meu Brasil!

Com o teu peito de dunas

Teu sexo de arranha céu

Com o teu gosto de rapadura

E o teu cabelo de mel

Sempre ei de amar-te, Brasil!

Com teu paladar de pimenta

Volúpia de carnaval

Amo essas costas que ostentas

Teu semblante azul angelical

SEGUINDO TEUS PASSOS... FERNANDA BENEVIDES

SEGUINDO TEUS PASSOS...  FERNANDA BENEVIDES

REVERSO DE CANÇÃO DA ESPERA

Giselda querida.

Seu irretocável poema Canção da Espera calou fundo em meu coração ardente, apaixonado e quente. Identifiquei-me tanto com tão belos versos que ousei escrever o reverso:


SEGUINDO TEUS PASSOS...

FERNANDA BENEVIDES


Ávida de amor,

sigo teus passos langorosos,

lentos e silentes,

marinados e altissonantes

a florescer nos canteiros matinais

da erma e desoladora espera,

perfumando as nostálgicas tardes crepusculares...

Eis que passeias tão próximo

e indiferente aos meus ais,

acenando-me adeuses

e sugerindo esquecimento,

impondo-me assim,

rigoroso tormento.



MUITO INTERESSANTE

UM TEXTO DE RUBEM ALVES

Meditar é aprender a ouvir

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.

Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil.

Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.

Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro:

Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.

É preciso também que haja silêncio dentro da alma.

Daí a dificuldade:

A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...

Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração.. .

E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.

No fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.

Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala.

Há um longo, longo silêncio.

Vejam a semelhança...

Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...

Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.

Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.

Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.

Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos. ..

Pensamentos que ele julgava essenciais.

São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.

Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.

Na verdade, não ouvi o que você falou.

Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.

Falo como se você não tivesse falado.

Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.

É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.

E, assim vai a reunião.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.

E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência.. .

E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.

No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.

Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia...

Que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.

Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.

Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

HOMENAGEM AOS PAIS

HOMENAGEM AOS PAIS
Mário Quintana

As Mãos do Meu Pai ... {Mário Quintana}

As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis

sobre um fundo de manchas já cor de terra

— como são belas as tuas mãos —

pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram

na nobre cólera dos justos...


Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,

essa beleza que se chama simplesmente vida.

E, ao entardecer, quando elas repousam

nos braços da tua cadeira predileta,

uma luz parece vir de dentro delas...


Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,

vieste alimentando na terrível solidão do mundo,

como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?

Ah, Como os fizeste arder, fulgir,

com o milagre das tuas mãos.


E é, ainda, a vida

que transfigura das tuas mãos nodosas...

essa chama de vida — que transcende a própria vida...

e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

ACADÊMICA MARLY VASCONCELOS

ACADÊMICA MARLY VASCONCELOS

UM POEMA DE MARLY VASCONCELOS

MINAS

Marly Vasconcelos

(Da Academia Cearense de Letras)


os santos dedilham terços

com lábios quase cerrados

(um sobrado de azulejo

uma mulher e um bordado)


os santos em penitência

têm os joelhos marcados

(um sobrado de azulejo

uma mulher e um bordado)


os santos choram e lamentam

na sala morta, fechada

(um sobrado de azulejo

sozinho - abandonado).


HOMENAGEM

Agradeço a homenagem a mim prestada pela Academia de Letras e Artes do Ceará (ALACE), por seu Presidente Zelito Magalhães, dia 20 de julho de 2013. Também foram homenageados Artur Eduardo Benevides e Pedro Henrique Saraiva Leão.eão.

A fala da homenageada

A homenageada com a filha Rosinha Medeiros

Recebendo Diploma de Mérito Cultural das mãos de Antônio Santiago Galeno

Presidente da ALACE Zelito Magalhães e a Homenageada

HAICAI - ELIANE ARRUDA

HAICAI - ELIANE ARRUDA

ÁRVORE BAILARINA

ÁRVORE BAILARINA

UM SONETO DE FLORBELA ESPANCA


Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

QUANDO EU MORRER - MÁRIO QUINTANA

Quando eu morrer e no frescor de lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixai-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhum de vós!

Quero é ficar com alguns poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!...

Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr-de-sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas.

E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios de vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto...

Quintana, Mario, 1906-1994
A rua dos cataventos / Mario Quintana - 2.ed. -São Paulo

APENAS UM POEMA...

APENAS UM POEMA...

DE GISELDA MEDEIROS

O POEMA E A EMOÇÃO


Não quero que o poema que escrevo agora

sacie a fome do poeta devorador de imagens.

que minha palavra, antes que seja poema, mostre pontes,

indícios, gestos de mãos a esculpi-lo, sangrando, sofrendo

por entre o tremor do abandono dos dedos.

Quero que mostre o caminho árido das rugas, acelerando-a, ela, a palavra marcada pelo pulsar vermelho das arritmias,

injetando sangue nas células do meu poema.

Ah, como quereria assistir a esse espetáculo:

emoção versus palavra, em que não há vencido nem vencedor,

apenas a fusão de todas as deidades – o verso universal que nos desperte, com seu ritmo de luz, ante o fascínio da terra, e nos faça ninar, ouvindo a voz náufraga e adormecida

de velhos poetas em suas canções de água e de espelhos.

QUEM NÃO SE LEMBRA DO PRIMEIRO AMOR?


SONETO DO PRIMEIRO AMOR

Aloísio Alves da Costa (in memoriam)


Beijei-te o rosto e pálida de espanto,

leve pousaste a mão na minha mão.

Teu coração feliz batia tanto,

quanto feliz bateu meu coração.


Era tempo de amar e assim, portanto,

hora de enlevo e tempo de emoção.

Meu sonho se fez luz e, feito encanto,

naquele instante fez-se uma canção.


Nosso primeiro amor... quantos abraços,

mas deu-se o desencontro em nossos passos,

e agora o desencanto nos invade.


Depois daquele idílio de criança,

de outros amores guardo uma lembrança,

mas do primeiro, guardo uma saudade...

O PRIMEIRO AMOR...

O PRIMEIRO AMOR...

VOCÊ SABE SE COMPORTAR DIANTE DA RAIVA?

VOCÊ SABE SE COMPORTAR DIANTE DA RAIVA?

RAIVA: EXPLODIR OU GUARDAR?

Interpretar esse sentimento ajuda a manter relacionamentos e lidar com tristezas

A raiva é um dos sentimentos mais comuns e também um dos mais negados e difíceis de lidar. Normalmente, as pessoas ficam entre dois extremos: extravasar a raiva ou contê-la. Mas nenhuma dessas duas alternativas deve ser seguida ao extremo, pois podem prejudicar a própria pessoa e abalar o relacionamento com outros. Entenda por que e saiba a melhor forma de lidar com essa situação.

Sem controle

Extravasar a raiva sempre que ela surgir, como alguns aconselham, não é adequado e nem sábio. Isso pode até gerar um alívio momentâneo, mas, e depois? Grandes estragos são feitos nos relacionamentos em nome desse "extravaso". Uma palavra falada num tom agressivo, mesmo que num momento de raiva, pode estragar amizades e criar muitas barreiras.

Existem alguns distúrbios psiquiátricos nos quais as pessoas não conseguem conter seus impulsos agressivos, é o caso do distúrbio explosivo intermitente, por exemplo. A pessoa não consegue controlar seus impulsos agressivos e tem momentos de explosões raivosas, destruindo objetos ou agredindo pessoas. Nesses casos, é preciso fazer tratamento psicoterápico e até medicamentoso para conseguir conviver em família e sociedade sem causar danos a si ou a terceiros.

Infelizmente o que vemos é que grande parte das pessoas que agridem verbal ou fisicamente filhos, cônjuges, pais, amigos e conhecidos não possuem tal distúrbio. São pessoas que não aprenderam desde pequenos a lidar com as frustrações que fazem parte da vida e do convívio social.

Sentimento sufocado

"Se você fizer uma análise honesta sobre o que o deixou com raiva, encontrará uma tristeza por alguma perda, uma expectativa que não se concretizou, uma rejeição, uma mágoa e muitas outras coisas que nos entristecem."

No outro extremo, estão pessoas que não conseguem expressar um mínimo de descontentamento ou raiva diante daquilo que as prejudica ou fere. Essas pessoas sofrem porque não querem ver o outro sofrer. Elas acreditam que dizer "não" e manifestar indignação ou raiva são atitudes que farão delas uma pessoa "má". Normalmente, essas pessoas buscam a psicoterapia porque se sentem sufocadas e têm dificuldade de reagir.

Equilíbrio de forças

O difícil, mas não impossível, é encontrar um equilíbrio entre esses dois extremos. A raiva é um sentimento que tem sua função no psiquismo. Ela sinaliza que fomos injustiçados, traídos, rejeitados, caluniados... E por aí vai. Além disso, todo sentimento de raiva esconde uma tristeza por trás dele. É só você parar e pensar na última vez que sentiu raiva. Se você fizer uma análise honesta sobre o que o deixou com raiva, encontrará uma tristeza por alguma perda, uma expectativa que não se concretizou, uma rejeição, uma mágoa e muitas outras coisas que nos entristecem.

É muito mais fácil reconhecer que estamos com raiva do que tristes. A raiva nos dá a sensação de sermos fortes e poderosos. Muitas pessoas acreditam que, se disserem que estão tristes, parecerão frágeis e vulneráveis perante os outros. No entanto, é preciso questionar essa crença. A nossa força não está na raiva, mas sim na coragem de tomar consciência dos próprios sentimentos e daquilo que nos faz sofrer e, se possível, encontrar um jeito de lidar com isso.

É claro que existem muitas situações que são de extrema violência ou abuso contra nós ou contra outros que merecem a nossa explosão. A maioria das questões que vivemos no cotidiano, porém, poderia ser resolvida de forma mais construtiva, ouvindo a tristeza que está por trás da nossa raiva.

Embora seja difícil, esse exercício favorece os relacionamentos. Se conseguirmos falar para o outro o que nos deixou triste e que não queremos mais que aquilo aconteça, em vez de explodir e colocar para for a toda a nossa raiva, evitaríamos muitos rompimentos, mal entendidos e distanciamentos nos relacionamentos.

POR ESPECIALISTA - ATUALIZADO EM 18/04/2013 Share on email Share on facebook Share on twitter 218

ESCRITO POR: Miriam Barros - Psicologia

MAIS UM SONETO DE J. UDINE

MAIS UM SONETO DE J. UDINE

SONETO DE EGOLATRIA


Senhor, enche os meus olhos com Tua Poesia!
És Luz a iluminar a minha vista de cego...
Vem depressa, Senhor, salva--me da egolatria,
Deste culto que faço do meu próprio ego!

Já tenho erguido altares vãos, em fantasia!
Assim, cuido só de mim e, a Ti, eu renego...
Meu Deus, arranca-de mim toda idolatria:
Põe nos meus olhos Tua Luz, pois estou cego!...

Bem sei que "sou irmão das estrelas", Senhor!
Mas, também, sei que nada sou sem Teu Amor...
Por favor, Deus, enche-me com Tua Poesia!

Com Tua Luz, volto à divina compreensão:
Somente a Ti prestarei culto e adoração,
Pois já liberto estou da vil egolatria!

J. Udine - 08-02-2012.

UMA AMOSTRA DE SANTIAGO NAUD

UMA AMOSTRA DE SANTIAGO NAUD

A DISCIPLINA DO AMOR - CONTO

Foi na França, durante a Segunda Grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhcecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava até a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.

Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que oudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias.

Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina.

As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?…Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.

Lygia Fagundes Telles. A disciplina do amor.

NOSSOS PARABÉNS À GRANDE LYGIA FAGUNDES TELLES

NOSSOS PARABÉNS À GRANDE LYGIA FAGUNDES TELLES
90 Anos de muita Literatura

VERSOS CIRCUNSTANCIAIS

VERSOS CIRCUNSTANCIAIS

GENIAL ESSE VERÍSSIMO!!!

GENIAL ESSE VERÍSSIMO!!!

VAMOS LER????

"Eu tomo um remédio para controlar a pressão.

Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.
Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção.
Tô sofrendo de preção alto
.

O médico mandou cortar o sal.Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais.

Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério!
Não sei mais o que é real.
Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no banco.
Não tem mais um Real.


Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas:
Sabe aquele carro? Esquece!
Aquela viagem? Esquece!
Tudo o que o presidente prometeu? Esquece!


Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time:
- nas últimas.
Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala perdida...
Entra por um ouvido e sai pelo outro.

Faz diferença...
"A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo"

Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio" ....

Luiz Fernando Veríssimo

ÁGUA - VAMOS PRESERVÁ-LA!

ÁGUA - VAMOS PRESERVÁ-LA!

DIA DA ÁGUA

  • Francisco Jose Pessoa
    VINDA DO ÂMAGO DA TERRA
    TÃO DOCEMENTE PARIDA,
    NA GOTA D'ÁGUA SE ENCERRA
    TODO SEGRÊDO DA VIDA!

CECÍLIA MEIRELES

CECÍLIA MEIRELES

LEDA COSTA LIMA - POETISA E TROVADORA

LEDA COSTA LIMA - POETISA E TROVADORA

CRISTAL DE ESTRELAS - LEDA COSTA LIMA

Abri a porta do meu coração

e ante o teu fascínio, ajoelhei-me!

Mas por que prometes

o que não me podes dar?

Na luta pela vida, sou mulher forte!

Porém, quando se trata de sentimentos,

sou como uma bolha de sabão

rompendo-se ao sopro da brisa,

sem que ninguém a toque...

Sou pequenino búzio entre rochedos...

Sou cristal, assim tão frágil,

que diante de um grito de angústia

ou gesto de traição

desfar-se-á em mil fragmentos

estilhaçando a ilusão

que em mim habita...

Mas, buscarei espelhar-me

em tua grandeza, e, pequenina como sou,

qual grão de areia,

hei de transformar-me

em cristal de estrelas

para poder brilhar contigo

bem junto do teu Céu!

ENCANTA-SE O POETA FRANCISCO CARVALHO

ENCANTA-SE O POETA FRANCISCO CARVALHO
MEMBRO DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS

MINHA HOMENAGEM AO GRANDE POETA FRANCISCO CARVALHO, NESSE SEU POEMA:


LIMITE
Chego ao limite da
encruzilhada em que o sonho
já não é mais sonho.
Uma comarca de espinhos
e veredas acaba onde começa
um jardim desmoronado.
A morte esteve aqui.
A máscara do assombro
ainda se move por
detrás do vento e dos espelhos.
A fala ainda repercute
nas paredes. Borboletas de
asas de chuva esperam
pelo milagre da ressurreição.
Chego aos limites das
minhas utopias: as potências
do corpo não são eternas.
A morte esteve aqui,
acorrentada à orla dos rios
da noite. Deusa de cinza,
a memória ainda pastoreia
esqueletos de palavras
e de folhas mortas.
FRANCISCO CARVALHO, in: Centauros Urbanos.

SÉRGIO MACEDO - MÉDICO E POETA

SÉRGIO MACEDO - MÉDICO E POETA

COTIDIANOS, COTIDIANOS, COTIDIANOS - SÉRGIO MACEDO


As ruas caminham meus passos
Que encontram espaço nos espaços da consciência.
Buracos, tempos maduros ou quase apodrecidos
De espera.
A longa espera esteriliza a alma e os nossos olhos
Que passam de cegos
A observar apenas o que é de mal.
O momento, aquele ponto especial
Preparado para natureza,
Foge de nossas mãos para sempre,
Na ladeira vertiginosa do infinito,
Que não olha para trás
Não dá segunda chance a ninguém.

O mórbido bocejo do índio velho representa passado.
As ilhas se unem e formam um continente vazio,
Os corações se unem,
Por falta de letras comuns, se partem, se desenvolvem
Em outras searas e amputam
O que poderiam ser chamado de amor,
Essa coisa perplexa e quase inexistente, cheia de outros nomes,
Cheia de tantas interpretações,
Negada em tantas tragédias,
Consumida em tantas ilusões.

Canso-me de tanto te cansar e saber
Que me cansarei ainda mais com o inoportuno
Com o incorrigível,
Com o velho e estragado vinho intragável,
Feito de uvas expurgadas do vinhal.
Parece que horizontes e portos não são mais referência,
Não são mais limites, pois horizontes não existem
Portos estão alagados.

O mar e seu vento intenso
Somente sacodem o imponderável
Misturam-no com o místico
Transformando tudo em um cadinho dificilmente decifrável.
Meus dias caminham para trás, minhas noites anoitecem
Não vem a claridade,
As luzes da noite são tardias e a lua
É a grande estrela negra de luz vazia.

UM MOMENTO, UMA PAUSA

UM MOMENTO, UMA PAUSA

UM MOMENTO DE REFLEXÃO

A OBSESSÃO PELO MELHOR
Leila Ferreira
Leila Ferreira é uma jornalista mineira com
mestrado em Letras e doutora em
comunicação em Londres,
que optou por viver uma vida
mais simples, em Belo Horizonte

Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a
melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos
faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso
acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado,
modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa
espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta
conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo
melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos,
às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140 km, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de
chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa, mas vou em outro porque tem o "melhor chef"?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um
melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos
e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem ou a mulher que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os "perfeitos".
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vão me dar à
chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é o mesmo, mas está vivo, saudável e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu???...
Sofremos demais pelo pouco que nos falta
e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.
Shakespeare

MARTINHO RODRIGUES

MARTINHO RODRIGUES
MÉDICO E POETA

PARA SE DELEITAR

Pouco importa se a madrugada é fria,
se minha voz me foge de repente,
se a poesia é uma mulher ausente
a debochar dos versos que eu faria.

Martinho Rodrigues

AOS QUE ME VISITAM

AOS QUE ME VISITAM
UM BOM DOMINGO

UM SONETO DE GISELDA MEDEIROS

UM SONETO DE GISELDA MEDEIROS

SEM PALAVRAS (PARA NÁGILA E MÁRIO BARBOSA)

Nem falamos de amor... mas, na verdade,

falar, pra quê, se nosso olhar, no breve

encontro que tivemos, fez-se leve

linguagem, plena de emotividade?...


Nem falamos de amor... contudo a neve,

que alva e ternamente nos invade,

fez-se poema auroral de liberdade,

verso lilás que a vida nos escreve.


Não sei, amor, ao certo, se é loucura

minha alma, frágil em sua arquitetura,

arder em chama tão descomunal.


Mas, se o amor é bem que não tem preço,

e, como ser humano, eu o mereço,

penetro-lhe, sem medo, a catedral.

GISELDA MEDEIROS

VIVER É TER LIBERDADE

VIVER É TER LIBERDADE

INSTANTES - NADINE STAIR


Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais,
contemplaria mais amanheceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
teria mais problemas reais
e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e produtivamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter
somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida,
só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar
descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
Contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 48 anos e sei que
estou morrendo.

(colaboração de Fernanda Ponte Benevides)
OBS. este poema é atribuído, erroneamente, a Jorge Luís Borges

A TODOS OS LEITORES DESTE BLOG

A TODOS OS LEITORES DESTE BLOG
UM 2013 ESPETACULAR!

RECEITA DE ANO NOVO - Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
... Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Tua é a terra com tudo o que existe no mundo E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!”

Tua é a terra com tudo o que existe no mundo  E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!”

LINDO POEMA!

SE

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
... E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling
(Trad. Guilherme de Almeida)

VINICIUS DE MORAES - 100 ANOS DE NASCIMENTO

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

- Vinicius de Moraes

REGINE LIMAVERDE< ANA PAULA MEDEIROS E MARIA LUÍSA BOMFIM

REGINE LIMAVERDE< ANA PAULA MEDEIROS E MARIA LUÍSA BOMFIM
POSSE NA ACLP

REGINE LIMAVERDE, ANA PAULA MEDEIROS E MARIA LUÍSA BOMFIM

Estou mostrando a vocês meu discurso de posse na Academia Cearense da Língua Portuguesa, na qual ingressei e tomei posse juntamente com as minhas queridas Ana Paula Medeiros e minha prima -irmã Maria Luísa Bomfim. Os discursos delas foram muito bons e curtos ( melhor ainda!!) e ambas são muito, muito inteligentes. Desejo às duas, longa vida, juntamente, comigo nesse nosso novo Grupo de cultura.

