domingo, 23 de maio de 2010

DE MIM - Giselda Medeiros



Sou o que a vida me impõe:
auroras e crepúsculos,
mãos e adeuses,
altar e sacrifícios,
pegadas e caminhos.

Sou o atavio,
o assobio,
a carta que longe vai
em busca de um leitor.

Sou o sol dos que partiram
e não deixaram pegadas

Sou a solidão da espera
dos que jamais regressaram.

Sou esse adeus tatuado
no rosto dos que ficaram.

E sou o azul do teu olho,
maior do que o do oceano,
com o qual enxergas a vida
mais azul do que parece.

E isso me basta!


(Tempo das Esperas)