terça-feira, 19 de outubro de 2010

DUAS ALMAS - Alceu Wamosy/RS


"Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
entra, e sob este teto, encontrarás carinho;
eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho!
Vives sozinha sempre e nunca foste amada...


A neve anda a branquear, lividamente, a estrada
e minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.


E amanhã quando a luz do sol doirar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!


Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha..."