Senhor presidente
Srs. Acadêmicos
Senhores e Senhoras,
Que língua é essa trazida pelos portugueses quando descobriram o Brasil?
Que miscelânea fizeram com a fala dos índios sob o nosso céu de anil?
Mais tarde com a dos africanos, misturados às saudades, surgiram variações:
benzinho, nézinho, inhozinho, me diga, me espere, amenizando ausências, sangrando corações.
Que língua é essa tão dinâmica que ainda hoje sofre variâncias, anexando linguagens,
termos estrangeiros, termos internautas, termos inteligentes, termos bobagens,
mas que no fundo guarda a essência galega, romana, grega, latina?
Essa língua imortalizada por Camões que é falada muito longe, até na China
foi cantada por Bilac “A última flor do Lácio” e de oito países é a língua oficial.
É língua rica, dengosa que nem as escravas africanas, cheirosa que nem flor de bogari.
É língua bela, que expressa amor, saudade, ausência, tudo, tudo que se pensa aqui.
Não a uso para dela tirar meu pão, pois não sou professora de língua
embora dela, sempre viva à míngua.
Sou poetisa. Choro sentimentos, vivo centrada na natureza,
Gosto do cheiro de plantas, de sol, de mar, gosto da minha Fortaleza.
Sou deslumbrada com a vida, ainda que me persiga a morte.
Dela muito sofri, ao vê-la o amado carregar, e choro por sua ausência.
E choro por sua palavra, e choro por minha impotência
em não poder trazê-lo de volta e ser como antes era.
E é a língua portuguesa que me consola, é a palavra que me faz sonhar ,
quando choro e, pelo amado estou a clamar.
É ela que me ajuda a contar de saudades, infelicidades.
Mas hoje é alegria, e se ele, o amado, comigo estivesse,
por certo estaria a sorrir, mas é com o fingimento de Pessoa,
outro abençoado poeta que do nosso português só fez coisa boa,
é dele que me valho, fazendo de conta que tenho alguém para fazer conta de mim
E os nossos antepassados quando aqui chegaram? E Cabral quando nossa terra avistou?
A quem ele sorriu pela primeira vez?
A quem deu um bom-dia num bom português?
Como teria sido sua viagem de medo, de vento, de fantasmas, de pavor?
Que sereias haverão de ter cantado e embalado o sonho dos descobridores?
Oh! Bendito Cabral que nossa língua trouxe. Apesar de cobiçadores
de nossas riquezas, de nossas pedras, de nosso ouro , foram os velejadores
homens de coragem, de força, de ferro, de audácia que o mundo aumentaram.
Não fora eles, seríamos um nada, um ponto perdido, selvagem, no equador.
Ah! Que dor!
E nossa língua, tão melhorada, tão dinâmica, seria ausente do continente.
Que inveja outros povos têm do português que aqui se fala e de toda nossa gente.
Nossa língua é viva, é voz que fala, é chama que arde, é sino que toca.
Tem doçura, tem rapadura, tem mel que escorre da boca.
Quando se fala é o som da voz do amado falando ao ouvido de sua amada.
Tem vida. Não é uma língua que arranha. É clara, é sonora, é delicada.
Pensando nessa beleza é que Itamar Filgueiras, meu antecessor
fez dela, da língua portuguesa, o seu verdadeiro amor.
Era ele que ensinava que nem sempre LHE é objeto indireto
e que há casos em que ele pode ser sujeito.
Quantos disso sabem?
Era ele o maior professor de concursos. Mudou a vida de muita gente.
Era homem sábio, justo, bom professor e eloquente.
Que mérito terei eu para sucedê-lo na Academia?
Sou apenas uma professora de Ciências, doutora em microbiologia.
Sei da vida das bactérias, sei de vidas primitivas, de célula procariótica.
Que papel teria eu no estudo da semântica, da semantologia, da semiótica?
Uso palavras para construção, mastigo-as para um bom significado.
Na arte de versejar preciso dar o meu belo recado.
Gosto de palavras sonoras e há tantas no nosso português: amor, prolixidade,
desconstrução, seixo, descontinuidade, orvalho, fenda, saudade.
Isto sem falar nas engraçadas cearenses: espilicute, biloto, gastura...
São tantas palavras bonitas , tantas e com tão belas costuras....
E o Patrono dessa cadeira? Cândido Figueiredo, filólogo e conhecido escritor
de um dicionário, e pela língua portuguesa, também cheio de amor.
À imitação de Cabral, nasceu em Portugal, em Lobão da Beira e morreu em Lisboa.
Da nossa língua e, de quem a ela se dedicou, sabemos tantas coisas boas!
Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, José de Alencar, Machado de Assis,
Tantos foram os escritores famosos e cuidadosos do português que eu li.
Da atualidade, mesmo ausente do mundo, li Herberto Sales, Cecília Meireles,
Clarice Lispector (a grande) e de agora: Marly Vasconcelos, Giselda Medeiros,
minhas amigas da Academia Cearense de Letras.
Também Ângela Gutiérrez, Carlos Augusto Viana, José Telles. Pedro Henrique Saraiva Leão,
Sem esquecer Luciano Maia, Artur Eduardo Benevides, Juarez Leitão,
De poetas nem é bom falar, para o coração dos não - citados não chorar,
mas o Francisco Carvalho, o Cid Saboya e o Vicente Alencar,
Não. Não poderia deixar de falar.
Meu obrigada a eles todos: ao José Augusto Bezerra, ao Horácio Dídimo, ao Linhares Filho e ao Genuíno Sales.
Foram eles que ajudaram às mulheres, que hoje tomam posse nesta Academia.
Seria ingrata, injusta, se não falasse. Eu sei que devia.
Finalmente, gostaria de lhes contar que este meu colar é uma condecoração
que meu trisavô , Barão de São Leonardo, ganhou de D. Pedro II
por ter participado heroicamente da “Balaiada”, capitão que era da Guarda Nacional.
O título de Barão havia ganho antes, do Rei D. Luís I de Portugal.
Esta, “A Imperial Ordem da Rosa”, foi instituída por Dom Pedro I, um presente de amor
à Rosa Amélia,sua segunda mulher, por quem ele se apaixonou.
Minha prima Maria Luísa tem no pescoço outra comenda,
a “Imperial Ordem do Cruzeiro” que orgulhosamente ostenta,
também presente ao Barão, do nosso importante Imperador.
Um obrigada a todos, e saibam que o meu sangue não é azul, apesar do Barão.
No meu coração corre sangue vermelho, junto a vocês, que aí estão.
Quem vive de amigos não morre, vira estrela no céu, um sol, vira canção.
Parafraseando Álvaro Moreyra que falou que há palavras que
a gente diz e sente o gosto do que elas significam, digo sempre comigo:
uma palavra doce, gostosa, macia, sincera, é a palavra AMIGO.
Muito obrigada.
REGINE LIMAVERDE
22/11/2012

BELÍSSIMO SONETO

BELÍSSIMO SONETO
Uma joia da poesia brasileira

ARGILA – RAUL DE LEÔNI

Nascemos um para o outro, dessa argila

De que são feitas as criaturas raras;

Tens legendas pagãs nas carnes claras

E eu tenho a alma dos faunos na pupila...


Às belezas heróicas te comparas

E em mim a luz olímpica cintila,

Gritam em nós todas as nobres taras

Daquela Grécia esplêndida e tranquila...


É tanta a glória que nos encaminha

Em nosso amor de seleção, profundo,

Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)


Se um dia eu fosse teu e fosses minha,

O nosso amor conceberia um mundo

E do teu ventre nasceriam deuses...


O AMOR É COMO O SOL!

O AMOR É COMO O SOL!

BELO POEMA DE DAUFEN BACH

(...)eu descobri que te amo mais do que te amo.
que existe uma outra dimensão
que brinca com as nossas sombras,
...
que nos aumenta ou diminui conforme o sol,
que sendo sol, podemos ser sol junto ao sol.
que a metafísica dos galhos secos
não carece de entendimentos, apenas a constatação
de que é efêmera a vida, mas que, mesmo assim,
precisa ser vivida para que os pássaros
possam pousar nos nossos braços e cabeças
porque, senão, não teremos canções madrugadeiras,
fortuitas, gratuitas e com sustos de encantos.(...)

[daufen bach.]

O OLOR DE SÂNDALOS EVOCA-ME TUA BRANCA VOZ...

O OLOR DE SÂNDALOS EVOCA-ME TUA BRANCA VOZ...

MOTIVOS - GISELDA MEDEIROS


O olor de sândalos evoca-me tua branca voz...
E o macio farfalhar
do vento, que vem de ti,
roça-me a melodia da pele.
Girândolas de luz
acendem-se em asas,
íris para os meus olhos, múrmura foz
onde derramas o lento alvoroço de tuas águas.

Mas... (eis o mas de novo em nossos lábios!)
tuas águas celebram outros mares,
insensível memória;
celebram conchas de inusitado aroma.
E, lento, rio de mim mesma,
doo meu leito às correntezas que, a esmo,
o limo de minha história
gravam – e só!

(do livro ÂNFORA DE SOL)

A CRÔNICA ENCOMENDADA

LUSTOSA NA SAUDADE DOS AMIGOS

Juarez Leitão

Acho que foi o velho prócer Ulisses Guimarães que, num debate parlamentar, afirmou: “Não precisamos só dos apóstolos da razão. Queremos agora, os apóstolos do sentimento.”

O sentimento é que traduz os homens e os distingue entre homens e bichos. O sentimento é a túnica dos bons e vesti-la é tão natural para eles quanto difícil para os que não o são.

Lustosa foi um homem de grande sentimento. Caminhando
entre labirintos de aguda sensibilidade, que é sempre um plano enredado de armadilhas, construiu sua vida sobre o impacto das emoções, misturando as afoitezas lúdicas com as crenças sublimes, estando sempre do lado luminoso da estrada onde crescem as árvores da esperança e sopram os ventos audazes da
liberdade.

Menino, foi introspectivo, calado e arredio, talvez para se resguardar do barulho das banalidades enquanto engendrava suas próprias quimeras e construía uns sonhos quixotescos, dentre eles o de ser presidente da República ou até mesmo o Papa de Roma e de toda a cristandade.

Enterrou-se em leituras e por elas conheceu o mundo e os homens, com seus valores paradoxais, seus delírios e suas fantasias, as tonalidades do amor e as alegorias da paixão, as verdades salientes ou submersas, os esplendores éticos e as miudezas morais, as sugestões do prazer e as cores turvas da melancolia. Um dia, aos nove anos, descobriu que podia escrever e passar de agente passivo das leituras para a categoria dos que tinham leitores. Um precoce.
Escreveu um DIÁRIO em que tecia comentários e tentava opinar sobre fatos políticos e sociais do cotidiano sobralense dos anos 40.

Logo o garoto virou um severo crítico de comportamentos políticos, uma espécie de Catão de calças curtas. Mas só descia o malho sobre os adversários do PSD, o partido que, por natural influência paterna, tinha seu importante apoio.
Em cada página a presunção solene de que só ele podia escalar em Sobral o cume da verdade.

O menino evoluiu como um prodígio a encantar os pais e os vizinhos. O boato corria nas ruas de Sobral despertando ciúmes e invejas: o filho de Seu Costa fazia discursos nos comícios do Chico Monte. O filho de Seu Costa escrevia nos jornais. O filho de Seu Costa já lera mais de 100 livros. Estava no Seminário
de Ipuarana. Lera “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre, sabia tudo de Eça de Queiroz. O rapaz era o cão em forma de gente...

Depois, as voltas da vida. A saída do seminário, a adolescência, os apelos do amor.

Fortaleza e suas revelações. A faculdade de Direito para ter o diploma superior. O jornal como profissão. Os afetos, os tiunfos, as decepções. A construção humana que se completava.

Temendo a efemeridade dos jornais e estimulado por Dorian Sampaio, passou a publicar seus livros, decisão benfazeja e generosa para com seus admiradores e, principalmente, para com a cidade de Sobral. Publicou 28 títulos.

Sobral era a voz de sua emoção e ele, a própria voz dessa pátria adotada. Voz atávica, memorial, pronunciada por sua alma, irremediavelmente seduzida. Aliás, para ele, Sobral não era um lugar, era uma canção, uma saudade murmurando baixinho as doces melodias da infância.

Toda sua escritura é memorialista, vivida, lida ou captada da oralidade.
Até os romances e os contos foram extraídos da realidade. Na sua letra cada ação tem seu dono, cada faca o seu golpe no fulano de tal por todos conhecido, cada embate amoroso um caso célebre fervorosamente comentado pela língua afiadíssima
do povo de Sobral.

Tudo o que escrevia tinha a mesma intensidade com que tratava a vida e a cálida relação de afinidade com o tempo, o meio e os conceitos que cultivava.

Colocado no trevo dos dilemas, procurava, com assíduo interesse, a diversidade na unidade, descobrindo o mundo pelo relevo da gleba original de onde partiu para mostrar em todos os mares e latitudes que todas as histórias dos seres têm a
mesma base e o mesmo teor, pois todas apenas reproduzem a natureza humana.

Pode-se contar uma vida por diversos prismas. A de LUSTOSA DA COSTA foi contada por ele mesmo em sua crônica diária a pretexto de qualquer saudade.

Descobriu no convívio com os amigos o seu tesouro e a farra predileta. O misantropo da infância transformou-se numa personalidade agregadora em torno da qual gravitavam
os mais animados grupos sociais.

Em Fortaleza, Sobral, Brasília e Lisboa sua presença era um sino de convocação, que, ao primeiro toque, para ele acorriam pressurosos os cativados de sua amizade.

Os gregos contam que, quando Antífones, o sofista, querendo afastar os discípulos de Sócrates, declarou que, por ser pobre, o filósofo não irradiava felicidade e sua companhia não fazia bem, Sócrates respondeu que havia outras riquezas além da posse do ouro, quando fosse possível repartir com os amigos o tesouro de
suas descobertas e de suas alegrias.

Só quem conheceu o Lustosa, de perto, sabia da riqueza de seu espírito leve, de sua verve e de seu humor.

A aparente virulência e a sisudez de coronel do tempo antigo funcionavam como uma couraça para afastar os chatos e os intrometidos. Mas no círculo de amigos, na panela, na confraria dos iniciados, todos esses azedumes eram apenas metáforas
e simples figuras de linguagem.
Sem esquecer que era ele próprio que escolhia suas cidades, seus autores e seus amigos.

Agora Lustosa se foi. Já havia enganado a morte por duas ou três vezes. Desta vez não conseguiu mais.

Mas não podia se queixar da sorte. Teve em vida toda honra e glória. Ver seu nome numa biblioteca era por ele proclamado o maior triunfo.

Deixou uma história bonita, onde o traço mais forte, o melhor diamante, foi a afirmação de coerência e autenticidade com que esculpiu suas atitudes.
E isso ele não aprendeu em Eça, nem em Camilo, Gustave Flaubert ou Jorge Luís Borges, os autores de sua predileção.
Sua verdade era original, completamente dele, como um selo de fogo de sua alma afoita.

Lustosa, o mundo foi teu parceiro, teu sócio, teu cúmplice, a luz e o palco de teu triunfo!

MORRE LUSTOSA DA COSTA

MORRE LUSTOSA DA COSTA
UM SER HUMANO SUI GENERIS

JUAREZ LEITÃO LAMENTA A MORTE DE LUSTOSA DA COSTA

JUAREZ LEITÃO LAMENTA A MORTE DE LUSTOSA DA COSTA

A MORTE DE LUSTOSA DA COSTA


JUAREZ LEITÃO

Conheci Lustosa da Costa na década de 60 do século passado, mas só nos tornamos amigos em 1979 por interferência do Dorian Sampaio.
Mantivemos uma amizade solidária e enriquecedora, pois ele tinha sempre o que ensinar. Homem de personalidade forte, o traço fundamental de seu caráter era a autenticidade. Foi coerente a vida inteira, por pensamento, palavras e atitudes.
Fiel aos seus princípios de juventude, defendia com altivez e valentia sua posição política de esquerda e com tal veemência que beirava a obsessão. Vibrava defendendo suas convicções. Parecia um estudante de passeata. Isso, entretanto, não era obstáculo para ter amigos que pensassem ideologicamente diferente. Teve muitos amigos que não comungavam com suas posições políticas. E a regra para manter essas amizades era não conversar com eles sobre política.
Dominava a arte de escrever e tinha uma leveza, uma forma quase coloquial de narrar cenas e fatos que impressionava
leitores e críticos. Era um cronista de alto relevo, como poucos do Ceará e do Brasil.
A História de Sobral, seus mitos e personagens formaram a essência de sua obra de 28 títulos. Escritor reconhecido aqui e em Portugal, acumulou uma fortuna crítica que inclui nomes como Mário Soares e José Saramago. Jorge Amado afirmou certa vez que o livro “Sobral do Meu Tempo” tinha material para três ou quatro bons romances.
Quando o Lustosa vinha a Fortaleza – e o fazia uma ou duas vezes por mês – tinha como roteiro preferido passar pelo Clube do Bode, pelo Raimundo dos Queijos e pelo Ideal Clube. Bom de garfo e de copo frequentava os bons restaurantes e, aos domingos, ia, com certeza, comer tapioca no Mercado São Sebastião, onde também passava pelo box de Dona Marta para comprar castanhas e rapaduras. Entretanto, era sagrada a sua visita a Sobral, todas as vezes que vinha ao Ceará. Lá, esbaldava-se na corte dos amigos, comendo, bebendo e conversando sobre as façanhas da gente sobralense, a “cidade das cenas fortes”, como ele mesmo intitulou um de seus livros.
A morte de Lustosa da Costa deixa seus amigos, seus leitores e o Ceará órfãos de um nobre e generoso companheiro. Um sujeito leal, altivo, franco, capaz de matar e morrer por aqueles a quem
admirava e queria bem. Perdemos um praticante da dignidade, um bom caráter.

MOTIVOS

MOTIVOS

MOTIVOS - Giselda Medeiros


Não chores
se me vires
a buscar estrelas...
É que estou indo
à procura de teus olhos.

HERMÍNIA LIMA

HERMÍNIA LIMA
O SOL DE CADA COISA

ENSAIO - A MUSA: EM BATISTA DE LIMA


ENSAIO

Dizer algo sobre O sol de cada coisa, o décimo livro de Batista de Lima, é tarefa que deleita e que aflige.
Tentar verbalizar ideias sobre os poemas deste livro é viver
o paradoxo de querer calar e só sorver, com a subjetividade e o sentimento, o néctar que se derrama dos versos e, ao mesmo tempo, é viver a provocação de debruçar-se sobre a obra, munida com as armas da leitura técnica, para iniciar árdua e minuciosa análise sobre as infindas possibilidades que os versos nos ofertam. Sobre as infindas possibilidades ofertadas pelos versos de Batista, leiamos, a título de introdução deste diálogo, o poema Dúvida, que abre a primeira seção do livro, sob o título: Essa coisa de viver: (Texto I)

E assim me sinto, com panos poucos para cobrir tanto dizer.
Nesse enlevo, caminhar sob O sol de cada coisa é deleite pelo prazer do contato macio e suave com a superfície sedosa do tecido poético que veste esta produção lírica do Mestre da Mangabeira; mas, ao mesmo tempo, é aflição pela vontade
reprimida de comentar o livro inteiro, parte a parte, texto a texto, verso a verso, palavra a palavra, embora sabendo que isso tornaria quilométrica a escrita desta leitura. Eis, a seguir, pequena amostra do sedoso tecido poético ao qual me referi há pouco, segunda estrofe do poema Ao sopé de mim: (Texto II)

As duas faces

Diante do impasse anunciado, entre o deleite e a aflição, após idas e vindas desassossegadas pelos volteios e veredas do sol de cada coisa, dei as mãos ao domador de relâmpagos que habita a obra e, com ele, caminhei sob as chuvas de abril que molham os versos desse Sol, seguindo rumo às raízes fincadas nas páginas do livro, para explorar essa coisa de viver, essa coisa de viver a poesia de Batista de Lima.

