terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A CIGANA - SÉRGIO MACEDO






Cigana sem canto
Sereia de muitos leitos, (bancos de areia)
Espuma de muitos mares
Transita serena,
Transforma
Serena sereia
De verdes ( vermelhos) e profundos oceanos,
Na face.
Transporta labirintos que seriam
Simplesmente caminhos.
Caminhos exigem tráfego,
Pensas, ( e) logo, trans-itas,
Trans-gole
Trans-nós,
Num senão transformado
Ou recém destruído em seu cerne.

Um cesto com pedaços do universo
Foi-me dado.
Eu, deus de meus limites,
Respeitado o Deus do ilimitado,
Passo pelas pontes,
Escritas pela velocidade da passagem.
Não lerei escritas antigas.

Há rostos obtusos
Ou obscenos
Nessa guerra, há pausas e moças
Há tempo correndo atrás do passado e moças
Há moças de carne e osso e alma e espírito.
Que choram e sorriem e clamam e desesperam
E morrem.
A guerra do dia só soma, só soma.

MOTIVOS - III (para Dr. Martinho Rodrigues)



MOTIVOS - III
Giselda Medeiros


                            A vida é um barco de espantos... e sei
                            que nos damos a ele, muitas vezes, lépidos, fagueiros,
                            rios que somos de nós mesmos.
                            Gemendo tempestades, ensaiamos nossas memórias
                            imortalizando-nos no limo de nossas várzeas
                            ou a esperar o cio do luar.

                            Mas...
                            (como o mas é inevitável!)
                            ardemos em ventos de paixão e, eufóricos,
                            cantamos etéreas canções azuis
                            no cais de nossas ilhas emersas
                            do infinito mar por onde escorre o barco,
                            que nos levará ao porto da solidão.