quarta-feira, 30 de julho de 2014

Homenagem ao município do Acaraú, nos seus 165 anos de emancipação política



Homenagem ao Município do Acaraú, minha terra natal (e minha também, Dimas Carvalho).

 OS DE ONTEM

 Dimas Carvalho

Acaraú, nas tuas largas ruas,
A poeira dos séculos repousa:
- Petrificada luz que no chão pousa,
- Antiga Luz de tantos sóis e luas...
O silêncio é o presente que não ousa
Transpor o Rio, onde o passado estua...
Mas quando, à noite, o vento do Mistério,
Por entre as ruas e avenidas sopra,
Vejo surdir a inumerável tropa,
Vinda do Abismo do esplendor funéreo...
São os ginetes do passado. São
Os teus fantasmas, cada qual ao turno,
Que lhe compete, de gibão, coturno,
Deslizando em suave procissão...
Acaraú, ó girassol noturno,
Do Ceará emblema e coração.


terça-feira, 29 de julho de 2014

PRIMOROSA AULA DE VIANNEY MESQUITA

TRÊS LAPSOS DE ENTENDIMENTO
Vianney Mesquita*


Na primeira vez que me enganares, a culpa será tua; na seguinte, será minha. (Anônimo).

As significações equívocas, antes ocorrentes mais em circunstâncias de uso da língua no universo coloquial, sem o escopo de socializar conhecimento, tampouco de lecionar, encontram-se também, hoje, nos espaços de emprego da linguagem culta, em que se codificam, por exemplo, feitos e fatos científicos a se propagarem em livros ou quaisquer suportes de informação.
Exibem-se inumeráveis exemplos desses logros elocutórios até em legislações e documentos de órgãos oficiais do Brasil, fato a se deplorar, pois conduzem o leitor à arapuca do erro, desabilitando nosso código glossológico perante os demais do ecúmeno linguístico, nomeadamente deste exercitado nos Estados Lusofônicos – o Português.
Reportamo-nos a três eventos que a nós nos parece oportuno trazer à balha, pelo emprego genérico e indiscriminado em textos de lições escolares, dispostos legais, pronunciamentos formais, discursos e comunicações científicos e literários, peças de Doutrina e Jurisprudência, Bioestatística governamental et reliqua.

Alternativa

Consoante expressamos, em razão do largo e inadequado uso da dicção alternativa e suas variações cognatas, com acepções distintas daquelas que realmente conotam, impende tomar-se em consideração a ideia de que alternativa provém de alter (Latim) = outro, outra.
            Por conseguinte, existe, tão-só, UMA alternativa.
            Diz-se, em Português correto, a alternativa é esta, de sorte a não se cogitar em (cogita-se em) diversas alternativas, num “leque” de alternativas (Proh pudor!), porquanto, por definição, o vocábulo corresponde à Sucessão de duas coisas reciprocamente exclusivas, isto é, uma opção entre duas coisas.
            Efetivamente, pois, a opção – não sendo uma coisa – será a outra (alter), a alternativa.
            Opção será, pois, a alternativa para eliminar as construções frasais equivocadas, feitas, amiúde, a contrapelo das regras da Língua, desprezando, in casu, a procedência glossológica da palavra.

            Nascer morto

            Quiçá inglória seja nossa luta em objeção a expressões desse jaez. Todo o Mundo, até o escrevinhador da língua culta, como adiantamos há pouco, suporta, aceita e aplica palavras e expressões sem qualquer consistência glotológica. Pouco se lhe dá se está ou não depauperando a língua do Prof. Dr. Horácio Dídimo.
            Muita vez, são expressas até antíteses violentíssimas, como na consagrada (miserável consagração!) – e universalizada nas línguas românicas – dicção NASCER MORTO, utilizada pela Bioestatística, até em mensagens de lavra e responsabilidade estatais, no Brasil.
            Se NASCER significa, conceitualmente, começar a ter vida exterior, vir à luz, enxergar a luz, como pode alguém NASCER MORTO? Nascer, então, é o mesmo que morrer?
            Diga-se, por conseguinte, a mulher pariu um feto sem vida, delivrou um corpo morto, ou algo semelhante. NASCER, por conseguinte, foi, é e será, indefinidamente, o antônimo perfeitíssimo de morrer.
            Lamentavelmente, com alternativa, ainda alimentamos expectativa; com relação a nascer morto, entretanto, parece estar a “guerra” definivamente perdida, a não ser, entre nós do Ceará, com o adjutório da Academia Cearense da Língua Portuguesa.