Nessa aventura, deixei para trás as raízes, acalmei o meu desassossego e me deixei guiar pelo domador, embrenhando-me nos versos em busca do sol que clareia cada coisa, cada palavra, cada verso desse universo. Assim, deixando de lado os aportes teóricos, optei por fazer uma apreciação estética livre, movida pelo prazer da leitura, não se importando, portanto, com uma teoria que a fundamente. E nenhuma teoria se faz necessária para que possamos apreciar a beleza de um poema bem gestado, como Retorno ao mais puro olhar: (Texto III)

A mulher

Não falarei aqui de tantas coisas e tantos sóis encontrados.
Escolhi destacar um sol apenas: a mulher. Uma imagem fulgurante que habita a palavra de Batista neste livro. Refiro-me à imagem do feminino que se materializa nas partes da obra, em especial, no Desassossego. Uma personagem que surge e salta de poema para poema, ora uma, ora várias. É, pois, este o
nosso intento: capturar essa imagem e apresentar aqui a representação artística de um perfil feminino que se cristaliza nas páginas da obra. O poema Desassossego, que nomeia a terceira parte do livro, legitima a leitura em busca desta mulher que, muitas vezes, nem se mostra explicitamente, apenas se faz
desejada e surge, nas páginas do livro, pelo viés do desejo daquele que fala: (Texto IV)

A imagem de mulher que o poeta constrói em seus versos é uma
mulher-múltipla ou múltipla-mulher que se revela numa sequência de imagens sinestésicas, como: olhar de clarim, pele que poreja rosa e carmim, doce pêra, alimento, mulher música que se espreguiça em pauta antiga, mulher também movimento, mulher-mergulho, desassossego, mulher-moinho de um poeta que se diz Quixote, mulher Maria que o levou e o perdeu... Exemplo desta imagem feminina se revela através do conceito de saudade que o poeta tenta formular no afã de
definir a falta - Saudade: (Texto V)

Trechos

TEXTO I
Não sei com que roupa
Vou vestir o meu dizer
palavras são panos poucos
a cobrir tantos abismos

TEXTO II
Olhar as coisas em seus lugares
a sensibilidade da árvore
na tranquilidade
da noite enluarada
a cidade dormindo na madrugada
e o mar coçando manhoso
suas costas de acalanto.

TEXTO III
Depois de muitos verões/ aprendi a chover/ lagrimáguas/
sangue e seiva/ Tatu na toca sempre fui/ João-de-barro/ João-sem-barro/ depois de muitos trovões/ minhas paredes cederam/ O homem é um açude/ ventura é sangrar/ chorar é preciso/ Quando perguntei/ por mim/ ninguém respondeu/
ninguém soube responder/ ninguém soube quem era/ o amestrador de palavras/ o cultivador de fantasmas/ o guardião dos pardais/ ninguém disse conhecer/ o que restava apenas/ era um olhar de espanto/ a alegria das enchentes/ na sangria
dos açudes/ no úbere das vacas leiteiras/ na véspera da parição/ quando perguntei por mim/ mostraram o adubo espalhado/ pelos caminhos que andei andando/ meu pai esculpido distante/ numa pedreira/ minha mãe impressa/ na lâmina escura da água/ do açude do pé da serra.

TEXTO IV
Cura-me desta enfermidade/ que é a vida/ envenena-me de
esperança/ iludindo-me a cada instante/ para que eu transporte/ este grande fardo/ Enlouquece-me ao amanhecer/ para que nele não se instale/ o crepúsculo que se debruça/ no meu caminho./ Que meu desassossego seja a minha herança/ meu transporte e porto de chegada/ e em teu coração/ me esconda da tempestade/ abre-te pois em portas/ que eu estou de chegada/ Mas não deixes no entanto me achegar/ conserva-me ao longe e enfermo/ de paixão, loucura e mal-estar/ para
que eu morra/ de viver me estranhando/ por saborear-me em ti eternamente.

TEXTO V
Saudade é tua presença estando ausente/ é este poço seco é
este abismo/ no meu passo próximo esculpido/ Saudade é o chapéu do meu avô/ com as abas pandas de procura/ o sorriso de minha avó num cafuné dilatado/ Saudade é teu olhar de serra ao longe/ lá onde o sol brinca de se esconder/ e a chuva é
súplica de alvíssaras/Saudade é a voz do teu falar/ que se negou a te acompanhar/ é essa fome de morrer/ por não viver no teu viver/ Saudade é um conteúdo sem continente/ uma paisagem sem ter quem olhe/ um olhar de um farol sem luz/ saudade é um poema que se reduz..

FIQUE POR DENTRO

Breves noções acerca do lirismo

De acordo com Massaud Moisés, em seu "Dicionário de
termos literários" (São Paulo: Cultrix, 1974), a poesia lírica se revela como sendo a poesia do eu, isto é, a expressão de uma confissão ou, ainda, a poesia da emoção. Desse modo, através da confissão de estados d´alma, de sensações anímicas, o poeta comunica ao leitor sentimentos que dizem respeito às pessoas como um todo. O tom emocional dessa poesia explicaria, assim, a sua intrínseca relação com a música, pois, esta, meramente sonora, parece traduzir os contornos íntimos e difusos do poeta, infensos ao vocabulário comum. Nesse contexto, a presença da metáfora é um dos recursos por que o poeta visa à expressão de conteúdos vagos da subjetividade sem lhes alterar a natureza. As palavras e as notas musicais se equivalem, num mundo vago, incorpóreo.

HERMÍNIA LIMA
COLABORADORA*
Professora da Unifor
Diário do Nordeste - ENSAIO
22.09.2012

E a rosa azul ainda nascerá...

E a rosa azul ainda nascerá...
Como se juntos ainda estivéssemos

INEXORABILIDADE - Giselda Medeiros

(para Conceição e seu inesquecível Elmo Gomes)

Quando eu me for, amado, escuta bem,
não deterá seu passo mesmo o tempo,
tampouco apagar-se-á a luz da estrela,
e a rosa azul ainda nascerá.

Quando eu me for, amado, escuta bem,
as alvoradas, lindas, nascerão,
e as estações, no seu tropel diuturno,
à terra descerão com suas âmbulas.

Quando eu me for, amado, escuta bem,
nosso jardim se cobrirá de flores
como se ainda juntos estivéssemos.

Tudo será tal qual como antes era,
como se ainda juntos estivéssemos,
quando eu me for, amado, escuta bem!

( do livro Ânfora de Sol)

ETERNAS LANTERNAS DO TEMPO

ETERNAS LANTERNAS DO TEMPO
Lançamento no Ideal Clube

APRESENTAÇÃO DO LIVRO ETERNAS LANTERNAS DO TEMPO

ETERNAS LANTERNAS DO TEMPO (de Regine Limaverde)

São quatro na natureza os elementos que fulguram em nossos sentidos: terra, fogo, água e ar. – E no tom dos olhos o que não se esconde tem sal?

São quatro as estações do ano. – Sempre retorna a primavera?

E também são quatro, no cardeal dos pontos: o leste, o oeste e o sul.

– Onde agora se adivinha o norte?

São quatro as luas que iluminam o corpo e a alma de uma mulher chamada Regine. – Onde a lua nova?

São de trevas, de emoções, de liberdade e de luz os signos deste seu novo livro.

Pois aqui, de onde estou e falo, há de se compreender o que nem sempre ocorre; a mulher e a poetisa se unificam no simbolismo de sua dor e de sua luta. Esta é a sua palavra.

Do ritual de negação, que passa. Perpassa. Da mudez ao desespero. Da ira à aceitação, inexorável é o tempo que não se impõe: delimita-se em refinada conquista. E, exatamente, por intuir o fato, finalmente, a dor pode ser tomada ao colo. Entender a dor e estendê-la na cama vazia do amado ausente é sofrê-la. Degustá-la até o infinito.

Aí, então, em se tratando da poetisa, no fundo de seu âmago, trata-se a dor com a lâmina e o limo das letras. O léxico transmuta o sofrer e o viabiliza em orvalho e riso, saudade e arco-íris.

Se no similar de Lya o “Lado Fatal” se configura em espanto; em Regine é no corpo inteiro que o nunca mais se transfigura, uma vez que, com autorização inventada de seus próprios lábios, obediente, o amado empreendeu sua viagem.

Nos bordados da toalha da mesa de jantar, a artesã de frases não mais reconhece as cores dos trópicos. Derramou-se o sabor dos frutos do Ceará.

Todavia, seu ventre vazio retém a memória de filhos onde ele, nela, se perpetuou. Digo Ivna, Dax e Gustavinho.

Mas, o amado continua dentro dela e ela, temerosa em seus movimentos receia machucá-lo.

Se em Lúcia, em outro similar episódio, a poeira da estrela é mais leve que o leve sorriso pousado no retrato à sua cabeceira; em Regine a poesia adornou o amado e – humanamente – ela vestal e vestida de imortal o imortalizou.

“Meu corpo treme, meu seio coça, minhas mãos suam, meu cuspe seca”: assim a saudade se designa. – “Dá-me tudo e leva-me a voar no espaço, eu te guiarei nos passos.” - Regine possui asas e voa?!

Segundo Jung, não há como esquivar-se da vida e seus propósitos e, exatamente por isso, Regine prossegue. E nos enternece com sua força. Comove-nos com sua coragem de, uma vez despida em sua dor, expor-se e transmitir – como professora que é - sua crença no futuro e no amanhã. Encanta-nos ao celebrar com Eternas Lanternas o encantamento de seu amor.

Lúcia Serra ( poetisa das Minas Gerais)


Nesta trova a nossa saudade!

UMA LINDA TROVA PARA VOCÊ

Que minhas mãos desarmadas
e abertas para o perdão
não sirvam nunca fechadas
para agredir um irmão!

(Aloísio Alves da Costa)
(inesquecível amigo)

Leia entrevista sobre Fernando Pessoa

Leia entrevista sobre Fernando Pessoa
Textos ratificam a importância da única namorada do poeta em sua vida solitária

Livro reúne correspondências entre Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz


Textos ratificam a importância da única namorada do poeta em sua vida solitária
31 de agosto de 2012

Maria João Martins / LISBOA Professora auxiliar do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade Nova de Lisboa, Manuela Parreira da Silva há muito voltou suas atenções para o estudo do espólio de Fernando Pessoa - mas também de outros autores do Modernismo Português. Depois de ter publicado Realidade e Ficção - Biografia Epistolar de Fernando Pessoa (em 2005) reuniu agora num só volume a correspondência entre o poeta e a única namorada que se lhe conhece: Ofélia Queiroz. O resultado, Cartas de Amor de Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz, publicado pela Assírio & Alvim, é surpreendente, mesmo para quem julga saber quase tudo sobre o autor mais múltiplo que a Lusofonia conheceu. Leia a seguir, a entrevista exclusiva que a estudiosa portuguesa concedeu, em Lisboa, ao Sabático.

Com que imagem a senhora fica da relação entre Pessoa e Ofélia após a reunião das cartas num só volume? É diferente da que tinha antes?
Ler as cartas em sequência cronológica permite ter uma ideia muito mais aproximada do que teria sido, de fato, a relação amorosa de Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz. É como se tivéssemos nas mãos um romance epistolar, em que os dois protagonistas dialogam, combinam encontros, lamentam os desencontros, manifestam, sem pudor, a saudade, o desejo e confrontam dúvidas, expõem incompatibilidades, escondem e desvelam inquietações. A uma carta segue-se a resposta, mas, por vezes também, o silêncio do outro (quase sempre o dele). Outras vezes, a uma carta segue-se outra do mesmo remetente, escrita na pressa da paixão (sobretudo a dela) ou há duas cartas que se cruzam no tempo e criam equívocos. Enquanto leitores, podemos, de fato, acompanhar o dia a dia do casal de namorados, e imaginar mesmo, nas entrelinhas, aquilo que não é possível ser presenciado (lido) por se ter passado, por assim dizer, fora da cena epistolar.

O que a levou a fazer essa "reunião"?
A reunião das cartas teve em vista, por um lado, uma maior facilidade de manuseamento das que tinham sido publicadas em volumes separados e, por outro lado, ter uma melhor percepção do envolvimento de cada um dos interlocutores nessa relação de que a sua escrita dá conta. Reunindo as cartas, que se sucedem quase sempre em alternância, podem compreender-se melhor certas afirmações de um ou de outro, certas frases tidas por enigmáticas.

Com que retrato ficou da figura de Ofélia?
A ideia que eu tinha sobre Ofélia confirma-se: era, sem dúvida, uma jovem de feitio alegre e expansivo, carinhosa, insinuante e até um pouco atrevida nas suas manifestações amorosas. Se atendermos a que estamos em 1920-1929, numa época em que o feminino estava sujeito a uma grande pressão social, Ofélia surge como uma mulher de espírito aberto, trabalhando fora de casa e dispondo-se a sair sozinha (ainda que, às vezes, às escondidas) com um homem mais velho, seu namorado. Embora revele alguns preconceitos, vê-se que eles são mais fruto de uma imposição familiar do que do seu natural. Ofélia não estaria, obviamente, à altura intelectual de Fernando Pessoa, mas era, sem dúvida, uma mulher inteligente, capaz de entrar, por exemplo, no seu jogo heteronímico e de compreender e aceitar o fato de ele ser alguém fora do comum.

E no contexto da biografia de Fernando Pessoa, que "peso" ou importância teve este namoro?
Relevante é, acima de tudo, a obra. E a obra de Fernando Pessoa é tão diversificada e de tanta qualidade, tão estimulante e luminosa que poderíamos prescindir da sua biografia. Curiosamente, é quando a obra de um autor se impõe de uma forma tão intensa, que começa a tornar-se quase inevitável querer conhecê-lo de corpo inteiro.

Quem se escondia ou esconde, afinal, por detrás deste autor múltiplo e paradoxal?
É aí que entra a pesquisa sobre a vida "real" do autor empírico. Ora, no caso pessoano, esta relação amorosa, sendo a única que se lhe conhece (vagamente, sabe-se que a irmã terá tentado aproximá-lo de uma inglesa, cunhada de um dos irmãos de Fernando Pessoa, Madge Anderson, que esteve em Lisboa, nos anos 30. Ele não se terá manifestado muito interessado. No entanto, os dois correspondem-se. Existe, pelo menos um postal de Madge, referindo um livro que Pessoa lhe terá enviado e mostrando uma forte simpatia), não pode deixar de "pesar". Serve, certamente, para desmentir a ideia de que Fernando Pessoa carecia de uma grande sensibilidade e seria incapaz de se relacionar com uma mulher. Estas cartas demonstram o contrário. E este namoro terá sido uma lufada de ar fresco numa vida que o próprio, por vezes, confessa, ser marcada pela solidão.

A biografia de Fernando Pessoa é um continente misterioso para o investigador? O que sabemos concretamente?
O que sabemos é pouco e é muito. Pouco, porque sempre sabemos tão só uma ínfima parte do que é uma pessoa. E muito, porque, sobretudo nos últimos anos, com o cada vez maior conhecimento do seu espólio, se têm desfeito alguns equívocos que a primeira biografia de João Gaspar Simões (feita numa altura em que ainda estava muito perto a data da morte do poeta, ocorrida em Lisboa, no mês de novembro de 1935) tornou inevitáveis. Gaspar Simões introduziu a ideia de que Pessoa vivera com dificuldades econômicas, entregue à bebida. Isso foi desmentido pouco tempo depois num livro escrito por um primo do escritor, Eduardo Freitas da Costa, que desmontou as "imaginações" do citado biógrafo. Mais recentemente, um volume de escritos autobiográficos, editado pelo norte-americano Richard Zenith, trouxe bastante esclarecimentos sobre a vida verídica do poeta. Aliás, ficou a saber-se, por exemplo, que, como afirmara o primo, Fernando Pessoa tinha, à data da morte, uma empregada, espécie de governanta, a D. Emília a quem devotava grande estima, ao ponto de desejar obter o lugar de conservador da Biblioteca-Museu Conde de Castro Guimarães (em Cascais) para poder, entre outras coisas, prover às necessidades econômicas dessa senhora e da filha. Eu própria tinha recenseado uma carta de Pessoa, de 1918, em que refere a D. Emília e a filha, Claudina, que terá conhecido numa casa onde viveu (pertencente a Manuel António Sengo), num quarto alugado. Também, a partir do trabalho de Richard Zenith, foi possível já corrigir datas, nomeadamente de empreendimentos pessoanos, como a sua tipografia Íbis (comprada em 1909 e não 1907). Recentemente, a polêmica que tem visado uma obra (designada de "quase autobiografia") de José Paulo Cavalcanti Filho (publicada no ano passado no Brasil pela editora Record) tem demonstrado os graves erros que contém e que, infelizmente, leva a criar nos mais incautos uma imagem completamente deturpada de Pessoa. Este é um mau serviço prestado ao poeta. Espero que surja, em breve, uma verdadeira biografia (no sentido de ser feita a partir de uma verdadeira investigação), que lhe faça justiça e não caia na tentação de construir um Fernando António Nogueira Pessoa à imagem e semelhança do biógrafo.

E o seu espólio é, de fato, praticamente inesgotável?
Não diria inesgotável. Há um número limitado de documentos… O que pode ser inesgotável é, naturalmente, aquilo que se pode fazer com esses documentos, como aquilo que se pode fazer com a sua obra. Há ainda muito para fixar e decifrar nos seus papéis. A principal dificuldade, creio eu, é a de que é necessário que os investigadores estejam apetrechados de instrumentos de conhecimento adequados e não caiam no erro fácil de agarrar uma meia dúzia de documentos e editá-los descontextualizadamente, correndo o risco de confundir textos próprios e alheios, confundindo apontamentos ou citações de outrem com textos do próprio. Depois, há temas tratados por Pessoa de forma fragmentária que precisam de ser dominados também pelos investigadores, sem o que não se aperceberão do seu real valor ou da sua originalidade, ou sequer a que conjunto pertencem. O aliciante, no entanto, para quem frequenta o espólio, é saber que é preciso nunca dar por adquirido aquilo que exige um contínuo estudo e entrega pessoal.

MARIA JOÃO MARTINS É REDATORA DO JORNAL DE LETRAS, ARTES E IDEIAS, PROFESSORA DE HISTÓRIA NA UNIVERSIDADE DE LISBOA E AUTORA DOS ROMANCES ESCOLA DE VÁLIDOS (TEOREMA) E COMO O AR QUE RESPIRAS (PORTO EDITORA) CARTAS DE AMOR DE FERNANDO PESSOA E OFÉLIA QUEIROZ

Organização: Manuela Parreira da Silva
Editora: Assírio & Alvim (368 págs.; 18)

(colaboração de Evan Bessa)

Para meus amigos queridos

O POEMA E A EMOÇÃO - GISELDA MEDEIROS


Não quero que o poema que escrevo agora

Sacie apenas a fome do poeta devorador de imagens.

Que minha palavra, antes que seja poema, mostre pontes,

Indícios, gestos de mãos a esculpi-lo, sangrando, sofrendo

Por entre o tremor do abandono dos dedos.

Quero que mostre o caminho árido das rugas, acelerando-a,

Ela, a palavra marcada pelo pulsar vermelho das arritmias,

Injetando sangue nas células do meu poema.

Ah, como quereria assistir a esse espetáculo:

Emoção versus palavra, em que não há vencido nem vencedor,

Apenas a fusão de todas as deidades – o verso universal

Que nos desperte, com seu ritmo de luz,

Ante o fascínio da terra, e nos faça ninar,

Ouvindo a voz náufraga e adormecida

De velhos poetas em suas canções de água e de espelhos.


