domingo, 4 de julho de 2010

CONTEMPLAÇÃO

Acaso escutas um tropel insano,
que vai desvirginando as alvoradas,
e desce pelas tardes languescentes
até romper o útero da noite?!


Repara, olha, vê as alvas crinas
desse ginete posto em cavalgadas
indômitas e assaz apavorantes
diante de nós, humanos, e perplexos!


Pára um instante, sai de teu casulo,
contempla, tudo, tudo ao teu redor
como se fora tua última imagem.


Então compreenderás: é tão pequeno
e tão efêmero esse contemplar...
Por isso, sorve a vida inteiramente!

(De "Ânfora de Sol")