            Entre xis e ípsilon ou de xis a ípsilon?

            Eis a derradeira demonstração de emprego atrapalhado de expressões, na indicação, notadamente em trabalhos universitários, de intervalos de duas grandezas ou coisas.
            É necessário enxergar-se a grande diferença bem visível nas duas dicções, no caso, exempli gratia, de se apontar intervalo etário.
 Ao se expressar a ideia de que as pessoas ouvidas na pesquisa revelaram nas respostas idades de 28 a 40 anos, evidentemente, se depreende que os números lindeiros, as idades-limite inferior e superior, onde estão contidos 28 e 40, são 27 e 41 anos, isto é, aqueles que têm ENTRE 27 e 41 anos, na realidade contam DE 28 A 40 anos.
 Muitas vezes, os pesquisadores expressam que as crianças do seu experimento, por exemplo, nasceram entre 2011 e 2012, tal significando dizer que ainda não nasceram, porquanto, ENTRE 2011 E 2012, nada existe.
Então, rematando o caso, ENTRE os anos de 1927 e 1946, estão os períodos DE 1928 a 1945, não, como é constante e equivocamente apontado. ENTRE e E (aditiva) são intervalos de fora, e não devem ser contados, ao passo que DE-A hão de ser considerados.
De tal sorte, DE XIS A ÍPSILON # de ENTRE XIS E ÍPSILON.


*Acadêmico ocupante titular da Cadeira número 37, cujo patrono é Estêvão Cruz.

 
 MEU CARO PROF. MOURÃO. Veja que aí há uma redundância estilística - A NÓS NOS PARECE, um À BALHA = À BAILA e COGITAR EM, de propósito feitos.
          

terça-feira, 22 de julho de 2014

AJEB-CE FESTEJA ANIVERSÁRIO DE GISELDA MEDEIROS



A AJEB-CE, por meio de sua Presidente Nirvanda Medeiros, realizou no Náutico Atlético Cearense um almoço de adesão em homenagem à Giselda Medeiros, pelo seu aniversário, ocorrido em 14 de julho. Foi um encontro agradabilíssimo, fino e carregado de amizade.
A ajebiana Maria Luísa Bomfim fez a saudação à aniversariante que estava cercada de sua família e de seus queridos amigos, por isso, radiante de felicidade.

Confira a saudação de Maria Luísa Bomfim


Boa Tarde

Querida Giselda

  Ao ser convidada por nossa presidente Nirvanda Medeiros, para saudá-la esta tarde, em nome da AJEB, fiquei orgulhosa e feliz. Orgulhosa por merecer a confiança dos amigos e amigas, feliz por ter a oportunidade de dizer em público da grande “benquerença” que existe em todos nós por Você. Você, que há bastante tempo reúne o que há de melhor e mais saudável no mundo literário, sempre seguindo rotas tranquilas, harmoniosas, repletas de amor e solidariedade, visando cada vez mais ao enriquecimento  daqueles que gozam do prazer de sua convivência. A riqueza de seus conhecimentos aliada a sua vontade de aparar as arestas que, vez em quando aparecem, nos mostram o desprendimento da partilha, o prazer da amizade e a lógica da sabedoria. Liderança é um “dom”, e esse dom você carrega de uma maneira sábia. Sim, porque existem duas formas de liderar: a positiva e a negativa. A sua, é aquela que nos leva a olhar o belo da vida, a querer ser cada vez melhor no dia a dia, a acreditar que o bem sempre vence o mal, que o amor está acima de tudo.
     Em todas as entidades às quais  você pertence , em todos os grupos de que você participa, essa sua maneira cativante e responsável, aliada ao seu bom humor e simpatia é extremamente eficaz para o bom resultado das metas idealizadas.
 Sabemos que é de suma importância, no convívio social, respeitar o próximo e aceitar as diferenças. Sem isso é difícil compartilharmos bons momentos de prazer e amizade. Essas qualidades em seu coração de mulher amorosa e amadurecida tornam possível, em todos os sentidos, o relacionamento de harmonia existente entre os participantes.
 Nada mais justo, que prestarmos essa sincera homenagem a Você Giselda querida, nossa presidente de honra e eterna princesa da poesia, por mais uma etapa percorrida no calendário de sua existência. Reconhecer seu valor e suas inúmeras qualidades é tarefa simples e prazerosa, pois inteligência, coragem e amor são constantes em tudo que você realiza.
Amiga, você é muito, muito mais do que estas minhas simples, porém, sinceras palavras, você merece nosso aplauso pela dedicação e carinho demonstrados durante todos esses anos na liderança da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, a nossa valorosa AJEB.
Temos imenso orgulho, não só da sua convivência fraterna neste nosso grupo, mas, sobretudo, da sua contribuição, que sem dúvida alguma é sempre muito importante para o êxito de todas as entidades literárias a que você pertence.
Receba os parabéns de todos aqui presentes, por tudo que você já conquistou e por tudo que ainda irá conquistar. 
 Deus lhe abençoe.
MLUISA BOMFIM, 18/07/2014.