O tempo voa... Vale a pena gastar um pouquinho dele para ler o texto abaixo.

UM TEMPO SEM NOME

Rosiska Darcy de Oliveira

Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.

Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida .

Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem, não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“, segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer? Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.

A vida sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário, se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida inteira.

Essa doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que o avançar na idade provoca.

Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde. Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era antes. Nem é mais quando era antes. Os dois ritos de pasagem, que anunciavam o fim do trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade. Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto de dela participar.

A libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor. Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez sobre o desfecho.

”Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.

Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição. Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida.

O Globo, 21/01/12


Parabéns a Todos os Escritores do Ceará neste Conto de Batista de Lima

Parabéns a Todos os Escritores do Ceará neste Conto de Batista de Lima
SALVE 25 DE JULHO - DIA DO ESCRITOR

A MORTE E O COVEIRO - BATISTA DE LIMA

Já fazia seis meses que não morria ninguém em Sipaúbas. O coveiro já passava necessidade. O caixão das almas estava sendo comido pelo cupim em uma sala da casa paroquial. O posto de saúde não recebia ninguém, porque ninguém adoecia. Nem dor de dente maltratava aquele povoado de quase cinco mil habitantes. Esse surto de saúde era tão sério que a população começou a se preocupar com o que de ruim pudesse vir depois de tanta felicidade. Foi aí que a morte apiedou-se daquele povo e resolveu ir buscar alguém para seu reino.

Primeiro foi à casa do coveiro, com quem mantinha estreita amizade, e se inteirou da situação dos idosos da localidade. Segundo foi informada, havia três sipaubenses com mais de noventa e cinco anos. O mais velho era Terêncio Espinheira, 98 anos, velho pistoleiro com quarenta mortes nos costados, magarefe e açougueiro nas horas vagas. O velho, toda noite, ficava na calçada de casa pegando a brisa, com o velho rifle papo amarelo entre as pernas, uma doze polegadas na cintura e a quarenta e cinco enfiada no cós da calça.

A morte chegou humildemente, deu boa noite e tentou convencer o velho a acompanhá-la dali para uma melhor, como forma de se livrar das dores das doenças venéreas e do estrago das balas em tempos de pistolagem. A indesejada das gentes recebeu como resposta uma saraivada de balas de duas armas de fogo e mais umas peixeiradas nas partes mortais. Não morreu porque a morte não é fácil de morrer. Mas para escapar teve que se embrenhar num juremal fronteiriço indo se refugiar por alguns dias em quarto escuro da casa do coveiro.

Recuperada da surra, após muitas meizinhas, a morte resolveu procurar um idoso menos violento para levar no retorno ao seu reino. Foi então orientada pelo coveiro a procurar Dona Generosa, que com seus 97 anos já estava satisfeita com o tanto de vida que tinha vivido. Mal chegou à casa da santa mulher, filha de Maria, e secretária da capela, foi recebida com pão-de-ló e aluá de pão dormido. Foram tantos agrados que a morte entrou logo no assunto de sua visita. Tinha que levá-la para o outro lado, pois não queria voltar de mãos abanando. Dona Generosa lhe deu toda razão e lhe prometeu seis meses mais de pão-de-ló, aluá e leite da vaca preta, afinal precisava desse tempo, pois estava precisando ensinar a sua neta Angélica como secretariar a igreja, prover a sacristia e fazer mesuras ao padre. Com sua neta já ensinada, a morte poderia levá-la, mas os seis meses eram indispensáveis. A morte achou a proposta razoável e voltou à casa do coveiro em busca de novas orientações.

Foi então que veio à baila nova proposta do homem do cemitério. É que no fim da rua morava Raimundo Fumeiro com seus 96 anos de tosse braba de tanto fumar e mascar, além de sustentar o vício de milhares de fumantes da região com o fumo que produzia no seu quintal. O coveiro convenceu a morte de que o homem do fumo travava uma concorrência desleal com os dois, afinal, com seu fumo forte, esburacava pulmões de léguas nas redondezas. Ligeirinha a morte se abancou na casa de seu Raimundo, sendo recebida com café torrado na rapadura, rolo de fumo de safra de bom inverno, papelim e trinchete de picar. Isso tudo acompanhado de um sorriso amarelo de nicotina e a tosse convidativa para a festa dos sete palmos.

Depois de tantos salamaleques, a morte contou das suas intenções. Chegou a concluir que levando-o consigo era uma forma de acabar com aquela tosse e com os suores noturnos. Seu Raimundo achou a proposta e o convite razoáveis, mas que gostaria de fazer um desafio à morte, antes da partida. É que seu fumo era tão bom que ia fazer falta na região. Ele queria fazer um concurso e se alguém produzisse fumo melhor que o dele, a morte poderia levá-lo. A coitada da indigitada saiu de casa em casa, depois pelos sítios e capoeiras à procura de litigante para enfrentamento do sabido produtor de fumo. Ninguém se atreveu a entrar na contenda. Foi então que a morte lançou a última cartada. Ela própria iria enfrentar aquele fumeiro metido a sabido.

A disputa foi regulamentada com os dois utilizando folhas de fumo do plantio do desafiante e com um prazo de quinze dias para apresentar resultados. Com quinze dias, os dois se reuniram com seus produtos e como a morte viu que seu rolo estava ainda desfigurado de cores e desprovido de cheiro, pediu mais cinco de lambuja para a conclusão do certame. Seu Raimundo permitiu e com o tempo findado e os jurados provadores votando, o fumeiro derrotou a morte e ganhou mais tempo de vida. Essa derrota tanto abalou a perdedora que a mesma reconhecendo as qualidades do ganhador, pediu a ele que lhe explicasse como conseguira produto de tão alta qualidade.

Seu Raimundo olhou para os lados, viu que não havia nenhum dos seus fregueses por perto, e confessou à morte que ela e seus concorrentes, todas as manhãs, banhavam os seus rolos de fumo com água de sal, como mandam os livros. Ele, Raimundo Vitorino da Silva, há décadas produzia o melhor fumo da região sem usar esse tipo de água, mas simplesmente urinando no rolo de fumo todas as manhãs, ao longo de oito décadas de produtor. A morte sentindo-se mais uma vez vencida voltou ao coveiro e com ele foi beber Fubuia em boteco tosco por uma noite inteira. Ao amanhecer viajou de volta para seus territórios, levando nas costas o coveiro de Sipaúbas, vítima de coma alcoólico.

(do Jornal Diário do Nordeste)


GOSTO DE VOCÊ! - Arthur da Távola

Gosto de gente com a cabeça no lugar,
De conteúdo interno,
Idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade.
Gosto de gente que ri,
Chora, se emociona com uma simples carta,
Um telefonema, uma canção suave, um bom filme,
Um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.
Gente que ama e curte saudades, gosta de amigos,
Cultiva flores, ama animais.
Admira paisagens, poeira;
E escuta
Gente que tem tempo para sorrir bondade,
Semear perdão, repartir ternuras,
Compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si,
Emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!
Gente que gosta de fazer as coisas que gosta,
Sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis,
Por mais desgastantes que sejam.
Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha,
Busca a verdade e quer sempre aprender,
Mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto
Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos.
Com muito AMOR dentro de si.
Gente que erra e reconhece, cai e se levanta
Tirando lições dos erros e fazendo redentora suas lágrimas e sofrimentos.
Gosto muito de gente assim...
E desconfio que é deste tipo de gente que DEUS também gosta!

Arthur da Távola

UMA BOA REFLEXÃO

UMA BOA REFLEXÃO

DESIDERATA

Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio. Tanto quanto possível sem humilhar-se, mantenha-se em harmonia com todos que o cercam.

Fale a sua verdade, clara e mansamente.

Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.

Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.

Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você: isso o tornaria superficial e amargo.

Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.

Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja, ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos.

Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas.

Mas não fique cego para o bem que sempre existe.

Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.

Seja você mesmo.

Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira, pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.

Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.

Cultive a força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa.

Não se desespere com perigos imaginários: muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.

Ao lado de uma sadia disciplina conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade.

Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber, a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.

Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que você lhe der.

No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.

Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito.

Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade".

(Do Latim Desideratu: aquilo que se deseja, aspiração).

Um Brinde ao Amor

Um Brinde ao Amor

DOCE BRISA DE CRISTAL - Giselda Medeiros


Não me desacostumes de ti!
Do que me serviriam as estrelas
se eu não pensasse nos teus olhos?
Do que me serviria a aurora
se eu não conhecesse a prata dos teus cabelos?

Não me desacostumes de ti!
Que beleza poderia haver nas tardes
se eu não pensasse nos teus braços me enlaçando?
Que poesia restaria inédita
se não fora aquela falada ao meu ouvido?

Não me desacostumes de ti!
Não negues a palavra que te escrevo,
pois se longe estou, longe de ti,
é tão longo o tempo, o presente tão distante,
e o futuro, assustador!
Sem ti, ó doce brisa minha de cristal,
os dias são fantasmas, nada mais,
gargalhando em minha amarga solidão.

(do livro Ânfora de Sol)

IDOSO versus VELHO - J. Udine

Ser idoso é quem possui muitos anos;
Ser velho é quem possui só desenganos;
Ser idoso é quem ainda sente amor;
Ser velho é quem já não cheira uma flor...

Idoso é o que reuniu tempo e experiência;
Velho é o que somatiza a dor sem crença;
O idoso se renova a cada dia;
Já o velho o transforma em agonia;

O idoso põe seus olhos no horizonte,
Onde o Sol nasce e reluz em Esperança,
Acendendo-lhe a Fé da Eterna Fonte...;

Já o velho, estando míope, não vê norte;
É barco à deriva em mar de bonança:
Colhe só sombras pretéritas de morte!

16-04-2010.

SIGAM ESSES CONSELHOS DE CORA CORALINA E NUNCA ENVELHEÇAM

Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.
Ela lhe disse:

"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo prá você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha.
Eu não digo.
Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer
as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades,
mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha
própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto,
pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida,
que o mais importante é o decidir.".
(_Cora Coralina_)

Professora, Mestre, Doutora Ana Paula Medeiros

Professora, Mestre, Doutora Ana Paula Medeiros

UMA GRANDE AQUISIÇÃO DA UFC


Nossos parabéns para a Professora, Mestre e Doutora Ana Paula de Medeiros Ribeiro, aprovada no Concurso Público para Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC). Vale ressaltar que de todos os candidatos inscritos, somente ela obteve média para aprovação.
A Professora atuará no Departamento de Teoria e Prática do Ensino na Faculdade de Educação da UFC.
Parabéns para ela e parabéns para a Universidade Federal do Ceará por essa excelente aquisição!

DEFESA DE TESE DE DOUTORADO

DEFESA DE TESE DE DOUTORADO
ANA PAULA E PROF. CLÀUDIO MARQUES

ANA PAULA E A PROFESSORA ISABEL

ANA PAULA E A PROFESSORA ISABEL

ANA PAULA E AS AMIGAS NÁGELA E MANU

ANA PAULA E AS AMIGAS NÁGELA E MANU

O BRINDE DA MÂE, DO IRMÃO E DA CUNHADA

O BRINDE DA MÂE, DO IRMÃO E DA CUNHADA

A BANCA EXAMINADORA

A BANCA EXAMINADORA

A PLATÉIA

A PLATÉIA

ANA PAULA LADEADA PELA MÃE E PELA TIA

ANA PAULA LADEADA PELA MÃE E PELA TIA

ANA PAULA E SUA FILHA RAFAELA

ANA PAULA E SUA FILHA RAFAELA

ANA PAULA E O ORIENTADOR DA TESE PROF. HÈLIO LEITE

ANA PAULA E O ORIENTADOR DA TESE PROF. HÈLIO LEITE

ANA PAULA MEDEIROS

ANA PAULA MEDEIROS
DEFENDEU TESE DE DOUTORADO NA UFC

UM MOMENTO PARA CRISTO

UM MOMENTO PARA CRISTO
FELIZ PÁSCOA!

NOTURNA ORAÇÃO - J. Udine


Senhor, o véu da noite já me veste.
Meu corpo fatigado em Ti suspira!
O dia fora duro, forte, agreste,
Apesar de eu tocar a minha lira!...

Senhor, é no silêncio dessa hora,
Longe do burburinho da cidade,
Que ao Teu amor a minha alma implora,
E se entrega aos Teus braços de Verdade!

Ao cerrar minhas pálpebras cansadas,
Oro-Te com fervor, nas madrugadas,
Para poder adormecer em Paz...

A Tua segurança me conforta.
Ao despertar, És Luz à minha porta,
A rebrilhar em mim cada vez mais!...

Autor: J. Udine - 16-04-2011.

VALE A PENA LER!

VALE A PENA LER!

FALTOU ALGUÉM E GENEROSIDADE NO VELÓRIO DO JOSÈ ALENCAR - JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE


Os dois morreram com a mesma idade: 79 anos. Os dois foram abatidos pela mesma doença maligna contra a qual lutaram bravamente por um longo período. José Alencar (1931-2011), vice-presidente do Brasil, câncer no intestino. François Mitterand (1916-1996) presidente da França, câncer na próstata. Ambos tiveram funerais solenes, com pompa de chefe de Estado. No velório do francês, porém, foi registrada uma presença, que esteve ausente no enterro do brasileiro. Quase 15 mil pessoas desfilaram diante do corpo de Alencar, velado no Palácio do Planalto, em Brasília e, no dia seguinte, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, com direito a desfile em cortejo fúnebre, limusine preta, celebração presidida pelo núncio apostólico, honras militares, 21 tiros de canhão, bandeira a meio mastro, luto oficial. Alguém, no entanto, sentiu a perda, mas não foi aos dois palácios. Quem? Estavam lá a presidente Dilma Rousseff, quatro ex-presidentes, entre os quais Lula, ministros, senadores, deputados, juízes, governadores, autoridades civis, militares e eclesiásticas, políticos de todos os partidos, gente do povo. Enfim, todos os poderes constituídos. O comandante do Exército, general Enzo Peri, lembrou que o morto, quando jovem, havia feito “tiro de guerra”: “Nós sentimos profundamente. Era um grande patriota, amigo das Forças Armadas”. O médico do ex-vice-presidente, Raul Cutait, declarou que Alencar era “um exemplo de paciente”. Ele teve “um papel quase que didático em relação ao câncer”, confirmou Josias de Souza, colunista da Folha de SP. Efetivamente, o Brasil inteiro acompanhou, solidário, a luta daquele mineiro de Muriaé, corajoso, esbanjando a disposição de um touro, sempre com um sorriso descontraído depois de cada uma das inúmeras cirurgias a que foi submetido. Era duro de queda, o Zé. Dava a impressão de ser imortal. “Ele levou esperança a milhares de pacientes, abriu discussão sobre os avanços no combate ao câncer, ensinou ao Brasil a fé, a coragem no enfrentamento à doença e a importância fundamental da família e dos amigos para o sucesso do tratamento” - disse Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia. Na sua fala, nada foi dito sobre uma pessoa, ali ausente, que não havia recebido essa injeção de esperança. Ritual do poder De qualquer forma, quem teve alguém próximo com câncer - e quase todo mundo teve alguém próximo com câncer - se sentiu unido a José Alencar. O Globo registrou muitas mensagens de mulheres e homens comuns como Sidney Tito - “Adeus Zé, Deus te receberá com honras destinadas aos humildes, aos bons e aos justos” - ou Fátima Cremona - “O Brasil perde um grande guerreiro”. Até mesmo adversários não hesitaram em entrar na fila de cumprimentos no velório, entre eles o ex-presidente Itamar Franco, classificado como “péssimo caráter” por Alencar em depoimento a Eliane Cantanhêde, autora de “José Alencar, Amor à Vida”. Itamar não chegou a chorar, como Lula, mas provou que mineiro é solidário no câncer, como queria Otto Lara. Outro ex-presidente, José Sarney (vixe, vixe!), com ar compungido, moveu o bigode de ratazana e se pronunciou: “No meu tempo, não vi um político ser objeto de opinião tão unânime e receber uma solidariedade tão sem contrastes de todos os segmentos da sociedade quanto José Alencar”. Será? O senador Aécio Neves concordou e, crente que o purgatório de Alencar foi aqui na terra, despachou-o direto pro céu: “O Criador deve ter dito: uai Zé, achei que você não vinha nunca”. Ninguém questionaria o sotaque mineiro de Deus se não houvesse um lugar vazio no velório. Mas havia, embora despercebido por pessoas tão familiares como o ex-ministro José Dirceu e a presidente Dilma. Dilma contou que Alencar a “adotou” quando ela chegou a Brasília, em 2003: “Foi meu segundo pai”. Na mesma linha, Dirceu afirmou, ao sair do velório: “Lula disse que perdeu um irmão. Eu perdi quase um pai”. Com tal paternidade declarada, não precisa de um estudo profundo sobre estrutura de parentesco para ver que a cerimônia do adeus ao patriarca reuniu toda a quase-família: a esposa dona Mariza, os três filhos Josué, Graça e Patrícia. Além do quase-filho Dirceu, lado a lado de sua quase-irmã Dilma e do seu tio Lula. Só faltou mesmo alguém que esteve nos funerais de Mitterand. Mazarine Quando o presidente da França morreu no cargo, foram se despedir dele, na Catedral de Notre Dame, em Paris, cerca de 1.500 personalidades: reis, rainhas, príncipes, presidentes e chefes de governo de quase todos os países do mundo. Mas não foi nenhum deles que fez falta no enterro de Alencar. Quem fez falta foi alguém ainda mais importante, que concentrou todo o foco da imprensa mundial: Mazarine Mazarine foi registrada com esse nome em homenagem à biblioteca mais antiga da França. É que seus pais adoravam livros. Sua mãe Anne Pingeot era bibliotecária do Museu d´Orsay. Seu pai François Mitterand discutia com intimidade, entre outras, as obras de escritores latino-americanos como Júlio Cortázar e Garcia Marquez, que foram convidados para sua posse. Acontece que Mazarine Marie, nascida em 1974, era filha de uma relação adúltera. Foi discretamente reconhecida, em cartório, pelo pai, que conseguiu manter o segredo durante anos, até 1994, quando foi revelado publicamente pela revista Paris-Match. Hoje, ela é Mazarine Marie Pingeot-Miterrand, escritora, autora de um romance - Cemitério de bonecas - em que uma mulher mata seu bebê e o coloca num congelador. Mazarine e sua mãe não foram mortas nem ficaram no congelador. As duas foram convidadas para os funerais pela própria Danielle Miterrand, esposa do presidente, que bateu de frente com o poder e subverteu as normas do cerimonial. Uma foto estampada na primeira página dos jornais do mundo todo mostra Danielle ladeada por seus dois filhos Jean-Christophe e Gilbert, tendo Mazarine e Anne à sua esquerda. No velório de Alencar, quem ficou de fora foi a Mazarine brasileira, conhecida em Caratinga (MG) como Alencarzinha, uma quase-irmã do Dirceu e da Dilma. Trata-se de uma professora aposentada de 55 anos, que em 2001 entrou com uma ação de reconhecimento de paternidade, reivindicando ser filha de um romance entre José Alencar e a enfermeira Francisca Nicolina de Morais. Com a mesma teimosia com que lutou contra o câncer, seu quase pai, Zé Alencar, se recusou a fazer exames de DNA e morreu sem reconhecer aquela que diz ser sua filha. Diante da recusa, o juiz da comarca de Caratinga (MG), José Antônio de Oliveira Cordeiro, fez o que manda a lei. Declarou oficialmente José Alencar Gomes da Silva como o pai da professora, que agora passou a assinar, legalmente, Rosemary de Morais Gomes da Silva. Entrevistado no programa de Jô Soares, em 2010, diante das câmeras e dos microfones, José Alencar não negou que havia tido uma relação com Nicolina, mas disparou um tiro de guerra. Revelou que “como todo jovem na época” era freqüentador das zonas de meretrício das cidades onde morou, insinuando que a mãe de sua eventual filha era uma prostituta e que qualquer um podia ser o pai. Alencarzinha Confesso que nutria enorme admiração pela luta de Alencar contra o câncer, mas ela se esfumou quando ouvi sua declaração, digna de um Bolsonaro, ultrajante e ofensiva a todas as mulheres brasileiras, virtuosas ou pecadoras, que não mereciam um comportamento público tão machista, mesquinho e vulgar. Fiquei envergonhado, afinal ele me representava. Não era um quase-pai, mas era um quase-presidente. Nem o insensato coração de André Lázaro Ramos foi capaz de discurso tão abominável e covarde, indigno de um homem tão bom, que pelo seu cargo deveria ter um comportamento mais republicano. O pior é que, pelo lugar de onde fala, ele tem um “papel didático” também nessas questões de gênero. Alencarzinha assistiu pela televisão à cobertura do velório de um homem poderoso, rico, com grandes qualidades, mas asquerosamente machista. “Não fui a Belo Horizonte porque não ia ser bem aceita lá”, ela disse. Judicialmente, podia ter tentado impedir a cremação para realizar o exame de DNA, pelo qual tanto lutou. Mas não o fez. “Queria ter conversado com ele em vida, para mostrar quem eu sou, a filha que ele tem, todo pai gosta de conhecer a pessoa que ele colocou no mundo. Agora, não adianta mais”. Danielle Mitterand recebeu criticas impiedosas pela presença de Mazarine e Anne Pingeot nos funerais do presidente francês. Num belo texto que tornou público, ela condenou a hipocrisia e o conformismo, dizendo que um homem ou uma mulher sensível podia se enamorar e se encantar com outras pessoas: “É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de forma diferente”. Ela fez um apelo: “Aceitei a filha de meu marido e hoje recebo mensagens do mundo inteiro de filhos angustiados que me dizem: - ‘Obrigado por ter aberto um caminho. Meu pai vai morrer, mas eu não poderei ir ao enterro porque a mulher dele não aceita’ (…). Espero que as pessoas sejam generosas e amplas para compreender e amar seus parceiros em suas dúvidas, fragilidades, divisões e pequenas paixões. Isso é amar por inteiro e ter confiança em si mesmo”. Foi essa generosidade que faltou no enterro de Alencar.

