segunda-feira, 30 de junho de 2014

EVOCAÇÃO DE LUSTOSA DA COSTA (1)


Vianney Mesquita - o Autor 

É melhor o pouco da memória do que o muito do esquecimento. (Lewis Howard Latimer. * Chelsea-Mass., 04.09.1848; + Nova Iorque-NY, 11.12.1928).

Deparamos, na estante, Sobral – Cidade das Cenas Fortes, um dos 28 trabalhos em livro do nosso ex-professor na Universidade Federal do Ceará, na década de 1970 – disciplina Cultura Brasileira – imortal Francisco José LUSTOSA DA COSTA, por quem nutríamos crescida admiração, tanto na qualidade de pessoa como de intelectual de escol e cronista bem apessoado nas letras em quase todos os seus gêneros.
Aportou-nos, pois, à evocação a ideia de que, dos representantes da inteligência cearense nos diversos espaços do conhecimento, sem qualquer hesitação, o jornalista e acadêmico Lustosa da Costa (Cajazeiras-PB, 10.09.1938 – Brasília-DF, 03.10.2012) é o que mais conservou fidelidade à Terra Sobralense, onde viveu e formou o caráter de homem sério e formulou boa parte de sua constituição intelectual.
Escasso era o dia – se é que houve este – em que o Autor de Vida, Paixão e Morte de Etelvino Soares deixava de comentar qualquer coisa acerca de Sobral, desde Brasília, na sua coluna do Diário do Nordeste, evento demonstrativo de sua benquerença à pátria (2) de tantas pessoas ilustres a pontilharem nossa história.
A maioria de seus livros, vasta produção edificada no curso de muitos janeiros, tem a Cidade de Dom José Tupinambá da Frota como móvel principal do enredo, sempre carreando episódios do passado ainda não tocados pelos investigadores dos feitos locais, ao sobrepor os faustos históricos do ativo intelectual alencarino, a igual tempo em que elasteceu a memória de Sobral/do Ceará com matéria-prima histórica de qualidade indiscutível.
Adiu-se ao seu bem-querer peculiar pela Zona Norte o consistente substrato intelectual, haurido, jamais (3), em Sobral, no que respeita à prima base de acumulação de sua larga cultura, integralizada em Fortaleza, noutros cantos do País e na Europa. Por tal pretexto, seus escritos são esteticamente agradáveis e os argumentos - porquanto vazados em fontes idôneas - restam incontestáveis, fatos que concedem aos seus escritos o encanto da Arte Literária e o estatuto de veracidade histórica.
Eis, pois, que este sobralense honorário veio trazer (como o fez noutros ensejos, também) o mencionado Sobral – Terra das Cenas Fortes – cujo palco é, de novo, a Princesa do Norte e, feitas artistas, as pessoas da Cidade, achegando ao estoque de fatos mais matérias para nos ilustrar e estear a tarefa dos operários da cultura, representados pelos investigadores.
 Foi, por conseguinte, mais uma ocasião de enlevo para quem estima Sobral a da publicação, com lançamento, do prefalado livro (Fortaleza: ABC, 2003), rebento da diligência deste emérito investigador, que tanto bem dedicou à urbe pela qual nutria imensa afeição e a ela se apegou com igual firmeza.
Pela via do “e-eternidade”, mandamos o abraço particular e nossa manifestação de saudade ao imenso Escritor de Amor em Tempo de Seca e estimado ex-professor. Aos sobralenses, pelas páginas deste jornal, parabenizamos pelo que receberam em matéria de Literatura da pena refulgente deste jornalista que percorreu livremente as trilhas da cultura em qualquer lugar do Brasil e d’alhures.

N O T A S
(1) Texto inédito, escrito em 2003, na oportunidade em que foi feita a publicação e lançado o livro no Ideal Clube, em Fortaleza-CE. Agora foi ligeiramente modificado para se proceder à atualização.
(2) A fim de que não pairem dúvidas, pátria tem aqui como uma de suas acepções [...] 2 a parte do país em que alguém nasceu (HOUAISS; SALLES VILLAR, 2005) , de modo que pátria não é apenas a nação, o país onde alguém veio ao mundo. Nossa pátria, ou seja, local onde nascemos, v.g., é Palmácia-CE.
(3) Apreciamos o emprego de JAMAIS como advérbio de modo, não advérbio de tempo. Aqui é aplicado no mesmo sentido de especialmente, particularmente, principalmente, mormente etc.


Lustosa da Costa - de imperecível memória