quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ESPAÇO VERMELHO - Giselda Medeiros


Há flores pelas estradas do amor.
E há névoas
e há folhas dispersas pelo ar intangível.
Há a mão dourada do sol
espantando medos
e acorrentando emoções.
E há a mão gélida da noite
pelos longes do infinito
com seus dedos espantados de amante
fotografando ilusões esquivas.
Há gritos e silêncios
mudos e gritantes
cortando a vermelhidão do prazer.
E há o hálito quente de Eros
derramando-se por entre gestos e ânsias,
mistérios e palavras,
ondulando,
enlouquecendo,
atraindo.

(Cantos Circunstanciais)

DA ROSA - Giselda Medeiros


Poema de beleza
e de cores
é a rosa,
que também é mulher,
muitas vezes mal amada,
mais cobiçada, menos querida,
mais forma que conteúdo.
Quem se importará
com a dor de ver-se arrancada
do seu verde ramo?
No entanto,
humilde e generosa,
de beleza maior se reveste:
quanto maior a violência
da mão hostil que contra ele investe,
em volúpias de prazer,
retribui em dobro,
perfumando a mão que a fez morrer.
(Transparências - Poemas e Trovas)