REFLITA!

Quem é o seu(ou a sua)amante? (Jorge Bucay - Psicólogo) "Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam". Geralmente, são essas últimas que vêm ao meu consultório, para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc. Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança. Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!! É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?! Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais. Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte: "AMANTE" é aquilo que nos "apaixona", é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono, é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso "AMANTE " é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida. Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto.... Enfim, é "alguém!" ou "algo" que nos faz "namorar a vida" e nos afasta do triste destino de "ir levando"!.. E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva. Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão, de que talvez possamos realizar algo amanhã*. Por favor, não se contente com "ir levando"; procure um amante, seja também um amante e um protagonista ... DA SUA VIDA! Acredite: O trágico não é morrer, afinal a morte tem boa memória, e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver... Por isso, e sem mais delongas, procure um amante ... A psicologia após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: "PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR OU TER UM CASO COM A VIDA".

PARABÉNS, MULHER, PELO SEU DIA!

PARABÉNS, MULHER, PELO SEU DIA!

O SÉCULO DAS MULHERES - João Soares Neto, escritor


Quando universitário, abordei um professor de direito sobre o absurdo da exigência da expressa concordância do marido para que a mulher exercesse atos de comércio. Falávamos de estados de pessoas e a mulher era, no meu limitado entendimento, discriminada na legislação civil vigente à época. Logo depois, essa exigência, unilateral, foi abolida. Agora, neste 2011, vejo até que as revoltas nos países árabes têm a presença forte de jovens mulheres. Elas, mesmo portando véus ou de caras desnudas, estão nas praças, em manifestações fortes e utilizam meios magnéticos (twitters, e-mails, msn etc.) para difundir mensagens de renovação social e política e, nas entrelinhas, sugerem o fim da submissão eterna, de que são vítimas. O escritor egípcio Nagib Mahfuz, prêmio Nobel de Literatura, 1988, (detalhe: o presidente Osni Bumarack, agora deposto, à época, sequer cumprimentou Nagib) publicou, há muitos anos, a “Trilogia do Cairo” em que mostra o crescimento de idéias em meio à velha sociedade muçulmana. No primeiro volume, “Entre Dois Palácios”, surge a figura de Amina, casada com Ahmed, há mais de 25 anos, e narra que, todas as noites, ele chegava tarde e ela, aquietada, lavava e enxugava seus pés e, mesmo assim, o amava. Hoje, a vida é outra, as mulheres estão descobrindo que foram pisoteadas por crenças de toda ordem e resolvem assumir o seu papel de parceira e não de mera procriadora de filhos. O machista país Brasil está sendo presidido por uma mulher. É verdade que Dilma só está presidente por ter sido ajudada pela popularidade de Lula. Igualmente é verdade que, mesmo assim, ela tenta criar uma forma diferenciada do seu antecessor. Hoje, mulheres ocupam governos, parlamentos, forças armadas, tribunais, dirigem empresas, são profissionais e exercem, com coragem e força, múltiplas funções até bem pouco reservadas aos homens. Estamos ainda no ano 11 deste século, os que viverem por muitas décadas verão que não estou fazendo profecia, apenas relato um processo inexorável que chegou para ficar. A questão maior, neste século, será a adaptação do homem a essa nova face da mulher. A mulher já é protagonista da História e sê-lo-á, doravante, para sempre.

(Diário do Nordeste, 06 de março de 2011)

Batista de Lima escreve sobre o livro ÂNFORA DE SOL

Batista de Lima escreve sobre o livro ÂNFORA DE SOL

O tempo, a ânfora e o sol - Batista de Lima


O tempo corrosivo lhe dá a chance de recuperação através do restauro do corpo do poema. Trabalhar a forma poemática é trabalhar-se. Daí sua preocupação em se vestir, muitas vezes, de dois quartetos e dois tercetos e sair sonetada aos olhos de seus leitores. São sonetos sem rima, a maioria, mas metrificados em decassílabos

Diante de nossas retinas, a ânfora. Nela, azeite, vinho ou água. Mas não. Na ânfora está o sol. Ou é ela feita de sol? Quem vai dar essa resposta é a poesia de Giselda Medeiros. Já que ela começa feito andorinha fiando esperas, conclui-se que essa ânfora, mesmo feita de sol, vem mesmo é repleta com o tempo que flui pelas aberturas que não se tapam. O grande tema desse mais recente livro de Giselda é mesmo o tempo em correnteza fluindo de uma "Ânfora de Sol".

O tempo corrosivo lhe dá a chance de recuperação através do restauro do corpo do poema. Trabalhar a forma poemática é trabalhar-se. Daí sua preocupação em se vestir, muitas vezes, de dois quartetos e dois tercetos e sair sonetada aos olhos de seus leitores. São sonetos sem rima, a maioria, mas metrificados em decassílabos.

Em um rastreamento através desses sonetos é possível encontrar caminhos novos nas quebradas do destino, passos de algo peregrino que o tempo não conseguiu desrespeitar. Esse milagre só a poesia pode fazer. Daí que a autora confessa: "A aurora ainda é paisagem em mim".

Mesmo assim há uma profusão de metáforas melancólicas, como: "silentes olhos de crepúsculo", "tempo sem história", "rendas de espantos", "paisagens que se despedaçam sob os látegos do tempo" e "amarga solidão". Todo esse estado de espírito é amortizado na sua força corrosiva através da linguagem poética que ela vai tecendo, como um bordado de flor sobre uma túnica de tristeza.

Essa tristeza, quase um luto, faz com que surja, entre seus versos, aquele que nos parece mais revelador de sua fala. É um verso antológico que representa a culminância de toda a sua poética: "Preciso urgentemente ser nós dois". Aí está o resumo de tudo o que aparece no livro. Pode até ser sem propósito definido, esse desabafo, mas se configura profundamente revelador.

Nesse mesmo caminho, se direcionam as reflexões feitas pela escritora Neide Azevedo Lopes, nas orelhas do livro, quando relaciona expressões como: "porta fatigada de esperas", "vales úmidos de espanto", "canto inaugural das tardes" e "sendas do impreciso". Não se pode omitir esse clima sombrio que se esvai dos poemas como surgidos do "útero da noite", até o momento em que "a última estrela persigna-se ante o Cruzeiro do Sul".

Como se vê, há uma sintonia entre os elementos da natureza como a fazer coro uníssono em torno de uma angústia suspensa no ar. Até "o canto do rio é um lamento / na bda noite", e ""a bruma cai e é pesada", enquanto a "noite dos espantos" produz "metáforas alucinadas" no "horizonte das ausências". Toda essa angústia, no entanto, é abrandada também quando a autora retorna, ou tenta retornar, a um paraíso perdido: "meu olhar busca o passado".

Esse retorno leva a um encontro com elementos da natureza, que são revistos com olhos de metáfora. Assim é que "o sol esfrega os olhos / ainda úmidos de trevas" e "o vento / vem deitar em mim / suas promessas de cinza e pó". Mesmo assim, o tom ainda é de angústia e pessimismo, como se mesmo transformando o mundo do retorno não houvesse solução para o efêmero da vida.

"Ânfora de sol", contradizendo seu conteúdo semântico, não é um livro da claridade da manhã. É muito mais um canto da maturidade, simbolizado pelo tom sombrio de suas imagens. São "notas dilaceradas" de um canto de angústia e solidão. Uma permanente catarse de alguém que não teme em revelar aquilo que lhe pesa nos costados da alma. É revelador, portanto, dizer que "há fuligem no cais onde me encontro".

Mesmo assim há momentos, que se intercalam nessa angústia, onde um lirismo namorador, feito chuvas de verão, vem verdejar os campos áridos da melancolia. São momentos da visita do amor, ou outras acontecências de alteridades agradáveis. "E o mel, que escorre de meus lábios escarlates, / adoça teu nome em minha boca". Em outro momento ela declara: "Ó senhor da minha messe, / não te lembres de ir embora. / Quem irá cuidar da vinha / que tão linda floresce? / E quem subirá comigo / os degraus do arco-íris?"

Finalmente chegamos à última página do livro como um marinheiro que não quer desembarcar. Afinal, de tanto navegarmos esse manancial poético de Giselda Medeiros, nos viciamos no sabor de sua linguagem. Seu texto revela sabores e saberes onde o leitor se refestela. Por isso ele concluí que essa ânfora não é feita exatamente de sol, mas vem repleta principalmente de sabedoria. Conclui também que essa autora tem crescido poeticamente de livro para livro. Que essa Ânfora não é apenas de sol mas principalmente carregada de signos poéticos de alta qualidade. Giselda é poeta.

*jbatista@unifor.br
(Diário do Nordeste - 22/2/2011)

ENCHA OS OLHOS E A ALMA COM ESSA JOIA POÉTICA!!!

VERSOS DE OURO DE PITÁGORAS
Trad. Júlio Maciel

PREPARAÇÃO

Aos Deuses Imortais sagrado culto rende.
Resguarde o coração: tua crença defende.
Aos sábios e aos Heróis, um preito fervoroso.

PURIFICAÇÃO

Sê bom filho e bom pai, justo irmão, terno esposo.
Elege amigo teu o que em virtude prima;
Vive como ele vive e dele te aproxima.
Os conselhos lhe escuta; e si, te aconselhando,
O teu amigo for um dia menos brando,
Perdão! que sobre a fiel vontade - ó lei severa!
A Fortuna fatal, às vezes, prepondera.
Dominar as paixões é dom que te pertence:
Tuas loucas paixões subjuga e doma e vence.

Sê casto, sóbrio e ativo. A cólera, o semblante
Nunca te ensombre, nunca o mal te seja aceito
Em público ou sozinho, e como a um semelhante.
A ti mesmo tributa o devido respeito.

Na palavra e na ação sê justo e sê prudente.
Vive - mas não te saia a morte da lembrança;
Nem te esqueças jamais de que o homem facilmente
Perde as honras e os bens que facilmente alcança.

Se os males que o destino acarreta, à porfia.
Nem podes mitigar - não blasfemes o teu lábio:
Suporta-os com prudência e nos Deuses confia
Que aos Deuses praz valer ao que usa como Sábio.

Adeptos o erro os tem, como a Verdade bela:
O Sábio adverte, austero, ou aconselha amigo;
Mas se o erro vil domina - ele recua e vela!
Grava no imo do peito as palavras que eu digo:
Não tenhas prevenção alguma; todavia,
Os atos de outrem pesa e a ti mesmo te guia;
Pois que nem todos são exemplo e ensinamento.
Só o insensato é agir sem fim, razão, nem tento.
Contempla, no presente, o futuro e o passado.
Faze aquilo em que fôres versado.
Instrue-te com vagar, aprende com paciência
Do tempo e da constância é que vem a sapiência.
Poupa a saúde, que ela é um tesouro precioso:
Ao teu corpo - alimento, à tua alma - repouso.
Usa moderação, porque ainda mais nocivo
Do que a falta - resulta, às vezes, o excessivo.
Não pratiques o luxo, nem a avareza também,
Pois só no meio termo é que consiste o bem.

PERFEIÇÃO

Assim que o sol te acorde e calmo te levantes,
Julga tuas ações como severo juiz.
E ao sono não de dês, sem perguntares antes:
- Hoje, em que pensei eu? e que foi que fiz?

Fizeste o bem? - Persiste. O mal fizeste, - Abstêm-te.
Ama o conselho meu, medita o que ele ensina.
Se o amares - eu te juro - e o seguires fielmente
Poderás atingir à Virtude divina.

Sob o influxo divino, as obras que empreenderes
Terminarás em paz, fugindo o engano rudo.
E, prescrutando a essência aos diferentes seres,
Tu o princípio e o fim conhecerás de tudo.

Verás que a Natureza - o Céu há de mostrar-te -
E em tudo semelhante e a mesma em toda parte.
Conhecendo-te a ti, senhor do teu direito,
Vibrará sem paixões teu coração no peito.
Homem - verãs que são frutos próprios do homem,
A mágoa que atormenta e os males que o consomem;
Porque a origem do gozo, a fonte da ventura
Que em si mesmo possui - além de si procura.

Bem poucos sabem ser felizes: compelidos
Pelos desejos maus, joguetes dos sentidos,
Como baixei, em mar sem fim, por entre pegos,
Assim os homens vão desnorteados e cegos.
Deuses! quizesseis Vós valer-lhes, de onde estais|!
Mas, não. Homem, teu ser provém dos imortais.

Discerne, por ti mesmo, o bem e o mal: conforto
E auxílio te dará a Natureza exemplar.
Homem sábio e feliz, o entre-sonhado porto,
Se cumpres minhas leis, um dia hás-de alcançar.

Evita o que perturba a mente e o que a alma esmaga.
Aprimora a razão, esmera os dotes teus
E tu, transpondo, enfim a perfulgente plaga,
Tu, entre os Imortais, serás também um Deus!

(Colaboração de Fernanda Benevides)

UM POEMA DO LIVRO TRANSPARÊNCIAS


Acordo tristemente... Entreabro a porta
da minha vã esperança e vejo morta

a aurora que brilhava em minha vida,
tão fulva aurora, agora encanecida.

São muitas léguas que ficaram atrás
daquelas terras onde não há mais

uma esperança que me guie à frente...
Estes meus pés só querem... e tão somente,

só retrocedem nessa caminhada...
Andar à frente é rebuscar o nada

onde as pessoas andam cabisbaixas,
acrisolando sonhos dentro em caixas

cujo invólucro chamam de egoísmo,
de perversão ou puro idealismo.

Nenhuma rosa nascerá, portanto,
neste jardim amargo do meu pranto.

E aquela que floriu na primavera
emurcheceu-se diante desta espera.

Buscou o sol, mas a triste neblina
descoloriu a cor de purpurina...

É meu destino, eu sei, e não me iludo,
só receber o nada e dar o tudo.

No entanto, às vezes, me julguei um deus,
pois já fui fio para alguns teseus

que, agora, tendo livre o seu destino,
são outros dédalos que eu abomino.

Recolho as mágoas e me ponho à frente,
com muito esforço, qual um penitente.

Os pés descalços já se abriram em chagas
de tanto andarem em longínquas plagas.

Mas ando só, cambaleando e tendo
sobre os meus ombros este carma horrendo...

Em tudo eu vejo o resplendor da vida,
não me importando se ela me intimida.

Bendigo a chuva, quando cai de esguio,
no coração da terra, em longo cio.

Bendigo o sol quando a doirar se põe
a terra virgem que ao beijo se expõe.

Vou caminhando e a cismar me oponho:
não vale a pena nessa terra o sonho.

Será exilado aquele que se atreve
viver um sonho, mesmo sendo breve.

E eu que já tive tantos sonhos, tantos,
caio por terra em desesperos quantos.

Febril e exausta, a minha desventura
torna-me em pó, em pó e sepultura.

E restará de mim só um legado
que não será jamais amortalhado

e ao qual minha arte há de cantar mil cantos
e proclamar, por todos recantos,

este desejo em cujo altar me ponho:
voltar à vida e libertar o Sonho!

Giselda Medeiros



A VISITA - Giselda Medeiros

Enfim, o Amor me fez uma visita...
Sentou, comigo, à mesa, e disse: “Vim
para ficar contigo, me acredita,
serei teu; tu serás só para mim”.

Ouviu-o. E, enquanto ele me olhava, aflita,
eu relembrava outra visita e, assim,
perscrutando-lhe os olhos, intervim:
“Se me amas, fica, e esta dor interdita!”

Fitamo-nos... Nada dissemos, mas
mil luzes acenderam-se. Vibramos
na exaltação febril do instante audaz.

Como foi bom amar e ser amada,
e despertar com a aurora que pintamos
na tela argêntea da nossa alvorada.

(do livro Ânfora de Sol)

VOCÊ SABIA??? O Lado Pagão das Festas Cristãs

VOCÊ SABIA??? O Lado Pagão das Festas Cristãs

Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick


Os povos antigos faziam rituais mágico religiosos para controlar certos fatores que poderiam representar reveses em suas vidas. O tempo passou, os desvios foram se sucedendo e hoje em dia esses rituais aparecem, bem deturpados, em várias festividades cristas.

Por Elsie Dubugras

Festejamos a Páscoa com ovos de chocolate deixados pelo coelhinho; pulamos no Carnaval; colocamos cinzas na testa na quarta feira de Cinzas; e nos penitenciamos durante quarenta dias da Quaresma. Mas será que sabemos por que fazemos tudo isso e qual a verdadeira origem desses costumes e rituais? Uma pesquisa em profundidade foi feita para descobrir a sua procedência, e trouxe respostas das mais interessantes a curiosas.

Carnaval

Diz a Encyclopaedia Britannica que a palavra "carnaval" poderia ter se originado do latim medieval carnem levare ("leve-se embora a carne") ou carnem levarium ("remova a carne"). A dedução parece lógica, pois o Carnaval é um festejo que antecede a Quaresma, quando a Igreja católica recomenda a abstinência de carne.

Outras fontes consultadas declaram que o Carnaval está intimamente ligado a uma festividade pagã da antiga Roma: a Saturnália, durante a qual os foliões dançavam a pulavam para o alto.

Esta festa, todavia, não se destinava a divertir o povo como o Carnaval de hoje em dia, pois era um ritual mágico / homeopático para incentivar as plantas a crescer. Em alguns desses festejos, os foliões usavam máscaras e desferiam golpes para o ar. Por vezes os golpes eram dirigidos aos que estavam por perto, mas todos tinham uma só finalidade: assustar e afugentar os demônios que prejudicavam as colheitas e o povo.

Em seu livro O Ramo de Ouro, Sir James G. Frazer observou que ainda hoje os camponeses de certas regiões da Europa geralmente em épocas predeterminadas, como na terça-feira que antecede o Carnaval dão pulos para o alto, a fim de incentivar suas plantas a crescer.

