domingo, 2 de novembro de 2014

OS VENTOS - POEMA DE SÉRGIO MACEDO



O vento assobia na fresta da janela noturna

Como todo vento em toda janela

Que só existe à noite

Mas há ventos de notícias

Que assobiam nas frestas da alma

Só uma vez

Ventos fatídicos, sem retorno

Ventos tortos emoldurados em suas togas magistrais

São ventos de caminho

Intolerantes à dúvida, à dádiva

Reiteram a intolerância e desrespeito

À divida consigo mesmo,

Eu, que sou seu objeto de ação

Seu solo seco e pedregoso

Onde a semente não germina,

Talvez o árido e ardido vácuo

Onde não haja razões para existir

Somente o ar frio e irrespirável e confuso relutante em ser frio

Não sei mais de horas

De auroras, outrora vagas

Mas supostamente presentes

Sei de dilúvios e de seca

De prepotência e dos humilhados

Sei dos devaneios e dos sonhos impróprios 

Das melodias desafinadas, meio tom acima, muitos tons abaixo 

Sei apenas de ventos que assobiam,

Avisam e se vão.