Os agradecimentos da Aniversariante



 FOTOS


A Família: Rafaela (neta) e as filhas Ana Paula e Rosinha


Giselda com a Presidente Nirvanda Medeiros


COM AMIGAS E AMIGOS


Maria Helena Macedo



Cláudio Queiroz


Hermínia Lima


Zenaide Marçal e Maria Luísa Bomfim


Conceição Seabra, Beatriz Alcântara, Rejane Noronha e Ednilo Soárez


Tereza Porto e Cybele Pontes


Ernando Uchoa Lima


Conceição Seabra e Euda Barbosa


Evan Bessa e Maria do Carmo Fontenelle


Sabrina e o pai Aldo Melo


Pereira de Albuquerque


Heliane Pimentel e Nirvanda Medeiros


Conceição Seabra, Nirvanda Medeiros e Lêda Maria


J. Udine e Fátima


Nirvanda e Pedro Jorge Medeiros - Presidente do Náutico Atlético Cearense


Alanna, Rafaela e Rosinha 


Ednilo Soárez e Rita de Cássia Araújo


Ajebianas e Ajebianos (1)


Ajebianas e ajebianos (2)


A aniversariante agradeceu aos amigos com um poema de Vinicius de Moraes, que se segue:


PROCURA-SE UM AMIGO
Vinicius de Moraes

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

                                                 ............................

“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida... mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre...” (Vinicius de Moraes).


Náutico Atlético Cearense - 18/7/2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

LILA XAVIER HOMENAGEIA GISELDA MEDEIROS COM SONETO DE VINICIUS



Soneto da maioridade

O Sol, que pelas ruas da cidade
Revela as marcas do viver humano
Sobre teu belo rosto soberano
Espalha apenas pura claridade.

Nasceste para o Sol; és mocidade
Em plena floração, fruto sem dano
Rosa que enfloresceu, ano por ano
Para uma esplêndida maioridade.

Ao Sol, que é pai do tempo, e nunca mente
Hoje se eleva a minha prece ardente:
Não permita ele nunca que se afoite

A vida em ti, que é sumo de alegria
De maneira que tarde muito a noite
Sobre a manhã radiosa do teu dia.

Vinicius de Moraes

Querida Giselda

....FELIZ ANIVERSÁRIO!!!! Saúde, paz e amor. MUITO amor! Bjs

domingo, 6 de julho de 2014

A TRAVESSIA - GISELDA MEDEIROS



A TRAVESSIA  

                  
                    Não sei onde deixei meu barco...
                   Na linha do horizonte, há teias que me confundem.
                   E há fuligem e pátina no cais onde me encontro.
                   Miro o oceano. Azul... Esmeralda...
                   Confundem-se em mim mar e firmamento,
                   dor e alegria, melancolia e excitação,
                   vontade de partir, desejos de ficar...
                   Mas, ir para onde?
                   Ficar, para quê?
                  
                   O vento tange uma ária de Bach...
                   e, dispersas pelo espaço azul,
                   as nuvens dançam seu balé aéreo.
                   O passado distingue Isolda, O Lago dos Cisnes...
                   Principio a esvoaçar com as etéreas bailarinas,
                   tão brancas e tão leves,
                   tão únicas e múltiplas... sem começo, meio e fim.
                   Ah... Saudade dos sonhos
                   enfiados nas sapatilhas róseas!
                   Saudade do brilho das finas saias,
                   rodopiando, rodopiando...
                   E a bailarina, então, se alçava,
                   quase levitando, livre, lépida, linda!...
                  
                   O vento me sacode...     A Realidade. A Travessia!       
                   Ao longe, um barco sobre espumas flutuantes...
                   De repente, nem rastro nem espuma...
                   Só a Travessia...

(do livro ÂNFORA DE SOL)