Na quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia após o Carnaval e o início da Quaresma, os padres da Igreja católica romana costumam fazer uma cruz na testa dos fiéis com as cinzas conseguidas das palmas bentas do domingo de Ramos da Quaresma anterior.

Diz Frazer que esse costume se origina no Antigo Egito, quando ainda se praticavam sacrifícios humanos. A vítima era sempre um homem de cabelo vermelho, pois essa cor representava o cereal maduro. Depois de morto e queimado, suas cinzas eram espalhadas pelos campos para que as colheitas fossem abundantes. Todavia, quando se tornava necessário expulsar os demônios que infestavam o lugar, os egípcios também usavam ramos de plantas frescas ou as queimavam e aproveitavam as cinzas.

Deve-se observar que a cerimônia das Cinzas só começou a ser usada pela Igreja nos primeiros séculos da era cristã. O ritual era a forma empregada pela Igreja para admitir os penitentes à comunidade; na ocasião, eles se vestiam com roupas de saco.

Depois do século 10 d.C., toda a congregação cristã, as pessoas de fora que quisessem participar e até os padres podiam tomar parte no ritual e na aspersão de cinzas.

Quaresma

A quaresma propriamente dita equivale ao tempo em que as pessoas com doenças contagiosas ficavam em isolamento. Durante esse período, fazia-se a limpeza e a purificação do lugar onde o doente morava e queimava-se a sua roupa. De início, o isolamento era de trinta dias e chamava-se trintena, mas ele foi depois aumentado para quarenta dias e passou a chamar-se quarentena, palavra que ainda hoje é usada.

Todavia, segundo a Igreja católica, o tempo de Quaresma define o período que Moisés esteve no monte aguardando as tábuas da lei e os dias que Jesus passou no deserto, orando e jejuando. Por este motivo, exortam-se os fiéis a obedecer a certos rituais, fazer penitências, dar esmolas, orar e jejuar, tudo em preparação para a Páscoa, o dia em que se celebra a ressurreição de Cristo.

Por jejum deve se entender a abstenção parcial ou total de alimentos em certos dias. A prática não se originou com os cristãos; é antiqüíssima, e os povos primitivos jejuavam antes de processar as colheitas e durante certos períodos na primavera e no outono. Também se abstinham de comer antes das caçadas, das cerimônias de iniciação e de alguns ritos mágicos e/ou religiosos, cujas origens se perdem no tempo. Além disso, jejuava se, quando ocorria uma morte ou, então, para apaziguar alguma divindade irada.

Outros grupos religiosos também praticam o jejum: os judeus na celebração do Yom Kippur, o Dia da Reconciliação, e os muçulmanos durante o mês de Ramadã.

O que impele as pessoas ou as comunidades religiosas a diminuir a ingestão de alimentos? Dizem os conhecedores do assunto que existem três grandes categorias de jejuadores. A primeira engloba os que fazem isso para conseguir poderes mágicos ou aumentar os que já possuem e, assim, dominar as forças da natureza a outras. Nessa classe estariam os xamãs, os pajés, etc. Na segunda categoria encontram se os que praticam a abstinência com o intuito de fortalecer sua própria fibra moral e, também, a da comunidade a que pertencem. Um exemplo moderno é o hindu Mahatma Gandhi. Em terceiro lugar estão as comunidades religiosas que tentam controlar seu(s) apetite(s) oferecendo penitência a Deus, categoria em que estariam enquadrados os cartusianos, as carmelitas, etc.

Páscoa

A Páscoa é uma festa móvel, isto é, não cai no mesmo dia todos os anos. Para descobrir a data em que será celebrada, é preciso localizar o primeiro domingo depois da primeira Lua cheia da primavera de Roma (hemisfério norte), usando os critérios gregorianos. No Brasil (hemisfério sul), o cálculo corresponde à primeira Lua cheia de outono. Aqui, o outono inicia-se no dia 21 de março; portanto, tendo a Lua cheia deste ano ocorrido no dia 22 de março, a Páscoa de 1989 foi celebrada no dia 26 de março.

A Páscoa é o dia em que celebra-se a ressurreição de Cristo. Todavia, até o século IV, ele era consagrado à comemoração da ressurreição do deus do Sol, Mitra, cujo aniversário de nascimento, em 25 de dezembro, coincide com o de Jesus.

Qual a razão de festejar-se a Pásca com ovos? Porque os ovos simbolizam a vida nova e, portanto, a ressurreição. Antigamente, em especial no norte da Europa, o povo não costumava comer ovos durante a Quaresma, mas no sábado de Aleluia (o dia que antecede a Páscoa) as pessoas cozinhavam os ovos que tinham recolhido e os pintavam com cores alegres. No dia da Páscoa, eles eram dados aos amigos a parentes ou escondidos nos jardins e quintais para que as crianças os procurassem. Dizia-se que o coelhinho deixara os ovos lá...

Nos Estados Unidos há um costume interessante: para ter sorte, as pessoas rolam ovos coloridos e pintados nos gramados da Casa Branca, a residência do presidente americano.

Mas como é que o coelhinho entrou nessa história toda? Porque esse simpático animal assemelha-se à lebre que, no Antigo Egito, simbolizava a fertilidade e a periodicidade humana e lunar. Aos poucos, a imagem da lebre chegou à Europa, transformou-se em coelho e foi adotada pelo povo.

São João, o dia dos namorados

Vamos ver agora o que há sobre o dia dos namorados tradicional: o dia de São João, celebrado com festa em 24 de junho. Segundo Frazer, esse é o dia do solstício, quando o Sol chega ao máximo, pára e começa a descer.

Como o evento era temido pelo povo antigo, naquela data as pessoas praticavam diversos rituais que seriam de defesa própria da comunidade, para auxilio em casos de doença, para a melhoria das colheitas, etc. Com estes fins em vista, o povo reunia-se no dia do solstício ao redor de fogueiras, girava uma roda e fazia procissões pelos campos, todos segurando tochas acesas.

Além dessas fogueiras e neste mesmo dia, os moços juntavam ossos, lixo e outros produtos que, queimados, produziam grossos rolos de fumaça. Essa fumaça tinha uma finalidade toda especial: servia para afugentar os dragões que, copulando no ar, deixavam cair seu sêmen e, assim, envenenavam as águas . . .

O solstício de verão é festejado ainda hoje pelos muçulmanos do norte da África, por diversas tribos árabes e pelos berberes, uma raça da África setentrional.

Eles também acendem fogueiras naquele dia, mas jogam no fogo certas plantas e ervas aromáticas que produzem uma fumaça perfumada. Os participantes aproximam-se e se expõem à fogueira tentando dirigir a fumaça para suas casas a plantações. Segundo crêem, ela limpa e cura. Essas pessoas também pulam sobre as fogueiras, um costume conhecido e praticado no interior do Brasil. Além disso, retiram gravetos em chamas, das fogueiras, que são usados para incensar as casas. As próprias cinzas são utilizadas para massagens pelo corpo e no couro cabeludo.

Com esses dados, vê-se logo que as festas juninas e outras anteriormente citadas pouco têm de cristão. São simpáticas festividades pagãs, de remotíssima origem, algumas celebradas por povos que ainda hoje não seguem os ensinamentos cristãos.

ENCONTRO NATALINO DE ESCRITORAS

A escritora Angela Gutiérrez reuniu, em sua aconchegante residência, dia 13 de dezembro, um grupo de mulheres escritoras, para um encontro em torno do Natal, seguindo o que ficara determinado, ano passado, na residência de Regine Limaverde, mentora do 1º encontro.

A ANFITRIÃ

A ANFITRIÃ

O CORAÇÃO DE ANGELA ENTREGUE ÀS CONVIDADAS

O CORAÇÃO DE ANGELA ENTREGUE ÀS CONVIDADAS

DINA AVESQUE

DINA AVESQUE
A Oradora
Desta feita, Dina Avesque foi a convidada para fazer a reflexão natalina.
Com desenvoltura, ela colocou em pauta suas emoções em torno do Natal, concluindo com a leitura de um belíssimo poema de James Weldon Johnson.

EIS AS MULHERES ESCRITORAS CONVIDADAS

EIS AS MULHERES ESCRITORAS CONVIDADAS
Zenaide Marçal

Beatriz Alcântara e Rita de Cássia Araújo

Maria Luísa Bomfim

Dina Avesque, Côca e Nilze Costa e Silva

Regina Fiúza, Neide Azevedo, Beatriz Alcântara e Thereza Leite

Lourdinha Leite Barbosa, Regine Limaverde e Maria Luísa Bomfim

Socorro Torquato (Côca)

Giselda Medeiros

Rejane Costa Barros

Neide Azevedo

Lançamento de Ânfora de Sol

Lançamento de Ânfora de Sol
O Autógrafo

CERIMONIAL- LIVRO ÂNFORA DE SOL, DE GISELDA MEDEIROS - POR REJANE COSTA BARROS

Senhoras e Senhores, boa-noite.

Nas pessoas do Presidente do Ideal Clube, Dr. Alcimor Aguiar Rocha Jr., do Presidente do Conselho Curador de Cultura, Ministro Ubiratan Aguiar e do Diretor de Cultura do Ideal, o médico e poeta José Telles, temos o prazer de nos reunirmos, nesta noite de encanto e alegria, em torno de Giselda Medeiros, para, com ela celebrar o lançamento de mais um livro de sua autoria. Intelectual de provada e admirada sabedoria, descobriu cedo sua vocação literária e usa-a como o barro elementar de sua produção poética.

A obra que justifica a presença ilustre de tantas pessoas, amigos e admiradores de Giselda Medeiros, tem o título de Ânfora de Sol, livro agraciado com o Prêmio Lúcia Fernandes Martins de Poesia.

Giselda Medeiros é, com certeza, uma cidadã do mundo, sua verve, aguda e luminosa, expressada de um modo claro e fluente, nos permite abraçar essa poetisa de sublime encantamento, pois conhece a alma humana através da leitura que faz de cada um.

Neste momento de encontro da sociedade cearense, queremos reverenciar o amor, sentimento maior que move os humanos corações apaixonados e dizer aos presentes que o encanto também veio nos brindar.

Para apresentar a autora e a obra, teremos a palavra do poeta JOSÉ TELLES.

Em seguida, para fazer seus agradecimentos, falará a autora de Ânfora de Sol, poetisa Giselda Medeiros.

Senhoras e Senhores,
Agradecemos as presenças de todos, recomendando que leiam e degustem este livro sem pressa e não percam este banquete.


De modo especial, agradecemos a presença das autoridades:

Dr. Pedro Henrique Saraiva Leão, presidente da Academia Cearense de Letras

Dr. José Telles, diretor de Cultura e Arte do Ideal Clube e presidente da Academia de Letras e Artes do Nordeste

Dra. Gizela Costa, presidente da Academia Fortalezense de Letras

Dr. José Augusto Bezerra, presidente do Instituto do Ceará e da Associação Brasileira de Bibliófilos

Professor Ítalo Gurgel, presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa

Dra. Cybele Pontes, presidente da Sociedade Amigas do Livro

Dr. Lúcio Alcântara, ex-governador do Estado do Ceará

Sra. Argentina Andrade, presidente da Academia Feminina de Letras do Ceará

Sra. Maria Luísa Bomfim, presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB/CE

Dr. Maurício Benevides, presidente da Academia Cearense de Retórica

Sr. Francisco Lopes, Deputado Federal

Sr. Paulo Facó, Deputado Estadual

Sr. José Rosa Abreu Vale, ex-secretário de Educação do Estado do Ceará

Sra. Dra. Isabel Filgueiras Lima Ciasca, diretora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará

Ao final, convidamos a todos para o coquetel de congraçamento e para a continuação dos autógrafos ao som da maravilhosa voz de Renato Assunção.

A festa está apenas começando.
Muito obrigada!

Fortaleza, 26 de outubro de 2010.


Giselda, Suzana Ribeiro e Cybele Pontes

Giselda, Suzana Ribeiro e Cybele Pontes

A Família Medeiros

A Família Medeiros

Giselda, Leda Costa Lima e Evan Bessa

Giselda, Leda Costa Lima e Evan Bessa

Giselda Medeiros e José Rosa Abreu Vale

Giselda Medeiros e José Rosa Abreu Vale

O casal Gerardo e Neide Azevedo com a Autora

O casal Gerardo e Neide Azevedo com a Autora

Giselda, Ednilo Soárez e Fanny

Giselda, Ednilo Soárez e Fanny

Vicente Alencar, Giselda e J. Udine

Vicente Alencar, Giselda e J. Udine

Giselda entre Ítalo Gurgel e esposa

Giselda entre Ítalo Gurgel e esposa

Autora e Deputado Paulo Facó

Autora e Deputado Paulo Facó

Margarida Teles, Giselda e Constança Távora

Margarida Teles, Giselda e Constança Távora

Giselda e Cláudio Queiroz

Giselda e Cláudio Queiroz

Batista de Lima, Giselda e Zenaide Marçal

Batista de Lima, Giselda e Zenaide Marçal

Giselda Medeiros e Rejane Costa Barros

Giselda Medeiros e Rejane Costa Barros

Autógrafos para Heliane Pimentel e carlos Augusto Viana

Autógrafos para Heliane Pimentel e carlos Augusto Viana

José Telles, Pedro Henrique Saraiva Leão (Presidente da Academia Cearense de Letras, Murilo Martins

José Telles, Pedro Henrique Saraiva Leão (Presidente da Academia Cearense de Letras, Murilo Martins

Giselda, Maria Evaneida e Genuíno Sales

Giselda, Maria Evaneida e Genuíno Sales

Autógrafo para Henrique Soárez - Diretor do Colégio 7 de Setembro

Autógrafo para Henrique Soárez - Diretor do Colégio 7 de Setembro

Autógrafo para José Augusto Bezerra - Presidente do Instituto Histórico do Ceará

Autógrafo para José Augusto Bezerra - Presidente do Instituto Histórico do Ceará

Giselda e Argentina Andrade - Presidente da Academia Feminina de Letras do Ceará

Giselda e Argentina Andrade - Presidente da Academia Feminina de Letras do Ceará

F. S. Nascimento, a Autora e Horácio Dídimo

F. S. Nascimento, a Autora e Horácio Dídimo

José Teles, Pedro Henrique Saraiva Leão, Giselda, José Maria Chaves e Pedro Paulo Montenegro

José Teles, Pedro Henrique Saraiva Leão, Giselda, José Maria Chaves e Pedro Paulo Montenegro

Autógrafo para Pereira de Albuquerque

Autógrafo para Pereira de Albuquerque

A Autora e Nirvanda Medeiros

A  Autora e Nirvanda Medeiros

Giselda, Dr. Maurício Benevides e Rose

Giselda, Dr. Maurício Benevides e Rose

Giselda Medeiros e João Soares Neto

Giselda Medeiros e João Soares Neto

A Autora e Gizela Costa

A Autora e Gizela Costa

Giselda Medeiros e Neide Freire

Giselda Medeiros e Neide Freire

A Autora e Francinete Azevedo

A Autora e Francinete Azevedo

Leia este texto de Marcelo Gurgel

Leia este texto de Marcelo Gurgel

CARMINA, MEU AMOR!


Conheci Carmina, nos meados da minha adolescência, nos tempos colegiais, época em que os hormônios androgênios vicejavam e minha face era fincada por “cravos” e “espinhas”, ameaçando deixar depressões e sulcos no rosto.

Nossos primeiros “encontros” foram na casa de um amigo, freqüentador da mesma paróquia e do mesmo colégio, que, certamente por nutrir alguma paixão por Carmina, mas sempre alegando razões maternas, que a tinha sob a sua devida guarda, raramente franqueava a saída dela até a minha casa, onde eu poderia dispor de alguns momentos de maior intimidade.

Confesso que foi um “caso” de amor à primeira vista, tendo sido dominado pelo desejo absoluto da sua posse permanente, algo bastante difícil para um “despossuído” de bens materiais, vivendo exclusivamente às expensas paternas, provedoras da subsistência mínima, sem direito à “mesada”.

Acolher em meu lar essa “tedesca profana”, dadas às minhas limitações financeiras e às dificuldades logísticas do final dos anos sessenta do século vencido, compunha um entrave hercúleo, de maneira que somente quando estava prestes a findar meu curso médico, quase dez anos após o nosso contato inicial, pude possuí-la, ainda que fosse uma réplica daquela imagem primeira.

Carmina esteve “espiritualmente” comigo em momentos muito especiais de minha existência: na solenidade de nossa “Aula da Saudade”, em dezembro de 1977, ocasião em que prestamos o Juramento de Hipócrates, cumprindo uma milenar tradição, apresentei-a a meus colegas formandos, porém poucos deram-lhe a devida atenção; também na comemoração do Jubileu de Prata de nossa formatura, quando recebi a incumbência de fazer a saudação aos médicos da Turma José Carlos Ribeiro, reapresentei-a publicamente, mas havia vagas e esparsas lembranças entre alguns dos companheiros, como indicativo do conhecimento prévio.

O “Fortuna Imperatrix Mundi” retrata, com propriedade, o conceito antigo da roda-da-fortuna, emoldurado em um “moto perpetuo”, aportando, alternadamente, sorte e azar, que muito bem assinala o nosso platônico relacionamento desde os primórdios, marcado por sucessivos desencontros físicos, reportados a seguir.

Em maio de 1987, quando da primeira viagem à Europa, ao passar por Colônia, descobri que “Carmina” terminara a sua temporada de apresentações na semana precedente à minha chegada; em novembro de 1991, mesmo sobrecarregado pelos encargos de Secretário Geral do XII Congresso Brasileiro de Cancerologia, que ora transcorria em Fortaleza, empolguei-me com a apresentação que faria na televisão brasileira, sob a regência de Seiji Ozawa, e tratei de gravar, para dispor da cópia com a sua encenação plena, experiência mal sucedida porque esquecera de ajustar o canal de gravação, sobrando-me na fita a entrevista do admirável Chico Buarque sobre o seu livro “Estorvo”; em junho de 1997, quando cheguei à Ribeirão Preto, para participar do Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, descobri que, na véspera, “Carmina”, sob a batuta de Benito Juarez, fizera única apresentação nessa cidade.

Carmina também trouxe-me dividendos amorosos, pois ao confidenciar a um analista de sistemas do Instituto Nacional do Câncer, que fora almoçar em minha residência, a minha fidelidade a ela, de mais de vinte anos, a ausculta indevida da nossa empregada doméstica, aliás um pouco boquirrota, granjeou-me o regozijo de minha mulher por saber que tinha um marido fiel.

É bem verdade que sou um ente contemporâneo, nascido há cinqüenta anos, enquanto “Carmina” é do medievo, “gerada” por volta de 1300, mas somente secularizada no limiar do século XIX e convertida na obra prima de Carl Orff, estreada em Frankfurt em 1937; contudo, o descompasso cronológico entre nós não configura um impeditivo para a minha saudável e duradoura adoração por ela, e espero que seus plangentes acordes iniciais sejam entoados quando me for permitido ver a face do Pai.

Carmina Burana significa Canções de Benediktbeurn, tendo sido oriunda de um rolo de pergaminho, com cerca de duzentos poemas e canções medievais, encontrado na biblioteca da antiga Abadia de Benediktbeurn, na Alta Baviera.


Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública da UECE



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GISELDA MEDEIROS - Professora,escritora, com seis livros publicados. Pertence a várias entidades literárias, dentre elas, a Academia Cearense de Letras, Academia Cearense da Língua Portuguesa, Academia Fortalezense de Letras, Academia de Letras e Artes do Nordeste, Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil,Sociedade Amigas do Livro, Associação Brasileira de Bibliófilos, União Brasileira de Trovadores, seção de Fortaleza. Livros publicados: Alma Liberta (1986); Transparências (1989); Cantos Circunstanciais (1996); Tempo das Esperas (2000); Sob Eros e Thanatos (2002); Crítica Reunida (2007). Dentre os vários prêmios literários, citam-se: V Prêmio Cidade de Fortaleza; II Prêmio Ceará de Literatura; XV Prêmio de Poesia Falada do Norte e Nordeste (UFSE); Prêmio Osmundo Pontes de Literatura 1999; Prêmio Henriqueta Lisboa (Academia Mineira de Letras); Prêmio Domingos Olímpio de Literatura (Menção Especial); Prêmio Lacyr Schettino - Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (Menção Honrosa); Prêmio Lúcia Fernandes Martins de Poesia, dentre outros. Em 2000, foi aclamada Princesa dos Poetas do Ceará.
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CANTIGA PARA NÃO MORRER - Ferreira Gulllar

Quando você for-se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Colaboração da poeta Fernanda Benevides

PARABÉNS PRA VOCÊ, PAI!

PARABÉNS PRA VOCÊ, PAI!

Pai Herói

Seu pai merece ser chamado de Herói?

O pai herói é o que demonstra e age com amor, compaixão, tem um caráter consistente , é integro e como resultado seu filho segue o modelo do Pai herói.

Seu filho precisa de um verdadeiro herói. Você gostaria de ser o verdadeiro herói para seu filho? Não sei qual seria a sua reposta é possível que você respondesse que o herói para seu filho poderia ser uma celebridade, alguém muito especial e importante. Na realidade você pai não precisa competir com as estrelas do cinema e dos filmes, nem com as pessoas mais importantes da face da terra. Você é o herói de seu filho. Não se trata simplesmente de você desejar sentir-se importante, respeitado ou amado. Não porque quer gozar de admiração e bons sentimentos sobre um Super pai. Esses podem ser alguns dos objetivos periféricos e porque não dizer a única coisa que você precisa fazer é ter atitudes de um bom herói.

Você quer se este o herói para seu filho a fim de prepará-lo para enfrentar uma sociedade desprovida de valores, de amor e de compaixão? Você quer ser o herói para que seu filho possa rejeitar as drogas e sobre todas as outras pressões ditadas pela mídia e pelo grupo de amigos? Comece essa tarefa de herói nos primeiros anos de vida de seu filho, começa agora, ainda há tempo trabalhe para ser o verdadeiro herói dele.. Quanto mais cedo você se tornar o herói dele, tanto mais ele irá ouvi-lo e viver de acordo com os seus valores. O relacionamento que seu filho tiver com você, determinará a qualidade de vida que ele terá como adulto. Se você for o herói ele seguirá suas orientações e ensinamentos com amor e não com temor, por gratidão e não por culpa.

Ainda dá tempo de você ser um verdadeiro pai para o seu filho! Participar da vida dele mesmo ele já sendo adulto. Feliz dia dos Pais.


katia.rodadavida.zip.net


MAIS REFLEXÃO...

FRASES SIGNIFICATIVAS do livro bestseller "Think and Grow Rich",by Napoleon Hill.

* "A força que mais motiva o Homem é o desejo de agradar a uma Mulher!"

* "A Mulher que compreende a natureza masculina e, discretamente, cuida de seu Homem, não teme a concorrência de outras mulheres. Os Homens podem ser gigantes indomáveis ao lidar com outros, mas são facilmente influenciados pela Mulher amada - o que a maioria deles não admite, já que os Homens preferem ser considerados o "sexo forte". A Mulher inteligente,por sua vez, reconhece este traço machista e tira partido dele."

* "Alguns Homens, apesar de perceberem a influência exercida sobre eles por uma Mulher -esposa, namorada, mãe, irmã - diplomaticamente não se insurgem, pois possuem inteligência bastante para admitir que NENHUM HOMEM É FELIZ OU COMPLETO SEM A INFLUÊNCIA MODIFICADORA DA MULHER CERTA."


MAIS REFLEXÃO


"Os que amam verdadeiramente, os crescidos espiritualmente, os iluminados, os que possuem o chacra do coração desenvolvido, os realizados e felizes compreendem as limitações humanas e perdoam facilmente. AS PESSOAS REALIZADAS E FELIZES TENDEM NATURALMENTE A VER O QUE EXISTE DE BELLO, GRANDE E NOBRE NO OUTRO."



Wagner Paiva Queiroz,psicólogo / jornalista / escritor



UMA BOA SEMANA!

NOSSA HOMENAGEM PELO DIA DO ESCRITOR

NOSSA HOMENAGEM PELO DIA DO ESCRITOR
25 DE JULHO

FELIZ DIA DO ESCRITOR!

No labor da criação,
perdido entre o riso e a dor,
não há maior solidão
que a solidão do escritor!

Antônio Juraci Siqueira - PA

BOM DIA PARA VOCÊ QUE CHEGA

Lindos e Fofos Cartões www.cartooes.com

FELIZ ANIVERSÁRIO, GISELDA

FELIZ ANIVERSÁRIO, GISELDA

ANIVERSÁRIO

MÃOS À FLOR
(Para Giselda Medeiros)

Não quero saber embora aflita
de maldizeres, de mandingas,
de esconder sentimentos, porque surgiu
nesse instante, nesse momento,
nessa transformação eterna e lenta
uma rosa intocável
nesta encantada vitrina lilás.

Por não te decifrar inteira, completa,
degustamos os teus versos
como a uma fruta madura;
és pêssego e tens no teu corpo
a leve melodia daquele acorde
que se derrama em cadências e sonhos
quando tu passas.

E sempre nos dás um reflorir no sorriso
que incendeia novas conquistas,
que nos ensina novos caminhos e nos traz
o voo tranquilo para esse mar de rosas.

Há uma temperatura estranha, levemente acesa
palpitando a hora, mergulhando à data
e tropeçando espantos e se fazendo calma;
e neste fio de vida que temos,
nos compomos em saudades, em lembranças, em argumentos.

Mas, que importa a saudade
se vejo que em teu rio corre à solta
a água limpa e morna que se faz verso e canção
e que nos dá de presente, essa amiga,
essa mulher, essa menina de infinita argúcia
que nos brinda com suas mãos serenas
e seu encanto derramado em amor!

Rejane Costa Barros
14 de julho




A POETISA DAS FLORES ANIVERSARIA HOJE, DIA 9 DE JULHO

A POETISA DAS FLORES ANIVERSARIA HOJE, DIA 9 DE JULHO
PARA ELA AS NOSSAS HOMENAGENS

LÚCIA HELENA PEREIRA - Presidente da AJEB-RN, por 10 anos, e da AJEB NACIONAL, por dois anos.

D I V A G A Ç Õ E S

O dia estava lindo. Do alto da serra de Pedra Azul, no Espírito Santo, o verde se espreguiçava sereno, na linda hora matinal. Corpos macios e quentes do aconchego e dos lençóis noturnos, sentiam-se tocados pelo frescor da brisa.
Nenhum remorso, apenas sensações de pureza, inocência, e desejo envoltos na embriaguez sorvida no cálice das flores, penduradas na soberba trepadeira, como a guardar o licor das aromáticas pétalas aveludadas, macias, com seu néctar doce e cor-de-rosa.
Ao redor, aquele mundo cheio de verdor se agigantava em beleza. As árvores, com suas frutas suspensas, pareciam árvores de Natal - naturais - obras da natureza divina.
O amor! Tão belo e casto em sua essência! Inocente e, por conseguinte, leve e livre, como asa de um pássaro feliz.
Nenhum constrangimento no amor, somente a ternura de mãos envoltas em carinhos, o sussurrar de confissões íntimas aos ouvidos, lábios em fartos e diletos beijos.
O amor! Sem testemunhas, guardando para a hora seguinte o recomeço, o buliçoso momento, a ânsia, o frenesi, a belíssima sinfonia do silêncio de almas.
Pedra Azul, a linda serra do Espirito Santo, onde os pássaros executam as suas sinfonias, e as pequeninas cascatas dos caminhos vão abrindo poemas feitos de brilho e luz...e onde fui feliz!!

VISITE E LEIA O BLOG DE LÚCIA HELENA PEREIRA - A POETISA DAS FLORES

http://www.outraseoutras.blogspot.com/

xiscada@hotmail.com


UM POEMA DE LÚCIA HELENA PEREIRA

UM POEMA DE LÚCIA HELENA PEREIRA

PRECISO DO AZUL OCEÂNICO DO SEU OLHAR - Lúcia Helena Pereira

Preciso do azul oceânico desse seu olhar
Derramando-se de ondas espumantes
E requebrando-se numa esquina de alto-mar!

Preciso da alegria desse seu olhar,
Cheio de vida e luz,
Feitiço e fuxico enamorando-se!

Preciso da alma desse seu olhar,
Auréola branca de algodão,
Arrecifes distantes! Abismos dentro de mim!

Preciso do misticismo desse seu olhar
Impregnado de segredos e mistérios,
De encantos, delírios e maravilhas.

Preciso desse seu olhar dengoso,
Ao mesmo tempo irônico
Zombando dos meus queixumes.

Preciso do sol desse seu olhar mestiço,
Ouro reluzente, pepita luminosa
Tesouro dos meus anseios.

Preciso desse seu olhar bondoso,
Sem piedade, só prontificado,
A proteger-me e amar-me.

Preciso do fogo desse seu olhar de brasa
Queimando todos os meus segredos
E ensinando-me a ser presente,
Na festa odorífica de um orgasmo.


REFLEXÃO - Colaboração enviada por Wagner Paiva Queiroz Lima - escritor e psicólogo

"A maioria dos homens pensa que, para provar seu amor a uma mulher, basta preparar um jantar e uma noite romântica no dia dos namorados. Ledo engano...

A mulher não é um computador que você liga e desliga. Não funciona assim, estalando o dedo. A mulher gosta de viver o romantismo, viver o amor. A cada dia, a cada momento.

O amor é uma emoção lenta, que precisa de aquecimento e constância. Todos os dias são dias para conquistar o coração de uma mulher".

Roberto Shinyashiki

UMA TROVA MAIS QUE ROMÂNTICA

Meia luz...Noite...A vidraça...
A cama...O beijo...E depois...
Um brinde...O champanhe...A taça...
O amor...O sonho...Nós dois...


(Flávio Stefani/RS)


UMA RICA TROVA

Da lida esqueça a mazela,
faça do amor grão fecundo
e do sonho uma janela
sempre aberta para o mundo!

Antonio Juraci Siqueira




O qué é felicidade?

AÍLA SAMPAIO

É fácil descobrir que a felicidade é só a ausência da infelicidade; que a rotina e a correria de que, muitas vezes, tanto reclamamos é toda a felicidade deste mundo! A felicidade não se define, nem nunca será reescrita a não ser pela ausência sentida depois, na reflexão do que existiu e não soubemos dar valor, na escuridão da noite, na ausência de luz e na solidão tão inquestionável quanto o tempo.

Sejam felizes e tenham uma semana abençoada!

OS SEGREDOS DAS PESSOAS FELIZES - Dr. David Niven, Ph.D.

1. A Vida possui um propósito e um sentido. Busque os seus.

2. Use uma estratégia para alcançar a Felicidade.

3. Diga aos Outros como são importantes para Você.

4. Usufrua as coisas comuns.

5. Não enfrente os problemas sozinho.

6. Cultive as amizades.

7. Seja uma pessoa positiva.

8. Faça de seu trabalho uma Vocação.

9. Lembre-se sempre que “os acontecimentos são temporários.” Tudo Passa.

10. Compreenda que a satisfação completa não existe.

11. A idade não é algo a se temer. Viva-a com sabedoria e o bom humor próprio das pessoas amadurecidas e experientes.

12. Aceite-se tal como Você é – incondicionalmente.


Enviado por José Wagner de Paiva Queiroz Lima, Psicólogo – CRP 11/0678 – Especialista em Psicologia Clínica e do Trânsito – Jornalista Insc. M. Tr. 1612 – Escritor (filiado ao CRP 11)


LÚCIA HELENA - A POETISA DAS FLORES

LÚCIA HELENA - A POETISA DAS FLORES

DO AMOR QUE FICA - Lúcia Helena Pereira


Fale-me desse amor que fica
No perfume da rosa que te dei
E desfolhaste na madrugada insone.

Preciso saber desse amor imenso, lento, chegando
Para ficar um dia, preso entre nós dois,
Concha do mar, luar de abril,
Brisa que o vento agride.

Fale-me dessa rosa que fica
Num jarro de vidro azul esmaecido,
Onde ela se destaca e adormece,
Amanhecendo em suor de luz.

Fale-me desse amor que fica
Na doçura de um cansaço de esperas,
Na luminosidade de um dia festejado de sol,
Na hora íntima, de juntarmos nossos corpos...
E mãos!

Preciso desse sorriso seu - amoroso,
Da translúcida hora da afeição e do orgasmo
De uma flor, presa ao galho,
E se desprendendo, parindo sozinha...

Fale-me do amor que fica - eterno,
Lindo e lírico, cheio de noites e madrugadas,
O amor que nada pede, recebe
E se dá!


O LIVRO - Horácio Dídimo

I

Cada livro é uma árvore
Ondulada pelo vento
É papel e personagem
Pendurado no seu tempo

Usa capa e contracapa
Comentário nas orelhas
Nariz na folha do rosto
Sumário nas sobrancelhas

Cada livro é uma nuvem
Carregada de palavras
Chovendo pelos caminhos

Cada livro é um oásis
Onde as aves bibliófilas
Vão preparar os seus ninhos

II

Livros são contos e cantos
São palácios ancestrais
São circos com saltimbancos
São templos, são catedrais

Colorido ou preto-e-branco
Cada livro tem seu texto
Seu miolo sua casca

Seu mercado e seu contexto
Livros são menos ou mais
Seres tridimensionais
Cada um com sua norma

Cada livro é uma forja
Um retrato e um espaço
Um abraço e uma forma

(Revista Scriptorium)


COM ALMA - Vicente Alencar

Escrevi para ti
como pássaro que canta
como rosas que exalam perfume
como riacho que corre.

Escrevi para ti
com o coração,
com ternura,
com sangue,
com vida.

Escrevi para ti
com a alma
alegre e descontraída.

Escrevi para ti
com amor.

PRESIDENTE TOMA POSSE

PRESIDENTE TOMA POSSE
Maria Luísa Bomfim tomou posse como Presidente da AJEB/CE nesse dia 20.

UM POEMA PARA TI, MULHER!

UM POEMA PARA TI, MULHER!

SINTONIA DE AMOR Poesia de Wagner Paiva Queiroz Lima

Te amo porque sou encantado por ti,
Pela tua beleza, pela tua leveza de ser...
Pela Mulher amorosa e Mãe dedicada,
Pela Profissional inteligente e competente,
Enfim, pela Pessoa Humana Linda que tu és...
Te amo porque Você,Pela sua simples existência,
Sua amizade afetiva e acolhedora,
Desperta em mim sentimentos,
Atitudes e movimentos,
Que estavam adormecidos
E, com certeza, tornam-me
Muito mais vivo e generoso,
Mais alegre e afetivo,
Mais criativo e empreendedor...

PÁSCOA: TEMPO DE RENOVAÇÃO

PÁSCOA: TEMPO DE RENOVAÇÃO

FRANCISCO PESSOA

Ciúme é como se fosse
um veneno sedutor...
amargo, se mostra doce,
matando aos poucos o amor!

Quem vive a fazer atalho
para o caminho encurtar,
vive a vida de um retalho...
só serve pra remendar.

Os meus amigos são tantos,
de uma bondade sem fim,
que não preciso ter prantos
pois eles choram por mim!

DECLARAÇÃO DE AMOR


Meu dizer veio em forma de poesia...
Meu cantar tomou forma do meu pranto,
Pois chorar se por ti, acho acalanto
É saber tudo e nada que sabia.

É sentir que sentindo não sentia
O prazer se é prazer, tudo que sinto,
O amar se é amor, amo e não minto

Um, sei lá!... Que quando a ti eu me achego
Na impossibilidade de um chamego
És um sonho neste louco labirinto!

Oswaldo Montenegro

Oswaldo Montenegro
BELÍSSIMO POEMA

M E T A D E - Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

MACHADO DE ASSIS

MACHADO DE ASSIS

PUBLIFOLHA: Dez autores recriam textos clássicos de Machado de Assis

da Folha Online

Ler e reler Machado de Assis é a melhor forma de homenageá-lo, cem anos depois de sua morte. Primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, o autor deixou um importante --e grande-- legado de crônicas, contos, romances, poesias e até mesmo peças de teatro.

Autores recriam Machado de Assis em nove contos e uma peça

Em "Um Homem Célebre - Machado Recriado", da Publifolha, dez autores foram além: criaram novos textos a partir das obras de Machado de Assis. Com nove contos, uma peça e alguns desenhos, o livro reúne grandes autores como Cristovão Tezza, Moacyr Scliar, Alberto Martins e Alberto Mussa.

Liberdade para recriar as "bruxarias"
Cada um dos autores teve a liberdade de imitar, parafrasear, elaborar, metamorfosear e até mesmo trair, sem o menor constrangimento, as obras do "bruxo do Cosme Velho".

No capítulo "Princípio Binário", por exemplo, Alberto Mussa organiza e apresenta notas encontradas na Biblioteca Central de Zurique que comprovam que o romance "Dom Casmurro" foi baseado em fatos reais. Já no capítulo "Vidente do Amor", o autor Bruno Zeni transpõe a história do conto "A Cartomante" para o ano de 2007. Moacyr Scliar reescreve a história de Doutor Bacamarte, personagem do conto "O Alienista", e Lourenço Mutarelli psicografa "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

A autora Mariana Veríssimo, por sua vez, traz receitas bem-humoradas para ser um "bom medalhão" (que, segundo o conto de Machado, "Teoria do Medalhão", trata-se de uma pessoa fútil e que gosta de se promover) e até imagina um encontro entre Machado de Assis e Paris Hilton.

O resultado deste livro é revelador. Por um lado traz um panorama da prosa brasileira atual e por outro mostra o quanto os textos de Machado de Assis continuam atuais -muitas das questões do passado, do presente e do futuro já estavam nas obras do autor, que fez críticas agudíssimas das nossas questões centrais.

"Um Homem Célebre - Machado Recriado"

Exercícios de Admiração

Exercícios de Admiração

TEMPO DAS ESPERAS - HORÁCIO DÍDIMO (Para Giselda Medeiros)

Ânfora de sol
Tudo é novo e vivo:
Rosas da manhã
Asas da poesia

Âncora de sol
Azul invisível
Pétala saudade
De seres de coisas

Os remos os mastros
O pão e o vinho
O grito das pedras

O tempo relâmpago
Nos desenhos brancos:
Tempo das esperas

Horácio Dídimo
Exercícios de Admiração


Encantadores de palavras - Lourdinha Leite Barbosa

As palavras irrompem de repente,
saltam sobre o espaço em branco,
salpicando-o de ocultos sentidos
Olhos sôfregos tentam,
inutilmente, desvendá-los.

Inefáveis, elas se esgueiram e
aos encantadores se oferecem simplesmente.

UM POEMA DE WAGNER PAIVA

UM POEMA DE WAGNER PAIVA

Fortaleza Precisa do Teu Encanto - Wagner Paiva

Fortaleza sem Você é uma cidade triste
Vazia... sem graça... sem encanto... sem beleza...
É apenas uma cidade à espera de sua Vênus...
Fortaleza precisa do teu feitiço, da tua aura amorosa...
Do teu charme... do teu brilho... da tua leveza de ser...
Pras noites serem mais alegres, belas e sensuais...
Pras praias serem mais ensolaradas e coloridas...
Pros corações ficarem mais apaixonados...
Pras canções serem mais românticas e sentidas...
E pros nossos desejos bem mais íntimos serem bem mais fortes...
Que a tua volta, oxalá! traga de novo
O Amor aos corações... a Poesia... a Alegria de viver...
Oxalá, que este teu coração encantador
Tenha olhos e desejos por este Poeta apaixonado...
Aí, sim, Fortaleza, certamente,
Será a cidade mais bela... mais alegre... mais rica...
E mais iluminada da face da Terra!

