quarta-feira, 21 de maio de 2014

LILA XAVIER E MAIS UM POEMA

Lua Minguante
Lila Xavier

O amor que inundava minh’alma
Minguou, como se a mordida
Do dragão que habita a Lua
Tivesse arrancado sua
Parte mais doce, mais brilhante.
Nesse ínterim,
São Jorge em seu cavalo branco
Arteiro, dispensava as esporas
Numa luta desigual com o dragão
Roubador do it da Lua
Do seu brilho incandescente
Que minguava, carente de amor.
Meu olhar ficava preso ao firmamento
Preso à Lua e a seu encanto
Encanto que prende os poetas
À melancolia de seus perdidos amores
E a Lua, forte e sem esforço
Resistia bravamente.
E o amor que minh’alma
Alimentava com seu brilho cada vez mais opaco
Ia-se embora definhando
Engolido pelo dragão que Jorge não aplacava
E ficava mais voraz à medida que, parte da Lua, engolia.
Meu olhar inda preso ao meu amor
Que, distantemente, se desenhava
Ia de saudade me inundando
E arrebatando-me para a fúria do dragão
Que ateava fogo e feria meu coração
Marcando a forma da Lua
Que minguava
Perdendo o brilho incandescente
Que refletia a minha sombra
Sob o luar.
E lá estava São Jorge perdendo a batalha
E eu... a esperança... do meu amor encontrar
E sob o clarão, não mais tão claro, assim
Eu via o dragão que engolia a Lua
E o seu doce brilho minguante.
Quisera eu que minh’alma
Fizesse resplandecer o brilho que
Perdeu-se da Lua que minguava,
Vomitado pela força hercúlea
Do dragão empanzinado.
De volta, eu queria
O brilho do amor que minguou
E que sob o luar me enchia de inspiração


Porque era inundado pelo brilho da Lua Cheia.