terça-feira, 9 de agosto de 2016

POESIA



MINIPOEMAS
Giselda Medeiros

1.

Anoitece...
Acendem-se em meus olhos
as pálidas sombras
de tuas formas
inexatas
em asas de cimento
lento crepitar
de círios mortos.

2.

A lua teve fome.
e devorou os nossos sonhos.
]Depois apareceu no céu
esplendidamente
cheia.

3.

Em meu último momento
que se cumpra este desejo:
receber o sacramento
da extrema-unção do teu beijo.

4.

Há esperanças navegando
nas rugas
de meu rosto.
E há caminhos
navegados
nas linhas de minhas mãos.

5.

Hoje
quero apenas
o perfume das canções
que aprendi
de minha mãe
quando o amor
plantou um lindo sol
em minha longa manhã
de inverno.

6.

Quis aprender
o sentido da vida,
os mistérios que dormem na dor,
a luz que fulgura
nas sombras...
E aprendi
simplesmente
teu nome.

7.

Se te fores de mim
não murmures palavras
de adeus.
Vai como a primavera
que deixa
no tempo
a beleza das rosas.

8.

O homem caminha
sol a sol
sobre as águas
da vida
até que, de repente,
naufraga.
E os outros lhe tecem canto
de saudade
à espera do próximo náufrago.

9.

Oh... as mães...
são catedrais de amor,
salmos de fé.
O pão e o vinho.
Mar e continente
em eterno crescimento
na sagração do fruto...
dia a dia.

10.

Assim como um grito,
teus dedos alongaram-se
sobre as minhas dunas.

E houve festa no silêncio das areias.

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