TEMPO DE ENIGMAS - Juarez Leitão


Decifraste um enigma:
Tenho outros.
Não os faço por artifício
mas por ofício.
A poesia é oficina de mistérios.

Sozinho agora
teço a renda da espera
e como Penélope
contando as horas
misturo bilros e quimeras.

Olho em volta.
Contudo,
não é muito o que vejo:
Uma névoa de cais
a ponte do desejo
um convite e um escudo...
uma dúvida lilás.

Decifrando-me os versos
viraste o meu mistério.
Agora
dá-me o mapa
um critério
um indício:
Vou desvendar tua alma
e quero ser feliz neste exercício.

Fernanda Benevides

O DESABROCHAR...


Desabrocharei para ti na madrugada
E me colherás,
Pois tu foste o grande íntimo da noite
A desvendar meus mistérios...
Conheces a essência do meu abandono,
Minhas faces...
Teus dedos enlaçam a névoa
E os segredos do meu abandono.
Conheces minha fala mansa, amorosa.
Jamais te deixarei só,
Nos portos silenciosos...
Tu me possuirás como ninguém,
Pois conheces minhas lamentações
E minha voz serenizada...




Gilka Machado

O RETRATO FIEL

Não creias nos meus retratos,
nenhum deles me revela,
ai, não me julgues assim!
Minha cara verdadeira
fugiu às penas do corpo,
ficou isenta da vida.

Toda minha faceirice
e minha vaidade toda
estão na sonora face;
naquela que não foi vista
e que paira, levitando,
em meio a um mundo de cegos.

Os meus retratos são vários
e neles não terás nunca
o meu rosto de poesia.
Não olhes os meus retratos,
nem me suponhas em mim.

POETAS DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS

POETAS DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS
Organização de Murilo Martins

Excerto da apresentação da Antologia

A pesquisa de José Murilo Martins foi exaustiva, minuciosa e extremamente meticulosa. Eu diria mesmo verdadeiro trabalho beneditino, de paciência e perseverança. Basta uma leitura de sua introdução "Poetas da Academia Cearense de Letras", onde descreve a metodologia de seu trabalho, para se ter uma noção da extensão da pesquisa em livros, revistas, jornais e contatos pessoais com autores, quando vivos, ou parentes e informantes, quando falecidos ou ausentes. E isso abrangendo um tempo de mais de um século, já que a Academia Cearense de Letras já conta com 115 anos de existência. Para tanto, dedicou o Autor da Antologia oito meses de trabalho contínuo.

Quanto ao mérito dos poetas oferecidos, compete a cada leitor usufruir e julgar de acordo com a sua sensibilidade e senso crítico.

A José Murilo Martins cabe o louvor pelo trabalho executado e apresentado.

Pedro Paulo Montenegro
da Academia Cearense de Letras


EFEMERIDADE - Rafaela de Medeiros Ribeiro

Com uma canção de além dor,
Peço-te que retornes,
A acalentar minhas breves manhãs
E tingi-las de azul diáfano.

Mas tu não respondes ao meu sofrer...
Sinto o vento debruçar-me e consolar-me,
Embora este não sejas tu, nem nunca o seja.
Tento vê-lo em minha miragem,
Mas só encontro a bela paisagem
Que existe em tua face.

O coração aperta-me a alma,
Diz-me que uma breve calma
Em pouco irá me inundar.
Sorrio, e espero tua vinda,
Em uma tarde infinda,
A abraçar-me em teu verde olhar.

Espero noites sem fim...
Será que te perdeste em um jardim,
Pensando que enfim me encontraras?
Só tu, que és um lírio,
Não te confundas comigo,
Ó meu amado e pudico ser.

Não me deixes aqui a te esperar.
Pois cada ausência de teu olhar
Marca-me com profunda cicatriz.
Como uma perdiz, tento te encontrar.
Incerta de onde estás,
Vivo só a suspirar...

Um raio de sol desponta
No antigo céu de negro carregado.
Com ele, surge o teu semblante,
Formoso e radiante.
Vejo-te e indago-te:
Como o sol pode não ter inveja de ti?!

LIVROS PUBLICADOS

LIVROS PUBLICADOS

Alma Liberta

Alma Liberta é um livro de estréia. Giselda, com ele, se apresenta, de corpo inteiro, assumindo a responsabilidade de ser uma voz a serviço da paz, do amor, da beleza e da verdade. Numa palavra, a serviço da poesia.

Artur Eduardo Benevides

TRANSPARÊNCIAS - POEMAS E TROVAS

TRANSPARÊNCIAS - POEMAS E TROVAS

Transparências - Poemas e Trovas

Agora já podemos afirmar que Giselda Medeiros é lírica incorrigível, mesmo quando se revolta com as injustiças sociais, verberando fortemente o mundo atual, mas trazendo transbordante o seu lirismo na esperança da Paz universal. Sua consagração definitiva foi conseguida, porque ela é protegida de Érato e Polimnia.

VASQUES FILHO
(Academia Espírito-Santense de Letras)


CANTOS CIRCUNSTANCIAIS

CANTOS CIRCUNSTANCIAIS

Cantos Circunstanciais

A linguagem bem trabalhada oferece agradável tonus lírico e por vezes filosófico, sem qualquer comprometimento, porém, a não ser com a própria essência da poesia. Nos poemas líricos, bem assim nos sonetos, tudo é simples e autêntico como água da fonte, na construção de metáforas e imagens singelas e puras.

Artur Eduardo Benevides

TEMPO DAS ESPERAS

TEMPO DAS ESPERAS

Tempo das Esperas

Sendo lírica nas suas intenções e na sua forma de elaboração do tecido poético que desvela, Giselda se vale da épica muitas vezes para se firmar como poeta que embaralha o espaço criativo, para dele extrair a metacriação literária, marca e destino dos artistas eleitos.

Dimas Macedo

SOB EROS E THANATOS - CONTOS

SOB EROS E THANATOS - CONTOS

Sob Eros e Thanatos

Sua escritura é construída por meio de uma prosa espontânea, leve e pura que revela a densidade do grandioso poder de criar da autora.
A temática envolve sobretudo a vida, diante da tragicidade do destino do homem, ser inconcluso cuja sina é sempre uma trágica incógnita.
A poetisa é consagrada. E a contista, não tenho dúvidas, terá o mesmo destino. Simplesmte porque é grande!

CRÍTICA REUNIDA

CRÍTICA REUNIDA

Crítica Reunida

Bem avaliada e acreditada no domínio da criação literária - particulamente na produção poética e narrativa - já conquistou a autora de "Crítica Reunida", nesse campo preferencial do seu fazer artístico, o merecido respeito e consequente relevo, espelhados no rico elenco das premiações e comendas, que exornam o seu respeitável "curriculum" literário.

José Alves Fernandes

Rosa Lobato de Faria

Rosa Lobato de Faria

QUEM ME QUISER… - Rosa Lobato de Faria

Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.

Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.

Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.

Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.

Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.

(Poetisa portuguesa - falecida em 2 de fevereiro de 2010)


AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER - CAMÕES

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?



SENTIMENTOS


Sentimentos...
Eles existem
e nos dominam.
Principalmente
quando falam de amor.
Sentimentos.
Baú de guardados
saídos do coração.


VICENTE ALENCAR

"Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira.O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos.Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos."

Martin Luther King

AUSÊNCIAS

AUSÊNCIAS

AUSÊNCIAS - AÍLA SAMPAIO


O que me habita é feito de ausências:
a casa perdida nos abismos da memória,
o amor feito lembranças do que poderia ter sido,
a criança que insiste em rasgar
o tecido do tempo em que borda sua história.

O que tenho são metades, nunca inteiros.
Sou feita assim, dessa argamassa vil dos crédulos
que sonham sem medo dos interditos e dos desesperos


BANHO DE BIQUEIRA - ANGELA GUTIÉRREZ

Quero tomar banho
debaixo das biqueiras
de casas tão antigas
que a água da chuva
caia sobre minha cabeça
filtrada por dores, sorrisos e silêncios
na morte purificados.

Quero depois correr livre,
os pingos fortes da chuva
lavando minha face renascida.

(Poetas da Academia Cearense de Letras 1894-2009)


UM POEMA - MARLY VASCONCELOS

O mês de dezembro virá armado de pombos.
Como o salto da pantera que não se anuncia
eu não quero te dizer ainda das surpresas.
Os cegos estão de mãos dadas e olhos vazios
paralisando o trânsito,
as fontes se banham,
mas apenas ouves a voz da guitarra
no rastro da noite branca.
E eu não quero ainda te dizer
que os pombos virão em bandos.

(Poetas da Academia Cearense de Letras 1894-2009)


IRACEMA - LINHARES FILHO

Da terra imagem, vinda da amargura
e atrelada à volúpia de uma raça,
disponível está para a ternura
do estrangeiro fervor, que tonto a abraça.

Mas a dor, já no instante da procura,
sela a união com o signo de quem caça:
cumpre a flecha o ritual de uma aventura
e um sangue, após, com o outro se congraça.

Íntimas do segredo da jurema,
árvores sofrem a dor do amor fecundo,
a qual o amor lamenta ainda na praia.

E ao desaparecer na curva extrema
certa jangada à busca de outro mundo,
cala-se dentro em nós uma jandaia.

(Revista da Academia Cearense de Letras)


APELO - REGINE LIMAVERDE

Ah, amado!
Pudesses sentir
meu perfume
e verias que
recendo a húmus
em dia de chuva.

Ah, amado!
Pudesses sorver
meu sumo
e o acharias
doce como um fruto
maduro no pé.

Ah, amado!
Pudesses sentir meus tremores
e o compararias
ao vento que
antecede uma tempestade.

(Formas de Amor
Luxúria)


SINA DE POETA - BEATRIZ ALCÂNTARA

Dor sem corte
ferida cega
avança carnes e músculos
tudo afunda
do nada é oriunda.
De tanto que dói
se espraia
nenhuma célula escapa,
tudo se afoga
no vazio.
Esgar de prazer
rendição
olhos fechados
lágrima
primeira e segunda
vezes sem conta
vontade de se esgotar
sem gemer.
Na solidão fecunda
o poeta aninha-se,
ócio profissional de magos,
invoca símbolos
imagens ancestrais
os mais remotos pensamentos
até quase nada ficar
de si mesmo
entre o mundo e o vago.
Chegam sons esparsos
murmúrios
lamentos
palavras marteladas
que se agrupam
querem espaço
invadem o caos
qual gotas nas nuvens
palavras em suspensão
constroem um firmamento
pincelam a dor de harmonia
e o poeta
a tudo tendo sobrevivido
mão estendida
lança novo poema
sua sempre eterna sina.

(Livre Sintonia)

ENTRE PARTIR E FICAR - OCTAVIO PAZ

Entre partir e ficar hesita o dia,
enamorado de sua transparência.

A tarde circular é uma baía:
em seu inquieto vai e vem se move o mundo.

Tudo é visível e tudo é ilusório,
tudo está perto e tudo é intocável.

Os papéis, o livro, o vaso, o lápis
repousam à sombra de seus nomes.

Pulsar do tempo que em minha têmpora repete
a mesma e insistente sílaba de sangue.

A luz faz do muro indiferente
um espectral teatro de reflexos.

No centro de um olho me descubro;
não me vê, não me vejo em seu olhar.

Dissipa-me o instante. Sem mover-me,
eu permaneço e parto: sou uma pausa.

(Trad. Antônio Moura)


RIO E MAR - ANA PAULA MEDEIROS

Quero ser estuário de ti.
Corre, rio, entre meus vales
E vem desaguar em mim.
Sou teu mar!
Quero tuas águas mornas
Em meio as minhas conchas.
Seremos um só
Seremos só água.
E sob a volúpia do sol,
Nos tornaremos vapor e nuvem
E, depois, cairemos exangues em freáticos lençóis
E outro rio tu vais ser
E eu, mar de novo, a te receber.
Corre, rio, corre.

Arrasta as areias,
faz rolar as pedras
e os cascalhos.
Corre, rio, corre
e mais uma vez,
tua carne trêmula
diluir-se-á ao sentir
os espasmos do mar,
em frenesi.

(poema constante da Antologia 12º Prêmio Ideal Clube de Literatura 2010)


PARA TI, MEU PRÍNCIPE - Rosinha Medeiros

Ninguém senão você
para merecer o pôr-do-sol,
a gota da chuva,
o chilrear do pássaro manso,
as serenatas mais bonitas,
o mundo que os outros desconhcem...
Hoje, mais do que nunca,
seu cheiro está em mim,
ah! e esta vontade louca
de deixá-lo louco,
meu príncipe encantado,
dono exclusivo dos meus pensamentos!
Quero transformá-lo
numa moldura de beijos
e depois inebriar você com o perfume
desta Rosa que clama
perdidamente por seu amor!

TROVA

Nas cordas de um violão,
eu compus, só para ti,
a mais lírica canção:
dó, ré, mi, fá, sol, lá, si!


POEIRA DE ESTRELAS - ZENAIDE MARÇAL

Lembra-te de que és pó! - Ouvia, inda menina,
me sentia pequenina, pequenina...
Sem escutar falar de Galileu,
feliz com tudo o que a Vida me deu:
minha cidade, o mar, o céu, o sol,
a nuvem tão branquinha ou rosa no arrebol.
Na vida afora cruzei umas pontes
e vi surgirem novos horizontes
- do Oiapoque ao Chuí há muito chão
onde a beleza existe, em profusão.

Sou pó. Sou poeira...
- mas sinto o quanto é bela a terra brasileira!
Embora sendo pó, andei, andei,
até que um dia, sem temor, voei
e pude ver torrões de igual beleza;
a mesma exuberante natureza.
E vi as mais antigas catedrais
a me falarem de Deus nos seus vitrais.
Cidades, mais cidades! O tom medieval;
as árvores vermelhas ao vento outonal.
No ar, as melodias imortais
- Mozart, Chopin, Gnoud e outros mais...
Do Santo de Assis eu vi a aura;
ouvi Petrarca cantar o amor por Laura...
e vi, em cada canto, os ecos da história,
as pegadas dos Reis, cheios de glória!

Sou pó. Sou poeira...
- mas vejo o quanto é bela a terra inteira.
Aprofundando o olhar no firmamento,
caí em mim, presa ao deslumbramento,
pois, lá no alto, vi a minha lua
iluminando o chão daquela rua
e percebi, então, que a Pátria é a Terra
e tenho parte em tudo o que ela encerra:
é meu o céu, o Cruzeiro do Sul;
a minha a Terra, o "planeta azul"
que deixa o Sol guiá-lo no Infinito.
Saiu-me, então, de alegria o grito:
- Sou da Terra, do Sol, da Via Láctea enfim,
foi nesta que nasci e sou feliz assim!

Sou pó. Sou poeira...
- Mas sou Poeira de Estrelas!

(Poema classificado em 3º lugar no Prêmio Costa Matos de Poesia)




SAUDADES

As saudades
são pérolas verdadeiras
nascidas na suavidade
dos momentos que não queremos
nem desejamos esquecer.
Não será exagero dizer
que minhas saudades
ajudam-me a viver,
a reviver momentos,
quadros pintados
com tintas fortes,
que jamais serão apagadas
ou desaparecerão da memória.
Saudades... muitas, imensas,
pilastras dos meus dias,
da minha história.
Nesta tarde em que me visto
com o manto do passado,
sinto que continuas a viver
no meu coração.
E a vida segue seus caminhos
embora saibamos
que não pode desligar-se do ontem.
Principalmente,
de muito amor vivido,
que coloca a saudade
no turbilhão das alegrias
que jamais serão esquecidas.

Vicente Alencar


SUBITAMENTE
Dimas Macedo

Subitamente
é preciso que os relógios parem,
porque tudo será pedra sobre pedra,
tudo.

Não mais restarão
as tuas mãos que necessito,
as tuas palavras sem gestos
que eu procuro...
não mais restará o teu silêncio
que o meu silêncio pede,
pois as armas e os brasões
hão de florir por sobre a infância,
e tudo será rocha.

(A Distância de Todas as Coisas)


"Je te hais, Océan! tes bondes et tes tumultes,
Mon esprit les retrouve en lui; ce rire amer
De l'homme vaincu, pleine des sanglots et d'insultes,
Je l'entends dans le rire énorme de la mer".

Baudelaire


Mirar o rio que é de tempo e água,
e recordar que o tempo é outro rio,
saber que nos perdemos como o rio
e que passam os rostos como a água.

Jorge Luis Borges


Eu trouxe
os olhos que te revelaram
os mistérios
que talvez nem precisasses ver

(Costa Matos)


A Fuga da Amada

Sérgio Macedo

Amada, não te vás
Pois vais no tempo,
Vais no barco sem juízo e sem retorno.
O mar é medieval e plano
E a corrigível distância não é a vilã da fuga.
Foges no tempo, vilão das perdas.
Não te afastes, como se o vento
Pudesse trazê-la de volta,
Pois ele não trará
A calmaria rende o universo e nossos momentos
E, de dentro de nossas tristezas
E, sem acalanto
Te proponho, não te vás...

(Norte Magnético)


TAÇA DE ORVALHO

Francisco Carvalho

Por mais que o verso
sangre. Por mais
que as madrugadas celebrem
os cães e os mortos.
Por mais que os cavalos
e as éguas dilapidem
a memória das léguas.
Contemporâneo da chama,
o amor é aquela taça
de orvalho que se derrama.

(Mortos não jogam xadrez)

ZÉFIROS - José Telles

És seda que cobre a noite,
quando teu corpo se amorena e dorme.
No linho de tuas curvas
tenho a senha das porcelanas e dos pássaros.

Viajo nesse amor que me sustenta,
preciso das sobras desse corpo
para sair dançando a valsa imprecisa do silêncio
e para sentir o mistério das coisas
que amanhecem e tocam tua pele.

(O Solo das Chuvas)


CONFISSÃO
Neide Azevedo Lopes

Amo-te assim, não há outra maneira.
Amo-te, meu amor... com sol e amanhecer.
Amo também o teu encantamento
E, sobretudo, amo o nosso acontecer.

Amo-te o peito, o coração pulsante
E a cada instante, até o fim, e além;
Amo-te a voz, a ausência, o sorriso,
Amo-te o beijo dado, o esquecido também...

Amo-te o jeito carinhoso de
Falar comigo,
Tuas histórias, esquecer jamais...

Confesso, juro, não mentisses tanto
Te amaria eu, ainda,
Muito mais...
(O Resvalar do Sonho)




O SOL DE CADA COISA
Batista de Lima

Há um sol
que se esconde
em cada coisa

Há um sol
que se anuncia
antes do sol

Sol e sal
sangram poesia
pelos poros do poema

(O sol de Cada Coisa)


DESTINO
Artur Eduardo Benevides

Sonhando com projetos impossíveis,
Encho de estrelas todo o meu caminho.
Adoro as cousas vãs e não factíveis.
Sou irmão de Quixote. E vou sozinho.

Nem preciso de Sanchos - insensíveis:
Devolvo a rosa à planta, a ave ao ninho.
Enxergo mais as cousas invisíveis.
Em castelos transformo velho moinho.

Não há ouro no alforje. Ou pedraria.
Minha riqueza vem de haver sonhado
Com tudo o que jamais alcançaria.

No áspero verão, ou frio inverno,
Fiz do amor um longo noviciado
Em que busquei na vida o que há de eterno.
(Cantares de Outono ou Os Navios Regressando às Ilhas)



TERNURA

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha cançaõ nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfeume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.

Vinicius de Moraes


PEQUENO ESCLARECIMENTO

Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impolúvel silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

Mário Quintana


A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.



Florbela Espanca

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Crepúsculo

Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes
Borboleta de sol, de asas magoadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas,
Como em dois lírios roxos e dolentes...

E os lírios fecham... Meu amor não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E as minhas pobres mãos são maceradas,
Como vagas saudades de doentes...

O silêncio abre as mãos... entorna rosas...
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando...

E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente, palpitando...

Florbela Espanca

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